Capítulo 15 - Amordentia

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No embarque para Hogwarts, mais uma vez, iríamos nos separar no início, pois eu e Rony iríamos ao vagão dos monitores para a reunião inicial do ano. Procurava me convencer que encontrar Malfoy estava ficando mais fácil desde que eu melhorei e me senti mais segura. Ainda que esses episódios me abalassem, isso aconteceria cada vez menos.

Pensei no que havia conversado com Gina. Ela estava certa, namorar ia me fazer bem. Não um namoro a distância, com Krum, mas com alguém perto, de quem eu goste de estar junto - e pensei em Rony, que me seguia enquanto nos dirigíamos ao vagão de monitores.

Eu gostava muito de Rony, ainda que de uma forma diferente da que gostava de Draco, menos visceral, menos intensa. Draco era alguém com quem eu nunca iria ficar muito menos namorar, disso eu tinha certeza absoluta. Assim, precisava procurar uma saída, alguém que pudesse estar próximo, que fosse carinhoso comigo... Ah, você está certa, Gina, ter um namorado iria me fazer muito bem.

Andava absorta nesses pensamentos, mas precisava me concentrar e me preparar para a reunião em que enfrentaria Draco no vagão de monitores. Até me arrumei um pouco, de forma discreta - mais o cabelo, deixei-o mais liso e trançado de forma natural. Será que ele e Pansy iam ficar se acariciando, como da outra vez? Eu estranhei, pois não havia recebido ainda o sinal do Synchro - nenhuma abelha, nenhum mel. O que será que isso queria dizer?

Chegamos ao vagão, e nem Draco, nem Pansy estavam lá. Tania Wildsmith e Andrew Wallace agora eram os monitores-chefes. Eles apresentaram Terence Higgs e Dafne Greengrass, que seriam os monitores do sexto ano da Sonserina. Agradeci intimamente quando Ana Abbott, da Lufa-lufa, perguntou se Draco e Pansy não iriam continuar, já que não teria coragem para isso. Wildsmith informou que Draco pediu para sair e Pansy resolveu acompanhá-lo (o que não surpreendeu ninguém).

Eu conhecia Higgs e Greengrass apenas de vista nas aulas compartilhadas, e ambos me pareciam típicos alunos da Sonserina: um pouco arrogantes e condescendentes, mas pelo menos eram educados, e exerceriam suas tarefas de monitores de forma mais responsável do que Malfoy vinha fazendo - era o que eu esperava, pelo menos.

Ao retornarmos ao nosso vagão, encontrei Andressa Stone no corredor, vestida com o mesmo moletom com as abelhinhas com que a surpreendemos durante a ronda no ano passado. Ela nos cumprimentou rápido, bastante sem graça - aliás, quase nunca topei com ela após aquele episódio, e tenho certeza que ela mudava de caminho sempre que encontrava eu ou o Rony pela frente. Mas não importava, pois ela estava ali apenas para transmitir uma mensagem que ela mesma desconhecia.

Vi Malfoy com seus amigos no vagão da Sonserina quando passamos por lá, e Pansy estava ao lado dele (talvez por não ter tido ainda a chance de pular no seu colo). Ele fez um gesto obsceno para Rony e me ignorou.

Ao chegarmos no nosso vagão, Rony contou a Harry o encontro com Malfoy, e que estranhou o fato dele não ficar se exibindo ou intimidando os alunos do primeiro ano. Comentei que ser monitor era uma brincadeira que havia perdido a graça, ele deveria preferir os tempos da Brigada Inquisitorial. Mas parecia meio estranho essa desistência, não se encaixava no perfil de Malfoy.

Mais tarde, quando Harry nos contou sua incursão com a capa da invisibilidade no vagão da Sonserina, algumas coisas começaram a fazer sentido. Primeiro, o grau de animosidade entre os dois estava pior, apesar de Harry não notar nada especial. Para ele, Malfoy o odiava como sempre odiou, sem novidades.

Ele não deu nenhuma atenção particular ao fato de Malfoy ter pisado no seu rosto quando ele estava indefeso e quebrado seu nariz, mas isso me deixou enojada. Harry reagia como se fosse o resultado de um empurrão na disputa pelo pomo dourado. Talvez eu estivesse exagerando, já que não era nada que um Episkey bem aplicado não resolvesse, mas o fato me impressionou e entristeceu.

Wannabee | dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora