Capítulo XXXV - Jovem Sedutora

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A expressão do Noah gelou.

Parecia que todos os músculos da cara dele estavam rígidos, como pedra. Não se moveu nem um milímetro.

- Então, amorzinho, ficaste assim tão feliz de me ver? - ela massajou-lhe o ombro sorrindo.

O Noah manteve-se imóvel e eu fiquei feita parva a assistir aquilo.

Agora que ela tinha tirado aquele véu ridículo, podia finalmente ver a cara dela. Tinha o cabelo longo, preto e liso. Tinha os lábios carnudos, como o meu pai. Os olhos negros, como os do meu pai. O sorriso expressivo, como o do meu pai. Ela era inacreditavelmente parecida com o meu pai. Inacreditavelmente parecida... comigo.

- Não pode ser... - murmurei.

Vestia uma saia demasiado curta, principalmente para pleno inverno. A camisola de lã tinha um decote abusado, e diguemos que, nos atributos, ela não era nada parecida comigo. O peito dela era enorme e parecia poder saltar daquele decote a qualquer momento. Calçava uns tacões com um salto tão fino que não entendia como conseguia caminhar.

Usava um batom vermelho que dava demasiado nas vistas e os olhos com uma maquilhagem tão pormenorizada que parecia ter sido maquilhada por uma profissional.

- Vais tirar as patas de cima do meu namorado? - finalmente consegui falar. O Noah parecia ter congelado.

- Oh meu querido Noah, namoras com a minha irmanzinha? Que fofinho, é porque somos parecidas não é? - ironizou ela, apertando-lhe a bochecha.

- Larga-me Amber - mal o conseguia ouvir.

- Amber? Tanta frieza amorzinho. Gostava mais quando me chamavas Amby ou aquelas coisas mais íntimas que me chamavas quando...

Num ápice, o Noah levantou-se, fazendo com que o pequeno sofá onde estava sentado caísse e agarrou agressivamente o braço dela.

- Desaparece daqui e nunca, nunca mais voltes a aproximar-te de mim ou da minha mãe! - berrou.

- Oh amorzinho, adoro quando és bruto comigo - ela estava a adorar aquela situação toda. E eu? Bem, eu estava furiosa.

- SAÍ DAQUI - empurrou-a com força, fazendo com que ela caísse no chão. Eu levantei-me e fui para o lado do Noah.

- Tem calma por favor - pedi.

Ele deu-me a mão e apertou-a com força. Tremia bastante.

A Amber levantou-se sorridente e olhou para as nossas mãos.

- Oh, tão fofinhos - gozou - Mas ela não me parece nada o teu género Noah.

- Não o ouviste? Sai daqui! - pedi-lhe, tentando manter a calma.

- Eu vou maninha, mas olha, deixa-me avisar-te. Ele até te pode dizer as coisas mais bonitas que alguma vez ouviste. Eu sei, ele tem jeito para isso. Mas nunca te vai desejar como me desejou a mim. Mas isso é lógico, basta olhar para ti. Até depois - piscou o olho e foi embora.

Aquelas palavras foram como lâminas a atravessarem o meu corpo. Olhei para o Noah. Continuava com um olhar perdido, vazio.

- Noah?

- Ela é tua irmã?

- Parece que sim.

- Agora tudo faz sentido.

- Sermos parecidas?

- Também. Mas eu sabia que conhecia o teu pai de algum lado. E agora já sei de onde. Ele vinha busca-la uma vez por mês, durante a semana. Eu não sabia que era o pai dela. Eu mal o via, ele esperava-a sempre dentro do carro.

Thank you. ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora