Capítulo 42

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16 MESES DEPOIS

Lorena parou o carro em frente à escola primária onde Ícaro e Kevin estudavam e logo viu os dois garotinhos vindo correndo, cada qual com sua mochila de rodinhas. Então, feliz com aquela cena que já havia se tornado rotineira, a loira desceu do veículo e abriu a porta para que os dois entrassem, enquanto ela guardava suas mochilas.

— Como foi a aula? — Perguntou Lorena saindo com o carro enquanto olhava, ora ou outra, para o retrovisor interno.

— Chata — Ícaro murmurou colocando os pés sobre o banco.

— Filho, senta direito! Não faz nem três meses que eu troquei o couro desse banco.

Contra sua vontade, Ícaro fez o ordenado pela loira e ligou a televisão instalada no banco da frente.

— E você, Kevin? Gostou da aula?

— Eu gostei! — respondeu ele, sem esconder sua empolgação. — A tia mandou a gente escolher um livro na biblioteca para ler durante o final de semana e eu escolhi Dom Quixote.

Lorena ergueu as sobrancelhas e, quando olhou pelo retrovisor, viu Kevin tirando o livro de dentro da mochila.

— E você já começou a ler? — Perguntou a loira, admirada.

Os últimos meses foram bastante reveladores para Lorena, que descobriu, da melhor maneira possível, o quão inteligente e prodigioso Kevin era.

— Ainda não, mas vou começar hoje — ele respondeu, determinado.

— E você, Ícaro? Que livro escolheu?

O garoto, cujos cabelos loiros e cacheados estavam eriçados, apenas abriu sua mochila, da mesma maneira que Kevin havia feito, e tirou de lá um livrinho de figuras. Então Lorena riu ao ver aquilo pelo retrovisor. A diferença era grande entre os dois garotinhos, mas o seu amor era o mesmo. Cada qual com sua personalidade lhe enchia o peito de alegria.

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— Olha lá quem está chegando! — Gilda exclamou apontando para Lorena que acabava de descer do carro na garagem.

Beatriz, que segurava uma mamadeira rosa quase inteiramente vazia, ao ver a loira, estendeu-lhe os braços imediatamente, sendo logo recebida por Lorena, que deu-lhe um beijo na bochecha e disse à Gilda, que já estava pronta para ir embora:

— Ai, Gilda. Me desculpe! Eu me atrasei de novo. É que eu tive que passar numa farmácia ali, para comprar um remédio, e acabei te deixando aí, plantada.

— Não se preocupe com isso! — A mulher, sempre simpática, exclamou e beijou a mão de Beatriz. — Foi até bom porque aproveitei e já dei banho na Bia.

— Você deu banho nela?

— Dei.

— Gilda, você é um anjo. Eu vim pensando que ainda teria que fazer isso.

Lorena beijou a filha mais uma vez e abraçou Gilda, despedindo-se dela, que logo foi embora. Então, pensando em todas as coisas que ainda teria que fazer, a loira entrou em casa, encontrando Bernardo fazendo o que pareceu ser seu dever de casa na mesinha de centro da sala.

— E aí, Bê! Tudo bem, filho? — Lorena perguntou passando direto pela sala e indo até a cozinha, pois Beatriz, que já havia terminado de tomar a mamadeira, pedia por água.

Bernardo, que viu apenas o vulto da mãe, respondeu sem tirar a atenção do caderno:

— Tudo bem sim, mãe.

O Malabarista - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora