- Filha do Paul? Que brincadeira é esta Wilson? - gritou a minha mãe.
- O Paul deixou esta carta para ti e esta para a Chloe - levantou-se, entregando a cada uma um envelope - Ele nessa carta explica-vos tudo. É só isto que vos posso dizer.
- E quem é que vai gerir os meus 15% até eu fazer anos? - finalmente ouvi a voz daquela rapariga que andava há dois dias colada à minha avó. Falou num tom neutro, não consegui interpretar como se sentia.
- A senhora Smith - respondeu o advogado.
- O quê? A avó? Você sabia disto?! - estava de pé, incrédula.
- Claro que sabia. O meu Paul a mim não me escondia nada. A Amber merecia mais, é uma boa menina, com a cabeça no sítio. Tem a certeza que ele não lhe deixou mais nada? - perguntou ao advogado.
- Não senhora Smith, foi só.
- Como é que pode ser tão maldosa? - estava à frente dela, encarava-a nos olhos. Sentia uma raiva capaz de me fazer explodir.
- Maldoso foi o seu pai em não contemplar a Amber com a maior percentagem da empresa. Ela é mais madura, mais organizada, daria uma gestora muito melhor do que a Chloe! Você é muito cabeça no ar, não tem capacidade para gerir uma empresa deste calibre - desvalorizou-me de tal maneira que só me apeteceu expulsa-la dali.
- Você é uma velha desprezível! Saia daqui! - gritou-lhe a minha mãe, puxando-a pelo braço e arrastando-a até à porta.
- Não trate assim a minha avó - avisou num tom brusco a Amber.
- Olha, eu não te vou dizer nada porque não te conheço e ainda tenho a capacidade de não te odiar por não teres culpa. Mas isso pode mudar se não acompanhares a tua avó para bem longe daqui! - respondeu severamente a minha mãe.
- Nós vamos ficar por aqui uns tempos. Vamos ver-nos por aí. Adeus maninha - sorriu maliciosamente,por baixo daquele véu ridiculo.
Eu estava em choque. Tanta desilusão junta não podia ser real.
- Mãe? - chamei.
- Agora não, Chloe. Eu preciso de ficar sozinha - respondeu agressiva, agarrando no envelope e subindo as escadas.
- Pequena Chloe, eu lamento esta situação - disse o advogado, levantando-se em direcção à porta.
- Não tem culpa do que acabou de acontecer Wilson. Eu é que lamento que tenha de assistir a isto. Adeus - respondi, enquanto lhe abria a porta.
- Chloe? - o Noah estava à minha porta.
- Entra - respondi.
Sentei-me no sofá com a cabeça apoiada nos joelhos.
- O que aconteceu? Porque é que estás assim? - perguntou preocupado, ajoelhando-se à minha frente.
- O meu pai traiu a minha mãe, Noah - estava tão afectada que mal conseguia respirar.
Ele ficou calado por um momento.
- Quem era aquele homem que saiu daqui? - perguntou.
- Era o advogado do meu pai. Veio ler o testamento dele.
- E contou-vos isso? Não era preferível não ter dito nada? De que adianta fazer-vos sofrer mais?!
- A rapariga que estava com a minha avó ontem no funeral, Noah...
- Foi com ela que o teu pai traiu a tua mãe? Céus Chloe, eu não consegui ver a cara dela mas ela deve ter a nossa idade!
- Não. Ela é minha irmã Noah. É filha do meu pai. Filha dele! - frisei - Veio cá para ouvir o testamento. O meu pai deixou-lhe 15% da empresa dele.
- Uma filha? Mas quantos anos é que ela tem? O teu pai deixou-lhe parte da empresa? Isto é surreal.
- 21, pelas minhas contas - respondi.
- Então, mas pode ter acontecido antes dos teus pais se conhecerem, certo? Tu tens 19 certo? - perguntou, esperançoso.
- Noah, os meus pais casaram com 21 anos. A minha mãe tem 45. Faz as contas. Ele traiu-a. E logo no início do casamento. Que raiva! Que desilusão. O meu pai... ah, não! Por isso é que ele pediu à minha mãe para o perdoar, para que não me deixasse odiá-lo! Ele sabia que eu nunca ia aceitar isto! Como é que ele foi capaz de fazer isto à minha mãe, como?! - chorei, desesperada.
- Eu sei como te sentes. O meu pai também traiu a minha mãe.
- A sério? - perguntei, olhando para ele.
- Sim. Várias vezes até. Com mulheres diferentes. Até que um dia, se agarrou a uma e fugiu com ela daqui.
- Que horror Noah, porque é que nunca me contaste?
- Assuntos do passado. Não vale a pena remexer neles -respondeu calmamente.
- Mas a tua mãe sabia? Porque é que ela permitiu isso?!
- Porque o amava obsessivamente. Ela só o via a ele. Tudo tinha a ver com ele. Sempre teve.
Ficámos calados durante algum tempo. Olhei para a carta ao meu lado, no sofá.
- O meu pai deixou-me uma carta. Eu só quero rasgá-la. Nada do que ele tenha para dizer vai mudar o que sinto neste momento - disse cheia de raiva.
- Não faças isso Chloe. Guarda-a. Um dia podes mudar de ideias e querer saber o que ele tinha para te dizer - avisou-me.
- Ele estava certo - declarei.
- Em relação a quê?
- Eu odeio-o.
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Thank you. Chloe
RomanceChloe - Uma rapariga ruiva, inocente, feliz. A vida pregou-lhe várias partidas que ninguém deveria viver, mas ele estará sempre ao lado dela. Certo?