O Malabarista - Concluída

Capítulo 61

UM MÊS DEPOIS

— Amor — chamei por Raul, que caminhava na minha frente, observando atentamente cada um dos objetos que estavam expostos no museu.

Então, assim que ele se virou, tirei uma foto sua. Eu adorava fazer isto. Não à toa, o armazenamento do meu celular estava cheio.

— Nossa, que cara de mau — eu comentei, risonha, e o olhei, vendo-o com um semblante confuso.

— Hã?

— Quem te vê assim, até pensa que você é bravo.

— Do que você está falando? — Raul perguntou abrindo um pequeno sorriso que foi difícil de lidar.

Aproximei-me dele como uma criança que está prestes a mostrar o seu desenho rabiscado para um adulto e virei a tela do celular em sua direção.

— Olha a sua cara de bravo — falei, vendo-o observando a foto.

— É que eu estava distraído... — ele respondeu, coçando a nuca lindamente.

— Eu vi! Você nem iria perceber se alguém me sequestrasse. Eu sou uma dama indefesa, sabia? — brinquei, fazendo-o rir e dizer:

— Eu achei que você tava do meu lado.

Não consegui evitar o riso e dei-lhe um selinho.

— Vamos ter uma conversinha sobre a sua distração antes de termos um filho — brinquei outra vez.

— Acho que vou melhorar.

— Não, você vai piorar. Acredite em mim!

— Será?

— Você foca tanto na criança que esquece o resto. Uma vez, eu esqueci uma câmera em cima do carro quando o Bernardo era pequeno.

Raul riu e perguntou:

— Ela caiu quando você saiu com o carro?

— Se ela caiu? Ela não só caiu, como também eu passei por cima dela.

— Meu Deus... — Raul estava levemente vermelho por estar prendendo a risada.

— E eu só fui perceber quando cheguei no parque.

— Espera. Você passou por cima da câmera e nem percebeu?

— Não.

Raul riu mais ainda.

— Você ri, né? Mas espere só quando for a sua vez — falei, também rindo.

— Eu vou ser bem pior.

— Bem, desde que você não esqueça nosso filho... Porque eu nunca esqueci os meus filhos, mas já esqueci que não tinha levado eles.

— Hã? — Raul fez uma careta engraçada.