Thank you. Chloe

Capítulo XIV - Explicações

Na segunda-feira, fui pela primeira vez para a universidade com o meu carro novo. Estava entusiasmada, até porque o fim-de-semana tinha corrido de forma calma, a noite do meu aniversário foi divertida, sem exageros e dramas. Estacionei o carro no estacionamento mais perto do edifício principal, visto que a minha primeira aula seria lá.

Não vi ninguém conhecido pelo caminho. Nem Susan, nem Kevin, nem Ryan e, felizmente, nem Noah.

Fui ao bar, pedi um café enquanto consultava o telemóvel.

Chloe, vou chegar um bocado atrasada, avisa a Dra. Sarah. Beijinho"

Sendo assim, fui sozinha para a aula. Quando cheguei à porta da sala, o Noah estava lá, sentado no chão, encostado à parede.

Virei costas e comecei a andar no sentido contrário à sala.

- Chloe! Chloe por favor, espera! - Suplicou ele, vindo na minha direcção.

- O que é que tu queres Noah? Não chega já o que fizeste? Prometes-me o mundo, desapareces durante semanas e agora chegas e queres que fique tudo bem?!

- Chloe, eu sei que estás magoada comigo. Mas dá-me uma oportunidade de me justificar! - pediu.

- Para quê? Para me falares por código, por meias palavras, omitires metade da história e eu não entender nada do que tu dizes? Noah, eu estou em época de exames, este curso é verdadeiramente importante para mim e eu preciso de me concentrar!

- Deixa-me falar contigo. Sem códigos sem omissões. Deixa-me ser sincero contigo. Por favor.

A verdade é que, agora que ele estava de volta, eu sentia-me melhor. Mesmo estando mal com ele, era bom poder olhar para ele novamente. As olheiras de sexta mantinham-se, o lábio continuava com um golpe feio no canto.

- Tudo bem. Falamos depois de almoço. A menos que tenhas aulas. Não quero que faltes mais, muito menos por minha causa. Pode ser? - perguntei, friamente.

- Eu também tenho tarde livre. Encontramo-nos no estacionamento? - perguntou.

- Ok - e segui para a sala.

*

Depois das aulas, passei no bar para comer qualquer coisa com a Susan.

- Então e estás a pensar em dar-lhe uma oportunidade? - perguntou a Susan, enquanto comíamos.

- Não sei, vamos ver. Depende muito da conversa dele, da atitude dele. Eu gosto mesmo dele, mais do que devia! Mas não quero sofrer mais. Nunca gostei de ninguém assim Susan! É forte, é intenso, consome-me por dentro. Penso demasiado nele. Só queria que ficasse tudo bem, mas sinceramente não confio nele - desabafei.

- Ouve o que ele tem para te dizer. Sabes, eu falei com o Kevin sobre a vossa situação. Ele explicou-me que nem ele nem o Ryan sabem muito sobre o Noah, mas que do pouco que sabem, ele diz que admira muito a resistência e a força dele. Por isso talvez ele tenha uma boa justificação para te dar. - explicou a Susan.

- Eu vou ouvir - respondi.

*

- Carro novo? - perguntou o Noah, quando nos encontrámos.

- Prenda dos meus pais. Vamos no teu ou no meu? - perguntei, seca.

- Vamos no meu - respondeu.

- E vamos onde? Se não te importas, não quero mesmo nada ir para o ultimo sítio onde me levaste.

- Vamos até ao parque do Lotus, pode ser?

- Tudo bem.

Fomos para o carro dele e ele conduziu até ao parque.
Saímos do carro e sentamo-nos num banco perto do lago.

- Pronto, estamos aqui e eu estou pronta para te ouvir. Podes começar por me explicar porque é que desapareceste? - Ironizei.

- Posso. Mas primeiro, deixa-me perguntar-te. Abriste o meu presente? - perguntou, receoso.

Nunca mais me lembrei. Ainda estava na minha mala.

- Não.

Ele ficou magoado, conseguia ver isso no seu olhar.

- Tudo bem, eu percebo. Chloe, a rapariga do meu passado que te falei...

- Outra vez essa história, Noah?! Essa rapariga vai estar sempre entre nós? Eu não tenho culpa que te tenhas apaixonado pela minha sósia sabes?!

- Ela destruiu a minha vida de uma maneira que tu nunca irias imaginar. Foi há dois anos e, dois anos depois, ainda estou a apanhar os cacos da destruição que ela deixou - ele contemplava as mãos enquanto falava.

- Vale a pena perguntar o que ela fez? - perguntei, sem paciência.

- Vamos embora - disse ele repentinamente.

- A sério? - respondi furiosa.

- Vem comigo. Eu vou mostrar-te porque é que estive ausente tanto tempo - disse ele, decidido, puxando-me pela mão até ao carro dele.