Capítulo 38 - Encontro com o Synchro

45 6 0
                                    

A cerimônia de passagem do cargo foi rápida. Meu mandato foi elogiado por Kingsley, que agora era um decano do Conselho Bruxo, e por Percy, meu sucessor. Agradeci a todos pela parceria, e desejei sucesso. Era estranho ver Harry ali, como um alto funcionário, enquanto eu saía livre, sem rota traçada, aguardando para ver em que direção o Universo me levaria.

Fui até minha antiga sala para terminar de guardar minhas coisas. Ethel me recebeu chorosa, e eu a consolei, dizendo que ela havia feito um ótimo trabalho, e tinha certeza de que faria o mesmo por Percy.

Meus livros já estavam encaixotados, e apenas acomodei o tesouro precioso na velha bolsinha enfeitiçada. Segurei a bolsinha enternecida, lembrando o quanto ela havia me acompanhado durante as diferentes fases da minha vida. Estávamos juntas mais uma vez, partindo para caminhos novos e desconhecidos, e não sentia medo, apenas uma ansiedade boa, como quando acordava na manhã de Natal e ia abrir os meus presentes.

Abri a gaveta para esvaziá-la, e encontrei a caixinha de veludo. Num impulso, abri o estojo e tirei o colar, vestindo-o. Não me lembrava de ter feito isso antes, seria como violar um símbolo sagrado. Mas agora parecia natural vesti-lo, como se estivesse colocando o relógio de pulso ao sair para trabalhar.

Olhei no espelho e fiquei admirando a composição. A blusa preta destacava meu colo e tinha o decote perfeito para emoldurar o colar, que ficava tão bem como se seu comprimento tivesse sido ajustado para mim pelo ourives. Meu cabelo solto emoldurava o conjunto.

Ouvi as batidas na porta, que estava entreaberta. Virei para ver quem era, e meus olhos se encontraram com os de Draco. Ele viu o colar imediatamente, e veio em minha direção. Não sei de quem foi a iniciativa, nós dois nos atiramos nos braços um do outro ao mesmo tempo, foi tudo muito rápido.

O beijo apaixonado foi uma lembrança de quanto tempo estávamos longe um do outro, e do quanto havíamos sentido falta de estarmos juntos. Os carinhos foram ficando mais intensos, e me descolei dele com dificuldade:

- Não podemos ficar aqui, Draco...

- Vamos pra minha casa.

- Na mansão Malfoy? Eu não sei... - Lembrei da única vez que estive lá, não era um lugar em que gostaria de ficar.

- Não, um lugar perto de lá, confie em mim.

Ofereci a ele o pó de Flu, e peguei um pouco, aguardando suas instruções.

- Diga: quero ir para a edícula de Draco na propriedade dos Malfoy.

Fiz exatamente como ele indicou. Saí pela lareira da sala clara e decorada com simplicidade, ainda que com extremo bom gosto. Ele veio logo em seguida, e não vi mais nada que não fosse Draco.

Passaram-se alguns dias, não tinha certeza de quantos. Via que a noite chegava e o dia amanhecia, mas não seguíamos o relógio das horas, nem do sol.

Aquela primeira opção que ofereci a Draco na Grécia estava se realizando. Passamos todo o tempo nos amando com intensidade, numa voracidade que eu desconhecia e não sabia que era capaz de sentir.

Nos intervalos, conversávamos sobre o passado, reconstituindo os detalhes de como cada um viveu o Synchro, e de como era a nossa vida, as particularidades que dão colorido a uma história longa como a nossa, mas que permaneciam desconhecidas por nós. Estávamos nos descobrindo.

Como, por exemplo, a inspiração que ele teve para escrever o cartão com a palavra "Wannabee". Ele não sabia explicar bem como foi, apenas que teve a intuição e a escreveu, pois eu saberia de quem era o presente ao ler o cartão e entenderia como ele se sentia - que não havia desistido de mim, e sempre permaneceria desejando que ficássemos juntos, por mais inábil que ele fosse para conseguir isso. Era a definição perfeita.

Wannabee | dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora