Melissa
Na faculdade de jornalismo sempre havia um ditado: onde há um agente federal, logo será o lugar do caos. Para os jornalistas, agentes federais representavam o desespero da policia local em solucionar o problema assim como o desespero. E sua aparição estava conectada a grandes casos, além de grandes interesses e pessoas poderosas. O fato de Elina Falcon ser a sobrinha do governador do Texas apenas deve ter dado mais um motivo para a presença de Gonzalez.
Gonzalez não estava na cidade apenas por Elina, mas pelo governador. E isso era suficiente para mostrar o quão bom era e o quão competente conseguia ser. Apenas um agente com resultados concretos e recentes seria enviado para um caso tão confuso.
A estimada sobrinha do governador conservador desaparece e seu corpo é encontrado por uma jornalista em uma estranha posição. Nada na vida da jovem parece ser normal, fazendo com que a imaginação das pessoas floresça. O governador deve ser odiado por alguém muito poderoso ou tem muita má sorte.
Olhei para minhas anotações quase vazias, franzindo a testa, recostando na poltrona confortável do hotel. Não tinha ideia de como me aproximar do detetive federal para fazê-lo confiar em mim e assim obter as informações que eu queria.
Apenas o seduza.
Essa frase continuava em minha mente como uma tentação criada pelo demônio. A verdade é que não seria a primeira pessoa e nem a ultima a tentar algo tão sem vergonha para conseguir minha matéria, afinal os fins justificavam os meios. Passei a língua pelos meus lábios, sentindo falta de uma boa cerveja gelada.
Mas antes que pudesse ter a chance de buscar uma, meu celular tocou. Suspirei cansada ao pegar sem reconhecer o numero que ligava.
— Melissa Castro falando. — Disse tentando não soar tanto desesperada ou cansada, mas minha respiração estagnou quando escutei a voz distorcida do outro lado.
— Ela foi à primeira... ou a quinta? Perdi as contas, mas não será a ultima.
A pessoa falou antes de desligar. Fiquei parada, segurando o celular ainda tentando entender a merda que tinha acontecido.
— O assassino tem meu numero?
Falei incrédula ao levantar da poltrona, trancar a porta do quarto e seguir para a janela. Não havia ninguém na rua e nem mesmo um som baixo podia ser escutado. Que porra estava acontecendo nessa maldita cidade?
Isso nem parecia mais um caso de assassinato e sim de alguma maldição.
— Cidade de merda. — Resmunguei antes de sorrir. Limpei a garganta e liguei para delegacia com a voz mais desesperada possível. Se o assassino queria ser noticia precisaria ser nos meus termos. Nada iria me fazer perder a matéria da minha vida.
***
Gonzalez
Acordar no meio da noite era uma das coisas que mais odiava em meu trabalho, mas infelizmente não podia fazer nada sobre isso. Precisava acabar tudo rápido para voltar e rezar para que meu lugar administrativo estivesse esperando por mim. Meu desejo era muito simples: ar condicionado e uma mesa. Apenas isso.
Mas meu chefe achava muito complicado me satisfazer. Bufei ao bagunçar os cabelos e enfiar um pirulito na boca. Curiosamente, o endereço da Melissa ficava próximo ao meu. E quando cheguei senti estar em um circo.
Viaturas com luzes ligadas, policiais parados ansiosos e alguns jornalistas tirando fotos de não sei que merda. Talvez da fachada do hotel ou dos policiais parados sem nada pra fazer. Seria uma longa noite.
Mostrei meu distintivo mesmo sabendo que todos os policiais da cidade me conheciam e segui para o hotel de aparência simples. Não havia ninguém na recepção e facilmente alcancei o terceiro andar.
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Dinastia - Livro 2 de Império
Mistério / Suspense**** AVISOS*** A historia contém cenas desconfortáveis relacionadas a morte, tortura e feminicidio. É a história do detetive que aparece em Império, um tipo de continuação. A morte da jovem pianista, Elina Falcon, sobrinha do governador, foi o únic...