Quando cheguei à esplanada, a Susan não estava sozinha. Sentados na nossa mesa, estavam o Kevin, o Ryan e o Noah. As duas raparigas já não estavam lá.
- Então, miúda nova? - cumprimentou sorridente o Ryan.
- Essa expressão incomoda-me - sorri.
Só havia um sofá vago. Entre a Susan e o Noah. Ela sorriu maliciosamente para mim. Era a vingança dela.
Sentei-me desconfortável, tentando ignorar o Noah.
- O que achas de irmos ao cinema Chloe? - perguntou o Kevin.
- Cinema? - perguntei.
- Sim, nós queremos ir ver uma estreia. É um filme de acção, não sei se gostam. Se nos despacharmos ainda apanhamos a sessão das 17.30h - explicou o Ryan.
- E agora que parece que o Noah assinou um tratado de paz contigo, parece-me uma boa ideia - provocou o Kevin.
- É só até segunda - murmurei eu, enquanto o Noah se mexeu desconfortável no lugar.
- Diz? - perguntou o Kevin.
- Nada. Parece-me uma boa ideia. De qualquer forma não tinha planos para esta tarde.
- Boa Chloe! - entusiasmou-se a Susan.
- Então, encontramo-nos no shopping? - perguntei.
- Não, vamos todos juntos. Somos cinco, cabemos todos no meu carro - respondeu o Noah, seco.
Pagamos a conta, e fomos até o carro do Noah. Ele carregou no botão para abrir o carro, e o Ryan, o Kevin e Susan correram para os bancos de trás.
Que raio estavam eles a tentar fazer? Eu não estava nada contente com esta situação.
- Entra, Cinderela - sussurrou o Noah, abrindo-me a porta.
O cheiro do perfume dele era hipnotizante.
Nervosa, entrei no carro, tentando manter uma postura indiferente.
Antes de arrancar, o Noah ligou o radio, enquanto os outros falavam animados lá atrás sobre a festa.
De repente, começa a dar aquela música.
Rather be
- If you gave me a chance I would take it. It's a shot in the dark but I'll make it
( Se me deres uma chance eu agarraria-a. É um tiro no escuro mas eu fazia-o)- o Noah cantarolava a música e depois desta frase, olhou para mim e deu-me um sorriso torto.
O meu coração disparou. Será que ele me estava a tentar dizer alguma coisa?Não sejas parva Chloe, é a letra da música, que estupidez - pensei e sacudi a cabeça para afastar estes pensamentos.
Chegámos ao shopping, e depois de alguma dificuldade em arranjar lugar, lá fomos até ao cinema. Os rapazes insistiram em oferecer os bilhetes, então eu e a Susan tratamos das pipocas e das bebidas.
- Então, Susan, o que o Kevin te disse? - perguntei, enquanto esperávamos pela nossa vez.
- Oh, ele é tão querido. Perguntou-me se eu estava bem, foi super atencioso comigo! Sabes o que é que ele me disse quando lhe pedi desculpa pela nódoa negra na testa?
- Riu? - perguntei eu em tom de brincadeira.
- Sim. E disse que foi uma forma original e querida de o fazer lembrar-se de mim - sorriu ela, corada.
- Oh, eu não te disse, tonta? - disse, dando-lhe uma cotovelada.
*
Os rapazes escolheram bons lugares. Ficámos sentados mesmo no centro do cinema, então tínhamos uma vista privilegiada para o grande ecrã.
Sentou-se o Ryan, o Kevin, a Susan, eu e o Noah. Pousei a minha cola no compartimento para os copos e preparei-me para assistir ao filme.
A Susan mastigava alegremente as pipocas enquanto dava risinhos com o Kevin. Fiquei muito feliz por ela, mas não há nada mais irritante que aquele barulho das pessoas a mastigar pipocas ao nosso lado.
- Vais querer pipocas? - perguntei ao Noah.
Ele fez que não com a cabeça, então passei o meu balde de pipocas até ao Ryan.
Passaram os trailers, que é uma das minhas partes preferidas no cinema. Iam estrear filmes muito bons!
Quando o filme começou, dei um gole na minha cola e voltei a pousa-la. Ia retirar a mão, quando senti o Noah pousar a mão dele por cima da minha. Gelei, mas tentei agir de forma natural.
Esperei um bocado, e olhei para ele. A fraca luz que estava naquela sala dava-lhe um ar misterioso. Ficava ainda mais bonito, se é que isso era possível. E o cheiro do perfume dele, ah. Nem me conseguia concentrar no filme. Deixei a minha mão imóvel, enquanto ele entrelaçou os dedos dele nos meus.
Quando o intervalo do filme chegou dei graças porque já tinha o braço completamente dormente. Assim que as luzes voltaram, o Noah retirou discretamente a mão da minha, e isso incomodou-me, não sei bem porquê.
- Olha, nós vamos buscar mais coca-cola. Vocês querem? - perguntou o Kevin.
- Não, obrigada - respondi.
- E eu vou à casa de banho. Juízo meninos - gozou o Ryan enquanto saía acompanhado do Kevin e da Susan, que naquele momento só tinha olhos para ele.
Ficámos só os dois, e a situação ficou um pouco incómoda.
- Noah.. - comecei.
- Sim? - o tom de voz dele era quase meigo.
- Porquê? - perguntei.
- Porquê o quê?
- Porque é que num dia nem és capaz de estar no mesmo espaço que eu e agora...
- Não compliques, Chloe. Dá-me tempo. Deixa-me tentar. Eu não fui justo contigo, tu não tens culpa. Mas esta situação não é fácil para mim - o olhar dele era tão sincero.
- Sabes que não estou a perceber nada do que me estás a tentar dizer não sabes?
- Sei. Mas dá-me tempo. Prometo que tudo vai ficar claro para ti - disse ele, e apertou a minha mão.
- Ok. Eu dou-te tempo - respondi com algo próximo de um sorriso.
Os outros chegaram, e desta vez o Noah não largou a minha mão.
*
- Então, gostaram do filme? - perguntou entusiasmado o Ryan quando saíamos do cinema.
- Hum...
- Sim, estava fixe.
- Foi giro Ryan.
- hum...
- Eu não acredito! Vocês não prestaram atenção nenhuma ao filme pois não? Argh, detesto fazer de vela - queixou-se.
- E se aproveitassemos e jantassemos todos por aqui? - desconversou a Susan.
- Boa ideia Susan - disse o Kevin, dando-lhe um aperto.
- Sim, também acho, acabei de me aperceber que ainda não comi nada hoje - respondi.
- Vamos ao McDonald's? - perguntou o Ryan.
- Excelente ideia! - respondi.
*
Depois de jantar, o Noah foi deixar o Kevin e o Ryan perto do Lotus, onde eles tinham deixado os carros. O Kevin ia levar a Susan a casa.
- Txau Chloe, depois mando mensagem! - disse ela sorridente enquanto saía do carro.
- Ainda te lembras onde moro? - perguntei.
- Tenho uma vaga ideia - respondeu o Noah.
Mas não seguiu o caminho para minha casa.
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Thank you. Chloe
RomanceChloe - Uma rapariga ruiva, inocente, feliz. A vida pregou-lhe várias partidas que ninguém deveria viver, mas ele estará sempre ao lado dela. Certo?