Wannabee | dramione

Capítulo 33 - Dezenove anos depois

Meu beautiful, beautiful boy Hugo nasceu em julho, para alegria de Rony e toda a família. Eu agora tinha um menino e uma menina, exatamente como planejei, ainda que por caminhos intrincados.

Os filhos são a magia mais potente do mundo: eles tomam a nossa vida, que passa a girar em torno de suas necessidades. É um amor impossível de descrever em palavras.

Sempre me vi no papel de mãe, e adorava fazer tudo o que se relacionasse às crianças, mesmo com uma vida profissional cada vez mais exigente. Isso nunca foi um grande problema, pois sempre fui uma pessoa extremamente organizada, e tinha toda a rotina profissional e familiar sob controle.

Rony se encaixava quase sempre bem nessa rotina, e era o pai ideal: sempre presente junto às crianças, de uma forma responsável e amorosa. Nunca precisei lembrá-lo de um compromisso com os filhos ou recomendar nada a ele, exceto talvez que não os mimasse demais.

Tanto Rosa como Hugo tinham a disposição mais extrovertida do pai, e adoravam ir à Gemialidades e jogar quadribol. Mas Rosa herdou também meus traços competitivos e era boa aluna, como eu, desde o jardim de infância. Hugo era mais distraído, com temperamento artístico e brincalhão, como o pai.

Gina continuava a trabalhar como correspondente esportiva do Profeta Diário, e foi uma festa quando conseguiu ingressos para toda a família ir à Copa Mundial de Quadribol na Patagônia, em 2014. Rosa estava com oito anos e Hugo com cinco, iam aproveitar muito o passeio, além de saberem mais sobre quadribol do que eu entenderia em toda a minha vida.

Em uma conversa numa noite de pizza na casa de Gina e Harry, ele disse que havia encontrado Draco Malfoy no Ministério e comentado que iríamos à copa. Segundo ele, Draco costumava ir à copa também, mas não iria esse ano, pois havia perdido seu pai há alguns meses e sua esposa não estava muito bem de saúde.

Harry achou Draco abatido, e comentou conosco sobre os boatos que corriam, segundo os quais ele havia feito algum tipo de pacto para sua esposa engravidar, e que seu filho na verdade seria filho de Voldemort.

Diante da minha cara de espanto, Harry explicou que o rumor corrente era que Lúcio e Draco tivessem usado um Vira-Tempo para mandar Astoria ao passado e conceber um filho de Voldemort.

Não consegui me conter, exclamando que era um absurdo. Harry concordou, mas disse que isso estava consumindo Draco, pelo menos é o que parecia. Lembrei a ele o quanto a comunidade bruxa pode ser cruel, como Harry sabia bem.

A conversa ficou séria de repente, não esperava isso. Por sorte, Rony mudou de assunto - ele, aliás, não gostava de falar sobre Draco, e mantinha a mesma antipatia em relação a ele dos tempos da escola, diferente de Harry, que cultivava com Draco uma relação mais amigável.

Era curioso que Harry e Draco se encontrassem algumas vezes no Ministério, o mesmo lugar que eu frequentava todos os dias há anos, e nunca sequer havia visto Draco por ali. Mas eu sabia o motivo, e afastei esses pensamentos, tocando os lábios discretamente duas vezes.

Não sei se era a melhor forma de lidar com o problema, mas havia conseguido guardar o sentimento por Draco bem fundo, e não lembrava quando foi a última vez que chorei por ele. Pensava em Draco de uma forma resignada, como uma loucura de juventude que havia ficado para trás, e me perguntava se havia parado de amá-lo.

Ainda assim, continuava a pegar a caixinha do colar com alguma frequência, e às vezes a deixava em meu colo, segura na mão esquerda enquanto a direita escrevia.

Nossa viagem à Patagônia para a Copa de Quadribol foi um sucesso, a trupe Potter e Granger-Weasley reunida, e as crianças se divertiram muito.

Ao mesmo tempo em que eu e Rony fazíamos tudo pelas crianças, percebia como essa tarefa era envolvente, não deixando espaço para mais nada, principalmente no meu casamento. Eu não podia fazer uma planilha para a minha relação com Rony: com que frequência conversar, sair com os amigos, transar. Era um limite para mim, transformaria minha relação em algo muito artificial. Ou talvez não estivesse muito empenhada, e deixava a vida estabelecer seu ritmo próprio.