Capítulo 20

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Luís Fernando colocou Ícaro nos ombros e, tomando uma boa distância da piscina, saiu correndo e se jogou com o sobrinho nos braços, fazendo-o gargalhar.

Raul, vendo Kevin se aproximar da piscina como quem quer se jogar nela, chamou-o com voz paternal e disse:

— Cuidado, amigão.

— Eu tô de boia.

O garotinho ergueu os dois braços alegremente, mostrando as bóias.

Nem Kevin e nem Raul sabiam nadar. Apesar de que, para o jovem rapaz, aquilo parecia não fazer tanta diferença, pois com seus 1,88 de altura, a água da piscina atingiria, no máximo, o seu peito.

— Quer entrar, lindinho? — Luísa perguntou vendo Kevin na beira da piscina.

Ele olhou para Raul, como se buscasse por autorização, e, então, quando o viu assentir, voltou-se para Luísa e estendeu-lhe os braços.

— Não quer entrar também, Raul? — a mulher, que, assim como Lorena, possuía cabelos loiros e olhos claros, perguntou com simpatia enquanto segurava Kevin dentro da água.

— Não, obrigado — respondeu o jovem rapaz tentando sorrir.

Luísa assentiu, entendendo o lado de Raul, e, tão logo ela se afastou com Kevin, uma sombra se desenhou na frente do jovem rapaz que, erguendo o olhar, enxergou Cícero com um pano de prato nos ombros e um prato na mão.

—Carne?

— Não, obrigado — respondeu Raul com timidez.

— Pega, rapaz!

Raul sorriu disfarçadamente e apanhou duas rodelinhas de linguiça. Havia acabado de almoçar e estava satisfeito, mas não quis se desfazer de Cícero.

— Pega mais — o homem de cabelos negros e olhos verdes insistiu.

O jovem rapaz, sem saber como recusar, apanhou mais e, então, Cícero se afastou para servir os demais. E bastou que ele se afastasse para Raul ser rodeado pela dupla sempre valente de Poodles que queria lhe tomar as carnes.

Os cachorrinhos eram pequenos e inofensivos, mas bem insistentes, e a única maneira que Raul encontrou para escapar deles foi se levantar da espreguiçadeira onde estava sentado. Mas, ainda assim, Simba e Bidu continuaram a saltar em suas pernas, incansavelmente.

De repente, quando o jovem rapaz achou que não venceria aquele duelo com os cãezinhos, viu uma bolinha verde passar voando diante de seus olhos, ao que a dupla imbatível saiu correndo.

— Eles estavam te importunando? — Bernardo perguntou, se aproximando de Raul.

— Acho que eles queriam tomar as carnes de mim — respondeu o rapaz com certo ar de graça.

Bernardo riu baixo e se sentou na espreguiçadeira ao lado da que, antes, estava Raul, que se sentou novamente.

— Posso te fazer uma pergunta? — perguntou Bernardo enquanto esfregava uma mão na outra e olhava Raul contra o sol.

— Hã... Claro.

— Você tem pai?

Raul titubeou diante da pergunta, sempre lhe doía lembrar de seu pai, mas Bernardo não sabia.

— Infelizmente, não.

— Ele morreu?

— Sim, há alguns anos.

Bernardo ergueu as sobrancelhas, pensativo, e, então, fez uma nova pergunta, voltando seu olhar para Raul:

— Ele batia na sua mãe?

O Malabarista - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora