Capítulo 3 - A aula de adivinhação

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Os dias de embarque para Hogwarts eram sempre corridos e marcados pela ansiedade de voltar para a escola e reencontrar amigos e professores. Eu, Harry e Rony embarcamos juntos, vindos do Caldeirão Furado, em que estávamos todos hospedados - nosso reencontro começou um pouco mais cedo, e eu me sentia muito feliz de estar mais uma vez na companhia dos meus amigos.

Conseguimos uma cabine por sorte, apesar de haver um homem dormindo nela - identifiquei pela bagagem que era o professor Lupin. Tentamos conversar sem falar muito alto para não acordá-lo (o que era difícil).

Harry havia acabado de saber que a fuga de Sirius Black de Azkaban tinha alguma relação com ele, de quem poderia vir atrás, o que era aflitivo - ainda que soubéssemos que Hogwarts era o local mais seguro para Harry se proteger de um eventual ataque. Por aqueles estranhos mecanismos que só quem já foi adolescente pode entender, no entanto, Harry parecia mais preocupado com o fato de não ter autorização para ir ao povoado de Hogsmead nas visitas a que os alunos do terceiro ano em diante tinham direito.

Conversávamos sobre isso quando a bruxa com o carrinho de comida chegou. Compramos alguns lanches, e os meninos, como sempre, compraram doces. Rony não conseguia resistir aos feijõezinhos de todos os sabores - era uma espécie de jogo com a sorte, uma roleta russa, em que você poderia saborear um pudim ou uma sola de sapato. Era demais pra mim, e eu passava minha vez sempre que ele me oferecia um. Rony colocou um feijãozinho na boca, prestando atenção no sabor, e disse:

- Mel! Finalmente uma coisa gostosa, pra variar!...

Na mesma hora, nossa atenção foi desviada para os risos no corredor. Draco Malfoy, acompanhado dos seus habituais colegas brutamontes Goyle e Crabbe, apareceu na porta da cabine provocando os garotos. Ainda bem que ele percebeu logo que não estávamos sozinhos e se afastou, levando seus trasgos com ele.

Ele não me notou nem me dirigiu nenhuma palavra, o que me deixou aliviada. Reparei que ele estava mais crescido e meio diferente, mais charmoso, não sei definir bem, mas procurei não ficar prestando muita atenção nisso. Fiquei orgulhosa por manter minhas emoções equilibradas na presença dele, e pensei que as férias tinham me feito bastante bem.

O ano, no entanto, já havia começado mostrando que não seria nada calmo, muito menos equilibrado. Harry estava ainda sob o impacto da notícia sobre Sirius, e a entrada dos dementadores no nosso vagão o abalou bastante: ele desmaiou. Foi muita sorte o professor Lupin estar conosco e ter conjurado um Patrono para nos proteger daqueles seres nefastos. Tudo que eu não precisava era cair em depressão de novo, e foi assustador como a mera presença dos dementadores na cabine começou a me tragar para uma tristeza profunda.

Fiquei preocupada com a reação de Harry, eu precisava ser forte para apoiá-lo. A notícia se espalhou, e Draco não perdeu a oportunidade de zombar de Harry pelo desmaio. Pensei comigo: cara Hermione, preste bem atenção nesse momento, grave-o na sua memória - esse é o desprezível Draco Malfoy, que não merece um segundo da sua atenção. Ignore-o.

Esse era o compromisso que assumi comigo, e nada me demoveria de mantê-lo. Além disso, esse ano seriam oferecidas muitas disciplinas que eu queria cursar. Era um grande desafio em que estava me colocando, mas eu sou movida a desafios, como uma autêntica grifinória. Queria estar no meu lugar preferido, que era a carteira de aluna em Hogwarts, com toda a dedicação que isso merecia. E tinha um plano ótimo.

Lendo um artigo sobre a professora McGonagall nas férias, soube que ela usara um Vira-Tempo em seus tempos de estudante para conciliar a frequência às disciplinas e treinos de quadribol - ela havia sido jogadora em sua época de escola. Fui conversar com ela e a convenci a me emprestar seu Vira-Tempo para eu poder assistir as aulas simultaneamente.

Wannabee | dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora