Capítulo 3: Acabando com os direitos a liberdade

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Melissa Castro

— Isso é alguma brincadeira? — Perguntei sem acreditar no que estava acontecendo. Por mais que tentasse acreditar ser tudo um engano, as algemas geladas me diziam o oposto. O olhar do delegado parecia estar imerso em culpa como se pedisse desculpas pelo comportamento desprezível deles. Se eu não tivesse encontrado a Elina, ninguém saberia onde a jovem estava, ou melhor, onde o seu corpo foi jogado. Bufei ao encostar na cadeira, revirando os olhos para a incrível capacidade deles em distorcerem a verdade.

Eu era uma jornalista! Minha obrigação era com a verdade.

Eu não estava errada em comunicar as pessoas a verdade sobre o caso.

— Você deveria me soltar. O que acha que vão dizer sobre essa delegacia? " A jornalista que encontrou o corpo de Elina Falcon é presa injustamente". Obviamente sua carreira vai acabar. — Tentei ameaça-lo sem qualquer vergonha na cara. Tudo o que queria era tirar aquelas algemas.

­­ — A ordem foi de um superior. — O delegado Nogueira disse tentando soar amigável. — O agente federal a frente do caso quer interroga-la, apenas isso.

— Agente federal? — Senti que finalmente as coisas poderiam ser maiores do que imaginei. — Qual o nome dele?

— Agente especial Gonzalez, FBI. — Respondeu parecendo sincero.

— E qual o motivo da presença dele? Admito que a morte dela foi estranha, mas isso é suficiente para mobilizar o FBI? Lembro que Falcon é o nome de um governador. É isso? — Pisquei com um sorriso no rosto diante do olhar desconfortável do delegado. Sabia! O único motivo para haver uma mobilização nacional pela morte de uma jovem era por causa de sua família. Ninguém se importava se era filha de alguém, se era feliz ou se alguém a amava. No final das contas, o poder prevalecia tudo. — Diga a ele que estou esperando para fazer uma exclusiva. — Disse sem me importar com o olhar chocado de Nogueira. O fato de ter crescido naquela cidade não iria influenciar em meu pensamento critico e na minha profissão.

****

Gonzalez

Pisquei, sorrindo para o legista. O homem relativamente parecido com o jovem na recepção. Ambos possuíam um estranho senso estético e pareciam amar pintar o cabelo com cores estranhas. Bem, eles eram bem exóticos, e eu apreciava a coragem deles, afinal para colorir o cabelo de azul neon precisava de muita motivação. Em meus anos como policial, eram raras às vezes em que algo me pegava de surpresa e essa família havia conseguido. Como seriam os pais dele? Adoradores de cabelos rosa neon?

— Ouvi falar de você. — O legista disse criando uma intimidade inexistente entre nós. Gostava de pessoas assim. Pessoas que inventavam uma amizade apenas para diminuir a distancia.

— Espero que coisas boas. Acabei de chegar à cidade.

— Bem, sim. — Ele pareceu envergonhado. A pequena cidade parecia ter sua própria rede social e minha popularidade não deveria ser alta. Meu chefe iria gostar de participar. Deveria pedir o link para eles? — De qualquer forma, imagino que esteja aqui pelo laudo. — Concordei apressadamente. Por mais que gostasse de faltar ao trabalho e conversar, sabia sobre meu pouco tempo para resolver o caso e quanto mais rápido acabasse, mais rápido retornaria para meu trabalho administrativo. — A causa da morte foi estrangulamento. Mas enviei o sangue dela para exame toxicológico, deve receber o resultado em alguns dias. Encontrei marcas de agulha em seu braço e na mão. Ela parece ter sido sedada ou algo assim durante o tempo desaparecida. O curioso é que apesar de ter sido estrangulada, encontrei muitos hematomas em seu corpo. Ela apanhou bastante.

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora