Capítulo 16 - O sonho

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O namoro de Rony foi um período difícil para mim. Primeiro, porque ele não agiu da forma como eu esperava, ele deveria namorar comigo e não com Lilá. Depois, porque isso quebrou o equilíbrio da nossa amizade com Harry, que agora tinha que se dividir entre duas pessoas que não se falavam, mais uma vez.

Nossa amizade passava pelo teste do primeiro namoro de um de nós - pelo menos, a tentativa de Harry com Cho ou meu lance com Krum não nos afastaram da mesma forma, e isso era a comprovação empírica de que nada mais seria como antes, como nos tempos em que nós três nos bastávamos contra o mundo.

Mas o que me machucava mesmo era que o resgate afetivo que planejei não deu certo. Ainda continuava refém dos meus sentimentos por Draco e mais sozinha do que nunca. Precisava que alguém me ajudasse, me salvasse desse turbilhão, e havia depositado em Rony a minha esperança, que foi miseravelmente frustrada.

Mais uma vez, me sentia desequilibrada e fragilizada. Não suportava as brincadeiras de Rony. Teve um dia que cheguei a sair chorando da sala de aula. Detestava vê-lo com Lilá, com sua voz melosa chamando-o de Uon-uon, era intragável. Precisava procurar Firenze e pedir ajuda, talvez um novo encantamento de ervas, mesmo que estivesse envergonhada por isso, imaginava que Firenze ia me achar fraca. Mas nunca consegui encontrá-lo na escola, parecia que tudo agia contra mim.

Também não encontrava muito Draco, exceto na aula de Poções, a que ele faltou uma ou duas vezes. Nunca o via no refeitório, e mesmo os rumores sobre a sua vida afetiva haviam cessado. Ninguém comentava mais as conquistas de Draco Malfoy, nem mesmo Gina. Ao observá-lo nas aulas, achei que ele parecia doente. Estava mais magro e mais triste, e a ausência daquele sorriso irônico era como um sintoma de algo grave.

Não sabia o que pensar, e o que poderia estar acontecendo com ele. É provável que estivesse relacionado à prisão do seu pai. Até a hipótese de que ele fosse um Comensal da Morte, por mais absurda que fosse, considerei. Mas, se fosse assim, ele não deveria estar se exibindo, como lhe era característico? Voldemort estava ganhando terreno, e isso seria motivo para ele contar vantagens. Mas, ao contrário, ele parecia mais mortificado a cada dia.

A festa de Natal do professor Slughorn estava se aproximando. Era mais um lembrete dos meus planos fracassados, uma vez que pretendia ir com Rony. Não queria ir sozinha, seria muita humilhação, e senti falta das vomitilhas ou qualquer produto dos gêmeos que pudesse me adoecer o suficiente para ter uma boa desculpa para não ir.

McLaggen veio me perguntar alguma coisa bem na hora em que estava pensando nisso. Já havia reparado que ele ficava me rondando, talvez estivesse mesmo interessado em mim. Estava tão desesperada que o convidei para ir comigo à festa do clube do Slugue, num impulso.

Ele ficou me olhando entre surpreso e espantado, talvez imaginando como havia conseguido isso tão facilmente. Aceitou e se despediu de mim com um beijo no rosto mais demorado do que o normal, piscando para mim com um ar convencido, ao que respondi com um sorriso amarelo.

Agora era tarde para me arrepender, e resolvi ganhar alguma coisa com isso, fazendo com que Rony ficasse sabendo. Ele não fez nada, parecia não ter se importado, diferente de Lilá e Parvati, que ficaram me enchendo de perguntas idiotas. Me senti merecedora do desprezo de Rony por ter sido tão impulsiva e tola.

No dia da festa, coloquei meu vestido novo, que havia comprado naquele dia em que encontramos Draco na loja de Madame Malkin. Isso marcou o vestido como se fosse um buraco feito pela ponta quente de uma varinha: a lembrança daquele dia surgia imediatamente quando o olhava.

Será que não tenho direito a ter um vestido de festa que não esteja associado a Draco Malfoy, perguntei-me, com tristeza. Esse humor combinava com minhas expectativas para a festa. O melhor que poderia acontecer era que a festa fosse curta e que McLaggen não tentasse me beijar nem nada do gênero.

Wannabee | dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora