Capítulo 36: Reviravolta?

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Gonzalez

Uma tragédia familiar pode ser considerada como muitas coisas, mas como poderia me referir a algo tão absurdo que aconteceu como isso?

Uma irmã obcecada pela sua própria irmã e isso levou a morte de uma delas. Se contasse para alguém, não saberia dizer se poderiam ter imaginação suficiente para chegar a alguma conclusão ou motivação do crime. E continuar tentando conectar os detalhes do monólogo de Fernando com as informações obtidas era como tentar encaixar peças em quebra-cabeças diferentes; sem qualquer resultado ou alegria em completar o jogo.

Depois de Fernando sair da delegacia, acompanhado pelo seu advogado, comecei a tentar entender qual era o problema dessa merda de cidade.

Edna tinha se aproximado de Clarice e a levou para o clube privado. O governador frequentava. Edna deveria saber. Por algum motivo, Elina acabou morta e Edna desapareceu em seguida. Não havia testemunhas para nenhum dos casos.

Precisava entender como tudo isso se conectava aos crimes. Se o assassino tivesse ligação com o clube poderia entender se Edna fosse a vítima, mas por qual motivo foi atrás de Elina?

— Ei, o que você acha que aconteceu com Elina? — perguntei a Alisson ao encará-la. Durante o interrogatório de Fernando, ela permaneceu quieta em sua mesa como se estivesse fugindo. Ou algo tinha acontecido? Merda de cidade pequena. Bati na mesa com meu indicador diante de seu silêncio, e finalmente a vi me encarar.

— Não faço ideia. Apesar de odiar a família Falcon, não consigo imaginar algo tão perverso em uma irmã ser culpada pelo assassinato da outra. Elas sempre pareceram serem próximas.

— Edna tem tendências estranhas. Não duvidaria se estivesse relacionada ao assassinato de Elina, mas não consegui identificar o motivo e como isso se relaciona com a morte de Clarice. Nunca ouviu falar dela? Clarice.

Alisson negou após pensar durante um tempo. Talvez devesse investigar mais moradores com quem Elina tinha tido contato.

— Faça uma lista de pessoas que tenham tido contato com Elina e Edna durante o último ano. A pessoa precisa ter tido contato com as duas.

Eu iria resolver esse caso.

Essa era a única certeza que eu ainda tinha.

Tamborilei os dedos na mesa, incerto sobre como a investigação deveria proceder quando avistei o delegado se aproximar de mim.

— A jornalista Melissa Castro está desaparecida.

— O que quer dizer?

Estava confuso. Como alguém poderia desaparecer assim do nada?

— Você tem algum engano? Ela pode ter voltado para a sua cidade e...

— Não. Já confirmamos. — o delegado revelou ao retirar um lenço de pano do bolso e enxugar seu suor na testa. — Sua família entrou em contato conosco após o seu editor falar com eles. Melissa não enviava noticias há dois dias. Quando chegamos ao seu hotel encontramos tudo revirado. E também achamos sangue.

Minha mente ficou em branco.

Melissa ter desaparecido poderia significar pelo menos duas coisas: a primeira seria uma possível descoberta que a fez precisar se afastar ou ter sido obrigada a fazer isso. Considerando o desaparecimento de Edna, infelizmente, tinha o pressentimento que ela corria perigo.

— O computador dela foi encontrado? — o delegado negou. — Ela descobriu alguma coisa. Entre em contato com o chefe dela e peça acesso aos arquivos na nuvem. Ela deve ter salvado algo.

O delegado não hesitou ao correr para sua sala de forma desengonçada.

— Precisamos verificar todas as câmeras ao redor do hotel para descobrir quem a levou. Estamos supondo que ela foi levada, sequestrada no melhor dos casos. Também será necessário considerar a possibilidade dela ter sido morta no próprio hotel. Alisson, consegue fazer isso?

— Sim. Não se preocupe. Vou encontrá-la.

Não sabia bem o motivo para Alisson ser tão determinado além do seu dever policial. De qualquer forma, sua motivação iria ajudar a encontrar a Melissa ou o seu assassino o quanto antes.

Mas não gostava da sensação em estar um passo atrás. Melissa desaparecida e Edna também, logo após o meu encontro com Vanessa Mistres. Havia alguma possibilidade dela estar envolvida?

E se alguém estivesse vigiando-a?

Precisava retornar a Vanessa e verificar se alguém a seguia.

— Há algo que possa ser interessante. — Alisson disse um tanto pensativa, atraindo a minha atenção. — Não sei se irá ajudar, mas ouvi alguns boatos sobre Edna estar envolvida com coisas estranhas. Diziam que ela se encontrava com homens diferentes sempre as quintas-feiras. Nunca soube se era verdade.

— Sabe o local?

Ela negou com pesar. Nada assim tinha sido mencionado antes. E eu precisava descobrir a localização do tal clube e como Edna tinha se envolvido.

Talvez a minha investigação estivesse errada desde o início. E se a pessoa que a assassinou não fosse aleatória? O fato de terem exibido o seu corpo daquele jeito e feito questão que todos a vissem mostrava, além de um sinal claro de querer ser capturado, um possível ressentimento em relação a vítima. Elina foi colocada como um animal abatido. Ele retirou a humanidade dela, mas a deixou vestida. 

CONTINUA...

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora