Capítulo 70

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UM MÊS DEPOIS

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UM MÊS DEPOIS

Pela primeira vez, passaríamos o Natal estando casados. Lori já ia pelo quarto mês de gestação e eu não poderia estar mais ansioso. Depois da descoberta dos gêmeos, tudo duplicou, inclusive o nosso amor. Mas eu sabia que, apesar da felicidade, ela estava cansada. Por isso, a ideia de passarmos as festividades de final de ano na praia foi minha. Normalmente, era ela que organizava tudo — voos, hospedagens, locação de carro, etc —, porém, pela primeira vez, eu precisei tomar a frente de tudo. Era admirável a sua capacidade de lidar com tantas coisas ao mesmo tempo. Quanto a mim, eu ainda estava aprendendo.

— Por que demorou? — Lorena perguntou assim que me viu retornar da locadora de automóveis.

— Eu esqueci de alugar o carro e não tem mais nenhum de oito lugares disponível.

Confessei em voz baixa, temendo o efeito que o meu esquecimento causaria. Pois, eram dez horas da noite, ainda estávamos no aeroporto e Lorena estava nitidamente exausta — eu sabia disso porque, quando cansada, ela ficava séria, o que não era muito comum.

— Você está brincando, Raul! — Lori exclamou.

— Eu achei que tinha feito a reserva, mas...

— E agora?

Aquela era a pergunta que eu temia. Olhei para os seus braços e vi Beatriz adormecida. Kevin e Ícaro, apesar de acordados, também pareciam exaustos. Minha avó certamente estava desejando um bom descanso. O único que parecia tranquilo era Bernardo, que estava distraído com o celular.

— Você olhou em outras locadoras? — Lorena perguntou, trazendo-me de volta à realidade.

— Olhei. Nenhuma tem — respondi com a consciência pesada.

Eu deveria ter anotado tudo que eu tinha que fazer, como Lorena aconselhou, mas quis confiar em minha mente, certo de que me lembraria de tudo. As coisas já não iam tão bem pelo fato de eu não ter conseguido comprar passagens para um voo mais cedo, por isso havíamos chegado tão tarde ao nosso destino — culpa de uma conexão longuíssima. E, agora, mais essa!

— O jeito vai ser alugarmos dois carros de cinco lugares — sugeri, inseguro.

Lorena suspirou, fazendo-me arrepender do meu esquecimento, e murmurou:

— É o jeito.

Ela estava irritada... Comigo.

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Dizem que não há nada ruim que não possa piorar. No meio do trajeto, a caminho da casa de praia que alugamos, uma tempestade nos alcançou. O trânsito de final de ano estava caótico e eu, inexperiente, me desdobrava em cinco para conseguir acompanhar Lori, que ia numa Ranger Rover na minha frente. Ela dirigia sem piedade, quase como se tivesse se esquecido de mim, que não conhecia nada do percurso.

O Malabarista - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora