Pela manhã, eu tinha apenas a aula de Feitiços para assistir, e achei que seria o momento ideal para programar o Vira-Tempo de forma que eu pudesse dedicar esse período a estudar. Isso me daria três horas na biblioteca, o que parecia ser o suficiente.
Esclarecendo o futuro não era um mau livro, mas era muito superficial, por ser introdutório. Nos apontamentos que eu estava listando para pesquisar na biblioteca, anotei que deveria procurar algum trabalho mais denso de Amelia Honey, a autora, e pesquisar também suas referências. Duvidava que Prevendo o imprevisível: proteja-se contra choques e Bolas rachadas: quando a sorte se transforma em azar pudessem ajudar. Eram livros populares e mais superficiais ainda, e eu estava buscando algo mais consistente e acadêmico.
Eu não tinha como levar a xícara para a biblioteca. Se eu a mantivesse na mochila e olhasse de vez em quando isso poderia ser visto como uma atitude suspeita, que chamaria a atenção. Gelava com a simples ideia de que alguém pudesse me ver com a xícara.
A solução que encontrei foi reproduzir o desenho o melhor possível com uma pena pictográfica em um pergaminho, assim poderia levá-lo dentro de um livro. O resultado ficou bastante bom, parecendo uma espécie de planeta - se alguém encontrasse, jamais saberia que era uma xícara de chá vista de cima.
O desenho da abelha era bem nítido, mas quando copiei a xícara fui percebendo outras formas, como um tipo de banqueta ou cadeira sem encosto, e uma espécie de círculo com uma cruz interna. Escondi a xícara no meu malão, aplicando pelo menos três feitiços de desilusão para que ela não fosse descoberta, e ela ficou bem protegida, quase como uma Horcrux.
As três horas passaram em um instante, e foi a contragosto que saí da biblioteca, pois já estava quase perdendo o horário de almoço. Fiz várias anotações e encontrei boas referências - sem dúvida, a biblioteca de Hogwarts tinha um ótimo acervo sobre Magia Antiga, o que eu não havia notado antes. Eu teria que voltar.
Fiz meus deveres correndo, mas só consegui terminar às sete da noite, e queria pegar a biblioteca aberta para concluir minhas pesquisas. Folheando o Dicionário hermético de Aldebaran Megistus e o livro Magia Antiga: a arte primordial, resolvi admitir que não conseguiria ler dezenas de obras de referência em um dia. Estava na hora de invocar a Hermione objetiva, e foi o que fiz, separando os textos mais informativos para meu objetivo de pesquisa, que era interpretar a xícara.
O desenho do pequeno planeta estava na minha frente, no centro da mesa, rodeado de livros e anotações. Pensei que poderia recortar as bordas do pergaminho, assim não teria a tentação de olhá-lo sempre da mesma perspectiva, já que era importante girá-lo para melhor interpretar as figuras.
Concluí que era um cuidado desnecessário, e me recriminei por isso: eu estava procrastinando, procurando ganhar tempo antes de analisar as muitas anotações que eu já havia feito. Minha praticidade venceu, e comecei a fazer uma síntese dos achados mais importantes.
A abelha tem um simbolismo muito antigo, e é bem presente na história das artes divinatórias. O mel tem um papel importante nas tradições celtas, pois está na base da fabricação do hidromel, que tem uma origem milenar, inicialmente vinculado com a cura tanto física quanto espiritual.
Na tradição celta a abelha é uma mensageira divina, e quando aparece é portadora de mensagens importantes e poderosas. A abelha também é um inseto que vive em coletividade, portanto é uma característica de uma pessoa que se dedica ao bem da comunidade, como um professor ou um governante, não o fazendo em busca de posições de destaque, mas para servir ao bem comum.
Tudo isso é muito interessante mas - Hermione Granger, seja sincera: o que despertou seu interesse foi a questão amorosa. Vamos a ela.
A abelha é um dos símbolos da Deusa e do Sagrado Feminino. Era um assunto muito profundo, com vários livros sobre ele na biblioteca. Fiquei surpresa ao constatar que eu não sabia quase nada sobre isso.
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Wannabee | dramione
FanfictionHermione Granger chegou a um momento decisivo: ela, que sempre foi tão racional, está diante de uma escolha que vai mudar tudo o que conhece e considera seguro. Ela decidiu escrever uma carta em que revela outra trama que se desenvolveu de forma par...