SCARS (FELIX)

Seven 🧭

Levei Chaewon até o quarto, a colocando na cama e subindo o apoio que tinha ao lado. Saindo de la depois de dar uma última olhada nela, fui até a sala da senhora Park. Dei algumas batidas na porta e após ouvir que podia entrar, adentrei a sala vendo o psicólogo Yang sentado.

- Desculpe atrapalhar, posso voltar outra hora.

- Boa tarde Hayoon, estávamos a sua espera. - Disse a senhora de cinquenta e seis anos. - Pode se sentar.

Olhei para ela sem entender e puxei uma cadeira para me sentar.

- O doutor Yang estava me passando a análise da pequena Chaewon, ele acha importante que você participe das sessões dela. Caso esteja disponível é claro.

- Para melhor evolução no quadro, preciso que alguém participe. Farei alguns exercícios de primeiro momento com ela e depois vamos para a parte mais delicada, Chaewon ainda está se sentindo muito acuada devido a repressão que lhe causaram. Vendo o que fez por ela de longe, posso dizer que tem algo muito pessoal envolvido. - Enquanto Yang falava eu ouvia atentamente.

Eu gostaria de ter tido essa chance quando passei por isso tudo...

- Já tem o planejamento das consultas? - Era tudo que eu precisava saber.

- Sim faremos de terça e quinta-feira, o tempo de sessão vai depender do desenvolvimento da paciente. Por isso preciso do seu apoio. Ela também vai passar a ter acompanhamento com o doutor Han Jisung, me disseram que ele é um ótimo pediatra. 

- Ele é sim, um ótimo pediatra. Vamos fazer isso. - Falei por fim.

- Bom, vou prosseguir com o acompanhamento das outras crianças. Com licença. - Jeongin se curvou e se retirou da sala.

- Bem senhora Park, preciso saber qual o número de crianças que querem ir ao nosso passeio na galeria do Senhor Hwang.

- Aproximadamente trinta, podemos fechar com ele dois grupos de quinze. O que acha? - Ela disse coçando o queixo pensativa.

- Acho ótimo, vou até a galeria essa semana e podemos organizar tudo agora que já temos o número de crianças. Vamos verificar transporte e alimentação também, muito obrigada. - Me levantei e me curvei mas, quando ia sair da sala parei ao ouvir o que ela disse.

- Sinto muito por hoje, sei que é difícil para você quando as crianças chegam aqui, assim como é para o restante de nós. Porém, nenhum de nós sabe qual o sentimento tão bem quanto você, que já passou por isso. Obrigada Hayoon, por tudo que fez pela pequena Chaewon. - Senti quando ela colocou a mão sobre meu ombro e deu um aperto amigável.

- Eu é quem deveria agradecer a ela, infelizmente para que eu entendesse algumas coisas precisei ver alguém que esteve na situação que eu estive. Vou acompanhar todas as sessões dela, infelizmente naquele tempo não tínhamos tantos voluntários quanto hoje. Se me der licença preciso resolver algumas coisas.

E com isso deixei a sala, indo a procura dos Minsung para avisar que eu já estava de saída. Os encontrei no jardim brincando com as crianças, fiquei observando a forma como cuidavam de cada uma delas... Eles seriam ótimos pais, não querendo atrapalhar apenas mandei uma mensagem para Jisung e fui aguardar o táxi.

Hayoon 💭

10:47 - Está na empresa?

Mingi 💭

10:47 - Sim, no nosso lugar ... Imaginei que ele faria isso.

Paramos em frente a Aurora Entreteniment, esse foi o nome que Mingi deu a sua empresa. Entrei e me identifiquei na recepção, indo diretamente para o terraço. Assim que cheguei lá, o vi sentado olhando para o céu.

- Estava por perto? Chegou rápido aqui. - Foi a primeira coisa que me disse. Seria uma conversa difícil.

- Sim estava no orfanato... - Observei seu corpo enrijecer. - Estou organizando um passeio para as crianças, junto com Han e Minho.

- Vocês vão precisar de alguma ajuda?

- Preciso ver o meio de transporte e comida,as demais coisas Hwang pediu que eu deixasse ele resolver.

- Hwang?

- Sim Hwang Hyunjin, dono da galeria que vou levar as crianças.

- Dono da maior galeria de Seul você quis dizer diga-se de passagem.

- Bom, acho que sim. - Falei dando uma risada sem graça.

- Esse não é aquele amigo do Han que gostava de você quando era mais novo, o pintor?

- Sim, é o pintor. Ainda não esqueceu essa história? - Falei sentando ao lado dele.

- O quadro na parede do seu quarto não me permite esquecer disso. - Ele estava rindo da minha cara, idiota.

- Eu gosto daquele quadro. - Falei dando de ombros para a provocação dele. - Mas, você sabe que não foi sobre isso que eu vim falar.

O senso de humor dele se foi naquele momento.

- Hongjoong nem deveria te mandar mensagem e sabe disso. - Disse Mingi com uma expressão nada agradável.

- Mingi, isso não é sobre ele. É sobre você, o que houve? Nos falamos praticamente todos os dias e realmente percebi que você esta mais quieto, agora imagina como fiquei quando seu irmão me mandou uma mensagem dizendo que você não esta bem e não quer se cuidar. - Eu estava ficando brava e isso não ajudava em nada.

Mingi desviou o olhar e ficou pensativo por alguns instantes, ele sabia que eu não ficava brava ou chateada com ele se não estivesse preocupada.

- Você se lembra que eu viajei a algumas semanas atrás?

-Sim eu me lembro...

- Tenho mantido contato com um detetive de outro estado para procurar meus pais biológicos, eu sabia que você não ia querer que eu fizesse isso mas... eu quero saber quem são e porque me abandonaram dessa forma. Sou grato a família Kim por ter me adotado, eu só preciso de respostas Hayoon. 

 Enquanto ele dizia isso eu podia sentir o peso dessas palavras e sempre soube que uma hora ou outra ele iria atrás dessas respostas.

- Mesmo que eu não quisesse, isso não é sobre o que eu quero Mingi. Eu só precisava que você tivesse me dito antes, eu poderia ter ajudado. Na verdade eu posso te ajudar, basta me dizer. - Claro que eu estava um pouco decepcionada, queria muito que ele tivesse vindo até mim antes de procurar qualquer outra pessoa. - Vou deixar o telefone de uma detetive particular com você, sei o quanto essa história mexe contigo... Desde que a empresa abriu nunca tirou alguns dias de folga, que tal fazer isso agora?

- Quer que eu volte a fazer as consultas não é? - Perguntou ele, se referindo ao psicólogo.

- Não posso te forçar querido, apenas preciso que se cuide. Dependendo do que descobrir isso vai te abalar ainda mais, quero que esteja ao menos um pouco preparado quando acontecer. Férias te fariam bem. - Me levantei, estava de saída.

- Então vou seguir seu conselho, começando agora. Que tal um jantar mais tarde? Vou passar o planejamento das minhas férias e quem ficará no comando da empresa enquanto eu não estiver. 

- Parece bom, não jantamos juntos a um tempo já que trabalhamos demais. E quem ficará no comando?

- Lalisa, quem mais poderia ser. - Ele disse rindo e então descemos do terraço.