Capítulo XVII - Jantar

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Estava bastante nervosa naquela tarde.
A minha mãe decidiu que ia cozinhar e então ofereci-me para a ajudar.

- Achas que ele gosta de guisado? - perguntou ela, enquanto folheava um livro de receitas.

- Não, mãe, guisado não - ri.

- Então o que fazemos para o jantar?

- Deixa-me ver o livro - disse eu - Olha, fazemos antes isto!

- Bacalhau Espiritual? Eu nunca fiz isso! Não quero que o teu namorado pense que não sei cozinhar!

Não consegui evitar uma gargalhada perante esta afirmação.

- Mãe, o Noah não é esquisito. É homem, os homens gostam de tudo. Para além disso, se seguirmos a receita não há-de correr mal. Espero eu. Trata da sobremesa, eu faço o bacalhau.

Bzzz bzzz

O teu pai vai estar no jantar? Achas que vista um fato e uma gravata?

Ri-me.

Não, ele vai chegar tarde, diz que nos acompanha no café. Quanto ao fato, ia adorar ver isso!

*

- Chloe, estão a tocar à porta, deve ser ele, vai lá! - apressou-me a minha mãe.

- Ok, estou a ir!

- Espera! - gritou.

- O que foi mãe?!

- Estou bem? - perguntou, compondo o cabelo.

- Oh mãe, estás linda, que tonta! - sorri, enquanto me dirigia à porta.

Uau, o Noah estava deslumbrante. Tinha uma camisa preta, aberta dois botões em cima. Umas calças justas escuras, o cabelo despenteado com um efeito molhado, a barba por fazer e aquele sorriso torto que me fazia vibrar por dentro. Estava com as duas mãos atrás das costas, numa atitude muito formal.

- Estás lindo Noah! - sorri, dando-lhe um beijo amoroso.

- Sinto-me como se tivesse prestes a andar no carrossel mais perigoso de uma feira - murmurou ele.

- Respira, a minha mãe está mais nervosa do que tu, acredita. Por favor, diz-lhe que ela está bonita senão ela vai entrar em depressão - sussurrei.

Convidei-o a entrar e ele timidamente entrou.

Aproximou-se da minha mãe, sorriu e retirou as duas mãos de trás das costas e estendeu um ramo de orquídeas à minha mãe.

- Boa noite, sra. Evelyn. Ainda é mais bonita do que a Chloe tinha referido - céus, ele é tão atraente.

A minha mãe corou imenso e agarrou, derretida, o ramo de flores.

- Oh Noah, o prazer é todo meu! São lindas, obrigada! Que cavalheiro, Chloe - disse olhando para mim e mexendo as sobrancelhas.

- Dá-te por feliz, eu nunca tive a sorte de receber flores aqui do cavalheiro - ri.

- Vamos jantar? - perguntou a minha mãe, enquanto punha as flores numa jarra.

- Sim, eu não sei se gostam, mas trouxe um licor para bebermos depois de jantar - disse o Noah, entregando-me a garrafa.

- Obrigada amor - respondi, pousando a garrafa na mesa da sala.

- Amor? Já valeu a pena ter vindo - sussurrou ele no meu ouvido, arrepiando-me.

Fomos até à sala de jantar, o tabuleiro com o bacalhau já estava na mesa. Bom aspecto tinha, sem duvida. Restava saber se eu tinha mais dotes para a cozinha do que a minha mãe.

Thank you. ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora