Capítulo XXXIII - Amber

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- Filha do Paul? Que brincadeira é esta Wilson? - gritou a minha mãe.

- O Paul deixou esta carta para ti e esta para a Chloe - levantou-se, entregando a cada uma um envelope - Ele nessa carta explica-vos tudo. É só isto que vos posso dizer.

- E quem é que vai gerir os meus 15% até eu fazer anos? - finalmente ouvi a voz daquela rapariga que andava há dois dias colada à minha avó. Falou num tom neutro, não consegui interpretar como se sentia.

- A senhora Smith - respondeu o advogado.

- O quê? A avó? Você sabia disto?! - estava de pé, incrédula.

- Claro que sabia. O meu Paul a mim não me escondia nada. A Amber merecia mais, é uma boa menina, com a cabeça no sítio. Tem a certeza que ele não lhe deixou mais nada? - perguntou ao advogado.

- Não senhora Smith, foi só.

- Como é que pode ser tão maldosa? - estava à frente dela, encarava-a nos olhos. Sentia uma raiva capaz de me fazer explodir.

- Maldoso foi o seu pai em não contemplar a Amber com a maior percentagem da empresa. Ela é mais madura, mais organizada, daria uma gestora muito melhor do que a Chloe! Você é muito cabeça no ar, não tem capacidade para gerir uma empresa deste calibre - desvalorizou-me de tal maneira que só me apeteceu expulsa-la dali.

- Você é uma velha desprezível! Saia daqui! - gritou-lhe a minha mãe, puxando-a pelo braço e arrastando-a até à porta.

- Não trate assim a minha avó - avisou num tom brusco a Amber.

- Olha, eu não te vou dizer nada porque não te conheço e ainda tenho a capacidade de não te odiar por não teres culpa. Mas isso pode mudar se não acompanhares a tua avó para bem longe daqui! - respondeu severamente a minha mãe.

- Nós vamos ficar por aqui uns tempos. Vamos ver-nos por aí. Adeus maninha - sorriu maliciosamente,por baixo daquele véu ridiculo.

Eu estava em choque. Tanta desilusão junta não podia ser real.

- Mãe? - chamei.

- Agora não, Chloe. Eu preciso de ficar sozinha - respondeu agressiva, agarrando no envelope e subindo as escadas.

- Pequena Chloe, eu lamento esta situação - disse o advogado, levantando-se em direcção à porta.

- Não tem culpa do que acabou de acontecer Wilson. Eu é que lamento que tenha de assistir a isto. Adeus - respondi, enquanto lhe abria a porta.

- Chloe? - o Noah estava à minha porta.

- Entra - respondi.

Sentei-me no sofá com a cabeça apoiada nos joelhos.

- O que aconteceu? Porque é que estás assim? - perguntou preocupado, ajoelhando-se à minha frente.

- O meu pai traiu a minha mãe, Noah - estava tão afectada que mal conseguia respirar.

Ele ficou calado por um momento.

- Quem era aquele homem que saiu daqui? - perguntou.

- Era o advogado do meu pai. Veio ler o testamento dele.

- E contou-vos isso? Não era preferível não ter dito nada? De que adianta fazer-vos sofrer mais?!

- A rapariga que estava com a minha avó ontem no funeral, Noah...

- Foi com ela que o teu pai traiu a tua mãe? Céus Chloe, eu não consegui ver a cara dela mas ela deve ter a nossa idade!

- Não. Ela é minha irmã Noah. É filha do meu pai. Filha dele! - frisei - Veio cá para ouvir o testamento. O meu pai deixou-lhe 15% da empresa dele.

- Uma filha? Mas quantos anos é que ela tem? O teu pai deixou-lhe parte da empresa? Isto é surreal.

- 21, pelas minhas contas - respondi.

- Então, mas pode ter acontecido antes dos teus pais se conhecerem, certo? Tu tens 19 certo? - perguntou, esperançoso.

- Noah, os meus pais casaram com 21 anos. A minha mãe tem 45. Faz as contas. Ele traiu-a. E logo no início do casamento. Que raiva! Que desilusão. O meu pai... ah, não! Por isso é que ele pediu à minha mãe para o perdoar, para que não me deixasse odiá-lo! Ele sabia que eu nunca ia aceitar isto! Como é que ele foi capaz de fazer isto à minha mãe, como?! - chorei, desesperada.

- Eu sei como te sentes. O meu pai também traiu a minha mãe.

- A sério? - perguntei, olhando para ele.

- Sim. Várias vezes até. Com mulheres diferentes. Até que um dia, se agarrou a uma e fugiu com ela daqui.

- Que horror Noah, porque é que nunca me contaste?

- Assuntos do passado. Não vale a pena remexer neles -respondeu calmamente.

- Mas a tua mãe sabia? Porque é que ela permitiu isso?!

- Porque o amava obsessivamente. Ela só o via a ele. Tudo tinha a ver com ele. Sempre teve.


Ficámos calados durante algum tempo. Olhei para a carta ao meu lado, no sofá.


- O meu pai deixou-me uma carta. Eu só quero rasgá-la. Nada do que ele tenha para dizer vai mudar o que sinto neste momento - disse cheia de raiva.

- Não faças isso Chloe. Guarda-a. Um dia podes mudar de ideias e querer saber o que ele tinha para te dizer - avisou-me.

- Ele estava certo - declarei.

- Em relação a quê?

- Eu odeio-o.

Thank you. ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora