Capítulo XXX - Paul

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Não demorou muito até que voltasse a ver o Noah entrar pela janela.

- Chloe? - chamou - toma, veste este casaco, estás gelada. O teu braço continua a sangrar, temos de ir a um hospital, rápido.

Olhei para o meu braço.

Tinha um corte com mau aspecto, muito aberto, do ombro até ao cotovelo. No entanto, não sentia dor alguma.

O Noah rasgou um bocado de tecido da camisola que estava em cima da cama e atou-a à volta do meu braço. Vi-o vestir rapidamente uma camisola que estava caída no chão.

- Tens de sair daí amor. - pediu.

Saí devagar debaixo da secretária e dei-lhe a mão. Ele agarrou-me no ombro e ajudou-me a caminhar até à janela.

Saltou para o telhado e depois puxou-me para junto dele.

- Eu vou descer alguns degraus das escadas e tu vens logo a seguir a mim ok?

- Ok.

Fui descendo, o Noah logo abaixo de mim. O meu corpo continuava a tremer, não era fácil descer as escadas assim.

Quando finalmente toquei o chão, não podia acreditar no que estava a ver. Havia carros batidos na estrada, árvores tombadas e a república... estava destruída. Deixei-me cair sentada no chão.

- O Ryan? - perguntei.

- Eles estão todos bem. Conseguiram sair de casa a tempo. Anda - aproximou-se de mim, pegou-me ao colo e caminhou até ao carro dele, que estava intacto, assim como o meu, junto ao dele, deixando para trás a República, completamente destruída.

- Vai ficar tudo bem princesa - assegurou.

*

Não me recordo de ter adormecido. Quando abri os olhos, estava numa maca do hospital, rodeada pelo Ryan, a minha mãe e o Noah.

- Como estás filha? - ela estava com cara de quem estava há horas a chorar.

- Estou bem. A Susan? - perguntei.

- Está bem. Ela e o Kevin estavam no anfiteatro quando o sismo aconteceu. A maioria das casas aqui é antissismica. Não aconteceu nada para além de candeeiros caídos e jarros partidos na maioria das casas. A República é centenária e não tem obras há décadas. Por isso é que aconteceu aquele caos - explicou o Ryan.

- Que horas são? - perguntei, baralhada.

- Três e meia amor - respondeu o Noah.

- Mãe, o pai? Não devia ter chegado ás 15h? - perguntei, olhando para ela.

Os olhos dela encheram-se de lágrimas e ela fugiu dali para fora.

Sentei-me na maca, de olhos arregalados e olhei para o Noah

- O que é que aconteceu ao meu pai?!

*

- A menina devia ficar mais um tempo em observação. O seu braço já levou pontos mas ainda está sedada, entrou aqui em choque, devia repousar agora - explicou-me uma enfermeira.

- Não quero repousar. Eu tenho de sair daqui! - Gritei, arrancando a agulha que tinha no braço.

- Chloe, tem calma - pediu o Ryan.

- Deixem-me em paz! Eu preciso de saber o que aconteceu com o meu pai!

- Vamos levá-la daqui - sussurrou o Noah ao Ryan. Ele assentiu e ajudaram-me a sair da maca.

Saímos do hospital, eu ia na frente desesperada, olhando para todos os lados à procura da minha mãe. Quando saímos do edifício, ela estava sentada num banco, lavada em lágrimas, agarrada a um lenço de pano do meu pai.

Thank you. ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora