Capítulo XV - < C N 3

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Parámos ao pé de uma casa bastante longe do parque.

O Noah fez-me sinal para que saísse com ele.

Segui-o, ele retirou umas chaves do bolso e abriu a porta.

Estavamos na casa dele.

- Tenta não fazer muito barulho - sussurrou ele para mim.

A casa era escura, silenciosa. As paredes tinham imensas fotos penduradas, mas a maioria tinha uma das caras riscadas ou rasgadas.

O Noah parou perto de uma porta, olhou para mim e abriu-a.

No quarto, estava uma senhora com um aspecto bastante frágil, deitada numa cama encostada a uma parede. Tinha cabelos negros, como os de Noah. Estava adormecida.

- Noah... - sussurrei.

Ele aproximou-se dela, ajoelhou-se e agarrou-lhe a mão, enquanto a olhava com os olhos mais tristes que alguma vez vi.

Aproximei-me dele, ajoelhei-me também e fiquei sossegada ao seu lado.

*

Não sei bem quanto tempo tinha passado, quando o Noah me fez sinal para que saíssemos. Segui-o e fomos ter à sala dele.

Era ampla, em tons cinza e brancos. Sentou-se no sofá e fez sinal para que também me sentasse.

- Aquela é a tua mãe, Noah? - perguntei.

- É. Eleanor - respondeu.

- O que é que ela tem? - perguntei a medo.

- Inicialmente, era uma depressão. Que com o passar do tempo se tornou crónica. Há cerca de um mês ela tentou suicidar-se, cheguei a casa depois de uma noite maravilhosa com uma rapariga que me fez acreditar que eu podia ser feliz novamente e... dei com ela deitada no chão do quarto, rodeada de pacotes de comprimidos vazios. Fui de imediato com ela para o hospital, onde a internaram e lhe fizeram uma lavagem ao estômago. Os médicos disseram que seria dificil salvá-la, que alguns orgãos tinham ficado bastante afectados com a medicação em excesso que ela tomou. Fiquei com ela o resto da noite e da manhã seguinte. Á tarde, fui ter a casa dessa rapariga. Vi-a entrar em casa com o pai. Percebi que ela estava bem e voltei para perto da Eleanor. E decidi que iria correr o mundo para que ela ficasse boa. Uns dias depois, quando ela teve alta, convenci-a a vir comigo à capital. Prometi que iamos ver... o Kane. Ela estava ansiosa. Mas não o iamos ver. Pelo menos ela não. Eu queria procurar um bom médico, um médico que a trouxesse de volta. Ficámos numa pousada, não tinha muitas condições, e no estado em que ela estava, não a queria deixar muito tempo sozinha. Encontrei um bom médico, mas as consultas eram caríssimas. Então fui tentar falar com o Kane, chamá-lo à razão. Eu sabia que ele estava a passar uma temporada na capital e fui até à empresa dele. Quando anunciei quem era, ele deixou-me entrar. Eu não consigo lidar com ele, entrei no escritório dele aos gritos, culpei-o do estado da minha mãe e aquele monstro só me olhava com um sorriso. Perdi a cabeça e atirei-me a ele. Aquele fraco de merda nem foi capaz de me enfrentar. Chamou uma data de seguranças que não hesitaram em me tirar de cima dele. Ele ainda se divertiu vendo-os baterem-me à frente dele. Acalmem lá o jovem, disse ele. Acabei por me vir embora. Fiquei com o contacto do médico, mas não me vai servir de muito. Mas aquele Kane, aquele cabrão. Ele vai pagar todo o mal que nos fez. Nem que eu morra a tentar, ele vai pagar - explicou, cheio de raiva.

- Mas quem é esse Kane, Noah? - perguntei, em choque.

- Esse Kane... é o meu pai - respondeu ele.

*

Saímos de casa dele, sem dizermos uma única palavra.

Eu não sabia o que dizer. Era tudo tão mau. Eu fui tão bruta com ele na sexta, ele chegou tão mal e eu nem quis ouvir. Ele precisava tanto de apoio e eu nem prestei atenção. Eu sou horrivel.

Thank you. ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora