Abri os olhos devagar, a consciência aos poucos voltando, e com ela as memórias da noite passada. Draco estava ao meu lado e ressonava, ainda com o braço sob meu pescoço, e a mão envolvendo minha cintura. Olhei bem para ele, como se quisesse ter a certeza de que não estava mesmo sonhando.
O dia estava claro, e pensei que não teria compromisso até a hora do almoço. Poderíamos continuar a conversar... ou talvez ficar com a opção número um. Eu só queria que o mundo lá fora desaparecesse e que pudesse ficar com Draco.
Comecei a levantar tentando não acordá-lo, precisava ir ao banheiro. Ele despertou com meu movimento.
- Bom dia, Granger... Não tente fugir, é inútil.
- Sim, Malfoy, eu sei. Só vou até o banheiro, depois serei sua por quanto tempo você quiser.
Ele se apoiou no braço e ergueu a cabeça, me olhando de um jeito malicioso. Eu levantei meio cambaleando, e não vi mais nada. Tudo ficou preto, e desmaiei quando bati a cabeça no chão.
Quando acordei, ele estava vestido com a calça e a camisa meio aberta, sentado ao meu lado na cama, e havia uma enfermeira no quarto. Estava sério e apreensivo. A enfermeira estava cuidando do galo que havia na minha testa, que já estava quase desaparecendo. Draco ajudou a levantar meu travesseiro para que eu bebesse a poção que ela me oferecia, o que fiz sem reclamar do gosto, pois estava me sentindo um pouco fraca, ainda.
- Você acha que ela vai ficar bem? É alguma coisa mais séria? - Draco perguntou. Havia preocupação em sua voz.
- Vai sim, não se preocupem. É um sintoma normal, sua esposa está grávida.
- Não é possível. Eu não... - gaguejei.
A lembrança do meu último encontro com Rony atravessou minha mente com a velocidade de uma maldição imperdoável. Não planejado, como uma armadilha do destino. O Fatum brincava comigo e com Draco como duas peças de um jogo perverso.
A enfermeira continuava me olhando, sorrindo, e não estava preparada para a minha expressão de desespero. Virei-me para o lado e comecei a chorar em posição fetal. Ela não sabia o que fazer, acariciava meus cabelos e murmurava que eu podia estar com um pouco de medo, mas tudo ia dar certo, e eu só chorava mais alto, o corpo sacudido pelos soluços.
Draco estava lívido, e disse à enfermeira que era melhor ela sair, ele ia conversar comigo e a chamaria, se fosse necessário. Ela acatou, e recomendou que eu tomasse a poção de hora em hora durante o dia, pois iria me sentir melhor.
Draco se deitou ao meu lado, acariciando meus cabelos. Ele parecia tão desolado quanto eu.
- Eu pensei... eu desejei... que a gente pudesse ficar... - Os soluços me sacudiam, não conseguia completar.
- Granger, eu... se você quiser, se você vier comigo... eu enfrento tudo, eu assumo seu filho, eu...
- Draco, você não vê? É o Synchro, nós não podemos ficar juntos...
Como se fosse a deixa em uma peça teatral, ouvimos baterem na porta. Era um elfo mensageiro, trazendo um recado para Draco. Ele leu, e a sua expressão era de alguém derrotado.
- É Astoria, Granger. Ela não está bem. Ela está doente, por uma maldição de sangue. Quando Scorpio nasceu ela piorou muito, e agora está mal mais uma vez.
- Vá pra casa, Draco. É o que devemos fazer, é isso o que o Universo quer de nós. Ainda não foi dessa vez, Draco... - E voltei a soluçar, escondendo o rosto no travesseiro. Chegaria nossa vez, algum dia?
- E como eu vou deixar você assim, Granger? Eu não posso, não vou.
- Chama a Hutton... ela vai me ajudar. Ela é... eu sou uma iniciada nos Mistérios de Elêusis, Draco. Ninguém sabe, nem minha família, nem meus amigos. Você é a primeira pessoa para quem eu conto, e sei que você é capaz de entender e guardar segredo. Você está vendo minha descida ao inferno, meu amor... mas eu vou renascer, vou sobreviver, confie em mim. E você, como você está?
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Wannabee | dramione
FanfictionHermione Granger chegou a um momento decisivo: ela, que sempre foi tão racional, está diante de uma escolha que vai mudar tudo o que conhece e considera seguro. Ela decidiu escrever uma carta em que revela outra trama que se desenvolveu de forma par...