Capítulo 59

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Gilda colocou sua bolsa sobre os ombros e disse, cuidando para não esquecer nenhum detalhe:

— A salada está na geladeira. Viu, querida?

Lorena, que colocava a mesa, organizando os pratos e os copos da maneira que achava melhor, ergueu o olhar e sorriu, agradecendo:

— Obrigada, Gilda. Você me salvou! Tem certeza que não quer ficar?

— Eu até gostaria, mas meu filho está lá em casa com o meu neto e... Sabe como é, né? Amanhã, eles vão voltar para São Paulo e eu quero aproveitar ao máximo.

— Claro! Você está certa.

— Bem, então... Boa noite.

— Boa noite, Gilda. E obrigada mais uma vez.

A mulher, cujo sorriso quase nunca saía do rosto, tocou de leve o ombro de Lorena e, na sequência, deixou a casa. No mesmo instante, Ícaro entrou na sala de jantar com os cabelos desgrenhados e com os olhos fixos no iPad, onde jogava um joguinho qualquer.

— Filho, você ainda não tomou banho? - perguntou Lorena quando Ícaro se sentou em uma das cadeiras da enorme mesa de vidro.

— Já tomei — respondeu ele, sem desviar o olhar do jogo.

— Então por que está descabelado desse jeito?

— Eu fiquei com preguiça de pentear, mãe. Penteia pra mim? — Ícaro ergueu o rosto, ostentando um sorriso amarelo.

— Agora, eu não posso, filho. Estou correndo aqui pra ajeitar tudo. Além do mais, você já tem 9 anos, né? Não acha que está na hora de fazer isso sozinho.

— Mas é que eu não consigo, mãe! Meu cabelo tá muito duro.

Lorena riu e, aproximando-se do filho, puxou para trás a franjinha que caía sobre seus olhos e beijou-lhe a testa, perguntando logo em seguida:

— Se está tão difícil cuidar do seu cabelo, por que não o corta?

— Não! — Ícaro quase gritou, colocando as mãos sobre a cabeça.

Outra vez, Lorena riu. Por alguma razão, Ícaro tinha horror a ideia de cortar os cabelos.

— Você ia ficar lindo com a cabeça raspada — provocou Lorena com um sorriso brincalhão estampado no rosto.

— Para, mãe! — choramingou Ícaro.

— Mas é sério...

— PARA!

— Não grita — murmurou ela sem conseguir evitar o riso baixo.

— Mas foi você que começou.

— Tudo bem. Eu assumo. Me desculpa, tá?

Lorena beijou a testa do filho outra vez e acrescentou:

— Você fica lindo de qualquer jeito.

Quando ela saiu da sala de jantar, Ícaro passou uma mão pela testa, limpando o lugar onde Lorena o havia beijado. Não era de carícias.

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Kevin entrou na cozinha abraçado a duas garrafas de refrigerante, as quais deixou dentro da geladeira antes de sair praticamente correndo em busca de Ícaro, mas, logo à porta da cozinha, encontrou Lorena, que trazia Beatriz de uma soneca.

— Ei, tia! Eu já cheguei — disse Kevin, sempre alegre. — Cadê o Ícaro?

— Deve estar lá em cima — respondeu Lorena, achando graça da empolgação de Kevin que parecia inesgotável.

O Malabarista - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora