Capítulo XII - O teu dia

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- Bom dia filha mais linda do meu coração! - gritou a minha mãe, entrando alegremente no meu quarto e abrindo as cortinas.

- Hey! O que te deu mãe? Eu só tenho aulas à tarde! E que história é essa da filha mais linda? Que saiba sou a única também! - respondi, sentando-me na cama e protegendo os olhos da claridade com a mão.

- Como assim "o que é que te deu?" ? Chloe, hoje é o teu dia! Parabéns meu amor! - abraçou-me e encheu-me de beijos.

Era o meu aniversário. Eu nunca mais me tinha lembrado.

- Pois é! Tinha-me esquecido completamente. - respondi.

- Esquecido? Oh Chloe, pensei que já te sentias melhor. Andas tão deprimida, parte-me o coração ver-te assim - disse ela, acariciando o meu ombro, com um olhar piedoso.

- Oh, não ando nada mãe. Estou só a despedir-me das crises existenciais da adolescência - ri.

- Já devias ter feito isso há um ano atrás! - riu a minha mãe - são 19 anos Chloe! Ai a minha menina está tão crescida!

- Mãe, menos, a sério - ri - bom bom era não ir às aulas hoje

- Acho que não iria ser um problema - concordou a minha mãe.

- Oh, mas eu combinei com a Susan que ia ajudá-la com zoologia depois das aulas hoje! - lembrei-me.

- Hoje Chloe? Desmarca. Ou então aproveita e vai sair. Precisas de te distrair. Vá, despacha-te, encomendei duas pizzas e devem estar a chegar! - e saiu do quarto.

Bem, para mim era um alívio não ir para as aulas. Há mais de um mês que me arrasto para lá sem vontade. Tudo me lembra dele e então, pelo menos hoje, no meu dia, eu não vou ter de pensar nele. Não tanto, pelo menos.

- Olá Susan. Hoje não vou às aulas. Mas passo em tua casa ao fim do dia para te dar uma ajuda como te prometi! Beijo

Depois de mandar mensagem à Susan, fui até à janela ver como estava o tempo. Nada mau, para o mês de Novembro. O sol estava a brilhar num céu azul completamente limpo, sem nuvens. Não estava calor, mas estava agradável. O sol deixava-me bem disposta, e era mesmo isso que precisava!

*

- Bom dia princesa do pai - cumprimentou-me o meu pai enquanto eu descia as escadas.

- Pai? Por aqui? Mas hoje é sexta, não devias estar a trabalhar? - perguntei, espantada por o ver.

- Dever devia. Mas também devia estar presente no aniversário da minha filha, que me parece ser mais importante!

- Oh pai, obrigada! - corri até ele e abracei-o.

- Vá, vamos almoçar que depois temos muito que fazer! - apressou-nos a minha mãe, enquanto nos olhava com um sorriso.
*

- Chloe, sabes que fiquei orgulhoso por teres passado no exame de condução à primeira, certo? - perguntou o meu pai. Passeavamos os três pelo nosso jardim, até que ele se começou a dirigir ao portão e nós o seguimos.

- Sim. E acho que nunca te agradeci pela cunha, graças a ti demorei metade do tempo a tirar a carta. Obrigada pai! - agradeci.

- Não tens de agradecer filha. Eu não o faria se não tivesse perfeita noção das tuas capacidades. Então, agora que tens a carta, falta-te o essencial. O carro! - disse ele, parando ao pé do portão elétrico onde entram os carros para o jardim.

- Pai... - disse, nervosa.

Ele abriu o portão elétrico, e aos poucos, fui vendo o que estava do outro lado.

Oh meu Deus! Era um New Beatle cinzento, o carro que sempre quis!!

- Pai eu não acredito! É meu? - perguntei, em êxtase, enquanto corria para o carro e espreitava lá para dentro.

- Tens aqui as chaves. Agora, como agradecimento aos teus pais, vais levar-nos a passear - sorriu ele, esticando-me as chaves.

Entrámos todos dentro do carro, o meu pai ao meu lado.

- Para onde, meninos? - perguntei sorridente, enquanto ajustava o espelho.

- Surpreende-nos! - respondeu entusiasmada a minha mãe.

Assim fiz.

*

- Chloe, onde é que estamos? - perguntou a minha mãe.

- Venham comigo.

As memórias rasgavam o meu coração. Queria fazer isto sozinha, mas foi como se o meu corpo tivesse seguido o caminho sem eu ter pensado nisso. Nem tinha noção que tinha memorizado o caminho tão facilmente.

Chegámos ao largo rodeado de árvores e arbustos. Lá estava o banco. Lá estava a cidade toda. O cheiro das árvores, ô local onde estendemos a manta.

De dia, a paisagem continuava magnifica.

- É lindo Chloe! - disse o meu pai, enquanto agarrava a cintura da minha mãe, contemplando a vista.

- Foi algum namorado que te trouxe aqui Chloe? - perguntou a minha mãe, naquele tom.

- Foi o passado que me trouxe aqui - sussurrei.

Thank you. ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora