Capítulo 26

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Raul insistiu no telefonema três vezes, até que foi atendido por uma Ludmilla indignada:

"Quem é o imbecil que está ligando a essa hora em um telefone comercial?"

— Oi, Ludmilla... Me desculpe por estar te ligando tão tarde. Sou eu, o Raul.

Um breve instante de silêncio se instalou e, então, foi possível escutar a jovem pigarrear do outro lado da linha e dizer:

"Raul? Nossa, mas... Por que está me ligando a essa hora?" perguntou Ludmilla, agora com uma voz doce.

— Eu estou com um problema e preciso falar com a Lorena... Você, por um acaso, teria o número dela?

"O pessoal, não. Tenho só o profissional, mas duvido muito que ela vá te atender agora. Mas você só pode resolver com ela  esse problema?"

— Sim, só com ela...

"É uma pena, senão eu poderia te ajudar."

Raul sorriu, corado, e perguntou:

— Você poderia me passar o telefone profissional dela mesmo assim?

"Poder, eu até posso, mas... Tem certeza que é só com ela?"

— Tenho, sim.

Ludmilla suspirou do outro lado da linha.

"Posso falar o número, então?"

— Hã... Só um minuto.

O jovem rapaz se voltou para o guarda e perguntou:

-Tem um papel e uma caneta para me emprestar?

O guarda, com pouca vontade, tirou uma caderneta do bolso e uma caneta, entregando tudo a Raul, que segurou o celular entre a orelha e o ombro, dizendo para Ludmilla:

— Sim, pode dizer.

"Nove, dois..."

— Nove, dois.

"Dezenove..."

— Dezenove.

"Vinte e seis, zero, meia."

— Vinte e seis, zero... Meia.

Raul segurou o celular com a mão esquerda novamente e agradeceu:

— Muito obrigado, Ludmilla.

"Tá me devendo, hein?"

O jovem rapaz riu, desconcertado.

— Te devo essa.

"Pode pagar saindo comigo..."

As palavras de Ludmilla pairaram no ar por alguns instantes, até que ela mesma riu do outro lado da linha, dizendo:

"Nossa, Raul! Que gelo foi esse?"

— Me desculpa, é que eu realmente preciso resolver esse problema aqui.

A jovem suspirou outra vez e exclamou:

"Tá bom!"

— Obrigado de novo e... Boa noite.

"Boa noite, Raul."

Ele finalizou a ligação e olhou de relance para o guarda, como se pedisse paciência pelo olhar. Então digitou o número que Ludmilla havia lhe passado e, novamente, caiu em uma infeliz sequência de tentativas frustrantes.

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Lorena já estava deitada quando sua cabeça começou a doer intensamente. Virou de um lado para o outro na cama, em uma vã tentativa de expulsar o incômodo, mas não houve jeito. Levantou-se, vestiu seu robe de seda e desceu para o primeiro andar da casa. Faria um chá.

O Malabarista - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora