Capítulo 13 - A invasão do Ministério

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Minha amizade com Firenze permaneceu desconhecida para as pessoas até muito depois da minha saída de Hogwarts, incluindo Harry, Rony e mesmo Gina. Firenze sabia o quanto era difícil para mim admitir meu interesse pela Magia Antiga, e não estava interessado em fazer com que eu reconhecesse isso publicamente, era o tipo de coisa mundana que ele desprezava. Eu continuava estudando Astrologia em segredo, e ouvia atentamente quando os garotos falavam das previsões dos centauros sobre a guerra que viria.

Também segui rigorosamente os encantamentos que Firenze me passou. Na Lua Cheia de Sagitário fiz o ritual com as ervas e feitiços indicados. Não fui à floresta, pois seria perigoso, mas fiquei na Torre de Astronomia, que estava totalmente banhada pela luz da Lua naquela noite. No dia seguinte, despejei as cinzas resultantes do ritual no pequeno córrego atrás da cabana de Hagrid.

Depois desse dia, comecei a me sentir muito melhor do ponto de vista afetivo. Já fazia algum tempo que eu não me encontrava com Malfoy, exceto nas aulas, de forma distante. Isso não estava me incomodando, muito pelo contrário. Sentia que ajudava no meu processo de cura interna, de cicatrização. Meu coração estava mais calmo.

De Hogwarts, porém, não se poderia dizer o mesmo. A Armada foi descoberta, e Dumbledore teve que sair da escola, não sem antes admitir toda a culpa sobre a conspiração - que nunca ficou comprovada, para desespero de Umbridge. Ela assumiu interinamente o cargo de diretora.

Na saída da aula de herbologia, Ernesto Macmillan parou Harry para saber detalhes da história do desaparecimento de Dumbledore da sua própria sala, que já era de conhecimento da escola toda, apesar da censura. Contou que soube que Umbridge teve um ataque quando não conseguiu entrar na sala de Dumbledore por desconhecer a senha. Rimos, e ele nos ofereceu uns doces. Li no saquinho que eram da Dedosdemel, e estremeci levemente. Respondi que ela provavelmente ficou se imaginando sentada na mesa de Dumbledore, e completei dizendo que ela era uma velha burra, presunçosa e ávida de poder.

Ouvi a voz de Malfoy me repreendendo e dizendo que iria tirar pontos da Grifinória. Acompanhado de Crabbe e Goyle, contou que agora integravam um grupo de alunos chamado Brigada Inquisitorial, que foram escolhidos a dedo pela nova diretora e que poderiam descontar pontos dos outros alunos. Sem se intimidar, descontou pontos de todos nós, e teve especial prazer em dizer que ia descontar mais dez pontos de mim por eu ser uma sangue ruim, pelo que tive que segurar Rony.

Malfoy não se dirigia diretamente a mim desde o dia da ronda no corredor, e por mais que ele tivesse me tratado da forma rude de sempre, não me senti abalada. Observei sua forma de me atacar, e achei que ele parecia interpretar um papel no qual ele mesmo não acreditava. O ritual de Firenze me fez bem de verdade.

Pela primeira vez, tive a intuição de que o fato de eu ser uma sangue ruim poderia incomodar Malfoy não só pelos seus preconceitos, mas porque, de alguma forma, ele se sentia atraído por mim. Lembrei da noite da quadrilha no baile de inverno, dos olhares intensos que trocamos sem palavras no corredor, no trem e no dia da ronda.

Tive a intuição clara de que ele devia se sentir atraído por mim também, e não compreendia por que isso acontecia, nem o que significava essa atração, assim como eu. Isso devia incomodá-lo profundamente, e a forma com que ele conseguia lidar com esse sentimento era me machucando, para me neutralizar de alguma forma.

Fiquei espantada com esses pensamentos - nunca havia raciocinado com tanta clareza sobre o assunto e visto nossa relação de uma perspectiva tão abrangente e nítida. Sentia que alguma coisa em mim havia mudado. Era como se eu pudesse pensar de forma objetiva sobre o Synchro, o que eu não havia conseguido até ali, por mais que tentasse.

Essa tranquilidade foi muito bem vinda - afinal, os exames estavam se aproximando. Eu os esperava como se fosse reencontrar minha natureza mais íntima e meu papel mais confortável: Hermione, aluna de Hogwarts.

Wannabee | dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora