Faltavam apenas dois dias para a passagem de ano e ainda bem, porque morria de saudades do Noah. Fomos falando sempre que possível, mas não era a mesma coisa.
- Estou, Susan? Estou aborrecida. Vamos beber café?
- Sim, também estou, o Kevin está amuado comigo e eu não estou com paciência
- Hum. Já falamos. Vou passar em tua casa para te ir buscar.
*
Claro que fomos ao Lotus, era quase a nossa segunda casa.
Estava um sol de inverno, agradável, que nos permitia ficar na esplanada.
- Então, o que se passou com o Kevin? Vocês estavam tão bem.
- Ele amuou comigo porque lhe pedi para termos uma passagem de ano romântica, só os dois, e ele quer passar essa noite na festa da república. Então eu fiquei chateada e disse que por mim tudo bem, mas que ele ia dormir sozinho porque nessa noite eu não ia dormir lá. Agora não me fala, diz que sou infantil e não o entendo - explicou, chateada.
- Oh Susan, eu percebo. Tu tens esse lado romântico e é a vossa primeira passagem de ano juntos. Mas olha, eu também vou estar lá na república. Vai ser divertido. E o facto de começarem a festa com mais pessoas não significa que não podem acabar os dois sozinhos - sorri.
- Eu sei. Mas ele é um parvo insensível. Pelo menos estás lá tu, isso já me deixa mais bem disposta.
- Sim, o Noah só chega perto das 23h, mesmo em cima. Diz que vem logo ter connosco. A mãe dele ficou com a família, acho que vai passar lá mais uns dias.
- Então podemos ir juntas para a festa!
- Mas tu não vais com o Kevin?
- Não. Ele que espere lá por mim - respondeu, cruzando os braços.
- Ok, a mim parece-me bem. Relembrar velhos tempos - recordei.
- Sim, que belas recordações - riu a Susan.
- Olha, lá está aquela parva - comentei, enquanto via a Sally aproximar-se de nós, acompanhada pelo grupinho de raparigas irritantes dela.
- Também não a suporto. Nem a ela, nem às amigas dela. As típicas raparigas que se acham demais e quase que andam em câmara lenta. Pfff - bufou a Susan.
Ao passar por nós, fez sinal para as amigas entrarem no café e veio ao nosso encontro.
- Olá meninas - cumprimentou naquele tom insuportável dela.Eu e a Susan reviramos os olhos, nenhuma de nós respondeu.
- Então, o Noah já se cansou de ti? - riu, olhando para mim.
- Não testes a minha paciência, Sally - respondi.
- É provável que ele se canse em breve, já que ultimamente temos passado imenso tempo juntos. A ensaiar, sabes? - provocou.
- Vai-te embora, monte de vómito - disse a Susan.Ela estava a tirar-me do sério.
- Hum, mas pelo menos tens bom gosto Chloe. Ele beija mesmo bem.
Ok, eu sei que prometi ao Noah manter a calma. Eu sei que ele me pediu para não ter ciúmes. Eu sei que ele não quer saber dela para nada. Mas porra, ela estava a pedi-las e quando dei por mim, tinha a minha mão fechada a ir contra a cara dela.
- Chloe! - gritou surpreendida a Susan.Eu fiquei estática a pensar no que tinha acabado de acontecer. Aquela idiota estava com a mão na cara, a olhar com a boca toda aberta de espanto para mim. O lábio dela sangrava um bocado e inchava a olhos vistos.
- Tu... tu és uma selvagem! - guinchou.
- Pois sou. E ainda não viste nada. Bom ano para ti, Sally, tenho a certeza que para o ano, quando te olhares ao espelho, ainda te vais lembrar de mim - sorri, agarrando na mala e indo embora, seguida da Susan.
- Adeus princesa - gozou a Susan.
- Chloe, tu passaste-te! - riu-se a Susan quando chegámos ao meu carro.
- E não era para passar? Viste bem o que ela estava para ali a dizer? Só me apeteceu arrancar-lhe os cabelos, um por um! - disse, possessa.
- Tenho tanto orgulho em ser tua amiga! - disse ela, rindo e abraçando-se a mim.
- Não sei é se o Noah vai gostar de saber - murmurei.
- Ele não tem de saber. Tu não lhe vais dizer. Ela não vai ter o descaramento de lhe contar, porque teria de contar também o que te disse e isso só a deixava mal na fotografia.
- Esperemos.
*
- Boa noite família - cumprimentei, enquanto entrava em casa.
- Então Chloe, o Noah já chegou? - perguntou a minha mãe, deitada no sofá com a cabeça no colo do meu pai.
- Não, só chega depois de amanhã - respondi, deprimida.
- Onde é que vão passar a passagem de ano? - perguntou o meu pai, não tirando os olhos da série que estava a dar na TV.
- Na república de Teatro. E vocês? - respondi, sentando-me no outro sofá.
- Vamos passar num cruzeiro Chloe! - disse entusiasmada a minha mãe.
- Num cruzeiro?
- Sim, o teu pai comprou as passagens e fez-me uma surpresa!
- Não foi fácil. Comprei-as há três meses e mesmo assim tive de fazer alguns contactos porque estavam esgotados. Vamos amanhã e voltamos dia 2. - explicou o meu pai.
- Boa! Acho que fazem muito bem, que coisa tão romântica pai! - elogiei.
- Sim, também quero que seja especial porque ainda no dia 2 vou à capital apanhar um avião para Inglaterra e só volto dia 8. Vai ser uma viagem de negócios bastante cansativa, não estou com vontade nenhuma - anunciou o meu pai.
- Oh, então só nos voltamos a ver quando eu já não estiver de férias - lamentei.
- Momentos para estarmos todos juntos não vão faltar. Mais! Quando voltar, vamos àquele campo de desportos radicais perto do rio onde fomos pescar! O Noah também pode vir. Está prometido - respondeu, e eu acreditei.
O meu pai tem cumprido com o que disse. Estou muito orgulhosa dele. Adoro o meu pai, sei que ele também nos ama muito apesar da necessária ausência. É o melhor pai do mundo, o meu orgulho.
Bzzz bzzz
Tenho saudades tuas Cinderela. O tempo não quer passar quando não estamos juntos. Vai à rua e olha para a lua. Eu estou a fazer o mesmo. Assim, de alguma maneira, é como se estivéssemos a olhar um para o outro. Adoro-te.
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Thank you. Chloe
RomanceChloe - Uma rapariga ruiva, inocente, feliz. A vida pregou-lhe várias partidas que ninguém deveria viver, mas ele estará sempre ao lado dela. Certo?