Aula Extra

Capítulo 27 - O Resgate

— Você 'tá muito ansiosa... Sabe que sou eu quem vai morrer, né?

Não parava de andar de um lado para o outro, mordiscando a unha do dedão, os olhos azuis escuros me acompanhavam e um leve flash de preocupação brilhava neles.

— Cala a boca! Não precisa fazer essas piadinhas mórbidas Hirotaka — me virei irritada para cama onde o moreno estava sentado.

— Ué mas é verda-

— EU SEI DISSO! — gritei o interrompendo, ele levantou as mão se rendendo então suspirei e voltei a falar —  Já é noite e ninguém veio me buscar, além disso eu não quero que você morra... Será que eu consigo um acordo pela sua vida, tipo levar você 'pra minha casa e 'tals.

— Tipo um cachorrinho? Sou seu cachorrinho? — ele estava sério, realmente tentando compreender aquilo que eu falava, era engraçado como as vezes ele parecia uma criança não entendo conversas sérias.

— É, eu te adotei e vou te levar 'pra casa — debochei cruzando os braços.

— Ei... — ele suspirou se levantando e vindo em minha direção pegando levemente em meus braços me fazendo parar de circular pelo quarto — Você vai ficar bem, vai ficar com a sua família, não se preocupe comigo, não é como se minha vida valesse algo.

O rosto dele tentava transmitir calma, mas conseguia ver no fundo de seus olhos o medo transparecer. Ele começou um carinho constante em meus ombros me puxando devagar até seu peito. Soltei o ar que nem sabia que segurava olhando para porta enquanto o abraçava com pesar. Talvez hoje seria o dia em que nunca mais o veria, a única pessoa que se importou e cuidou de mim por todos esses anos.

— Own, que lindinhos... O último momento antes da morte, chega a ser emocionante — a voz de Chiyo foi escutada depois da porta pesada de ferro ser aberta com brutalidade, quatro capangas acompanhavam a velha — Levem o traidor para o meu escritório e Narumi, me siga.

Disse simplesmente e se virou para fora, olhei para meu companheiro de cela que deu um sorriso fraco me soltando depois de dar um beijo em minha cabeça, dois dos capangas pegaram o homem com força o arrastando para fora do quarto.

Olhei apreensiva para a porta, com medo de sair e ver o que aconteceria depois, então os capangas que sobraram me empurraram para fora, onde a senhora estava parada me encarando.

Ela suspirou e então seguiu pelo longo corredor, olhei para o lado oposto ao das celas e vi uma grande área vazia, me aproximei do encosto de madeira e observei o local intrigada e tentando memorizar o máximo que podia.

Eu estava no quarto andar de um local retangular de onde eu estava conseguia ver todo o interior do prédio e, consequentemente, todo esquema de guarda. Eram dois soldados por porta, no segundo andar neste momento os guardas trocavam de lugar com outros. O grande salão vazio era composto por apenas uma tapeçaria verde com vários detalhes em dourado, ergui meus olhos contando as portas do meu andar, haviam 22 celas, então por andar 66, já que o primeiro piso não possuía as salas pelo o que eu podia ver.

— Ande logo, Haruno.

A voz da senhora me fez arrepiar, sai de perto da beira e comecei a segui-la, ela parou em um elevador antigo protegido apenas por barras de ferro losangulares e apertou um botão o aguardando. Quando a caixa metálica chegou ao andar ela entrou, seguida de mim e um dos capangas, o outro ficou por lá para abrir e fechar as barras de ferro, que não eram automáticas.

Descemos todos os três lances dos quatro andares, chegando ao primeiro piso outro dos capangas abriu a jaula e nos seguiu. Assim como tinha visto antes, o primeiro andar não havia nem uma porta que ligasse a outro lugar a não ser a saída, o grande espaço possuía uma escada em espiral no canto esquerdo, além de uma recepção que parecia um lobby de hotel onde havia uma mulher muito arrumada, com os cabelos negros e olhos azuis intensos trajando um terninho champagne, acompanhada por três guardas.