Alisson Scott
Como policial sabia qual seria o meu primeiro passo para o caso em questão: o desaparecimento de Edna Falcon, a filha mais nova e irmã da assassinada. A noticia foi tão surpreendente quanto o assassinato da irmã, a diferença estava em algo simples, a pessoa que reportou o desaparecimento.
Flávio Aguilar, o homem que esteve envolvido com o caso de Elina Falcon e um dos suspeitos.
Ele afirmou ter um caso com Elina nos últimos meses e que ela não entrava em contato nos últimos dois dias. Ninguém acreditou, imaginando estar apenas chamando a atenção, mas bastou ir até a residência dos Falcon para descobrir tudo revirado. Uma completa confusão.
E a cereja do bolo foi algo ainda melhor: os pais da Edna tinham viajado e a deixado sozinha. Tudo parecia perfeito para um sequestro. Perfeito até demais.
Não confiava nos Falcon.
Para mim era como se tudo fosse planejado por eles para atrair a atenção da mídia ou simplesmente jogar a culpa em alguém.
Olhei para o senhor e a senhora Falcon ao anotar todas as respostas que me davam ao questionar sobre a sua filha e seu desaparecimento. Eles não sabiam quando ela desapareceu, não conhecia seus amigos, não sabia de seu relacionamento com Flávio e, muito menos, parecia ter qualquer ideia de pessoas que pudessem machuca-la.
Eles eram realmente os pais dela?
— Vocês realmente não fazem ideia de quando aconteceu? — Suspirei ao vê-los negando. — A ultima vez que falaram com ela.
— Acredito que há uma semana. — O senhor Falcon revelou sem apresentar qualquer peso em sua consciência. Qualquer pessoa acharia estranho o fato de um pai, após perder uma filha não prestar atenção a sua filha mais nova. — Depois da morte de Elina, Edna ficou um pouco diferente, mais distante. Não conseguíamos nos comunicar com ela.
— Tentaram leva-la a um psicólogo? Casos assim é comum a família ser afetada.
Eles negaram novamente. Eles realmente não pareciam se importar com suas filhas.
Estava prestes a continuar as perguntas de rotina quando Gonzalez retornou. Sua expressão era de alguém enfurecido como se algo estivesse prestes a explodir. Estranhei, mas continuei o encarando até vê-lo se aproximar e, sem qualquer preparo, o vi agarrar a gola da camisa de Fernando Falcon, o erguer e o esmurrar.
Toda a delegacia viu a cena e permaneceu em silencio.
— Querido! — a senhora Falcon gritou animada ao se levantar da cadeira, olhando assustada para tudo.
Gonzalez largou o Fernando caído no chão parecendo até que iria cuspir nele.
— Levem-no para a sala de interrogatório. A família Falcon é suspeita de estar envolvida em toda essa merda.
Gonzalez disse quase gritando. Os policiais olharam estranhamente para a situação antes de alguém ajudar o Fernando Falcon a se levantar e leva-lo até a sala de interrogatório.
Isso tudo foi como um tipo de plot twist dos filmes quando descobrem que o assassino, na verdade, é o policial que sempre investigou os crimes.
***
Gonzalez
Bati na mesa com força sem me importar com o olhar assustado do Falcon a minha frente. Sentei confortavelmente, colocando os pés em cima da mesa. Estava cansado de bancar o policial certinho.
— Chegou a hora de contar a verdade ou vou revelar para os jornalistas sobre o clube e o fato do seu irmão estar envolvido. E não me importo se for verdade ou não.
O olhar perplexo dele foi a melhor parte do meu dia. Continuei o encarando para incentivar que abrisse logo a boca. Estava cansado de ficar rodando e não descobrir nada. Bastou descobrir que o govenador frequentava a porra do bordel privado para acabar com minha paciência. Agir de forma prudente nunca foi o meu estilo e sabia que iria receber alguma punição quando retornasse ao FBI. Mas e dai?
— Eu não estou entendendo.
— Não queira me foder agora. Tenho uma testemunha que viu o seu irmão, o governador, em um lugar que prostituía mulheres e aposto que menores de idade estavam presentes. Prefere ser cumplice?
O covarde Falcon me olhou por longos segundos antes de desviar o olhar e parecer lutar contra si mesmo.
— O que quer saber?
— A verdade sobre Elina e Edna. Cansei de bancar o policial bonzinho. Já sei que Edna era louca e parecia gostar até demais da irmã. Um caso clássico de incesto, mas não me importo com isso. Quero saber sobre Elina e o motivo pelo qual alguém iria querer assassiná-la.
Não sei o motivo, mas ele parou e me olhou como se esperasse que eu o ajudasse. Ele estava realmente falando sério? Queria que tudo acabasse logo para voltar a minha vida.
—Elina... Ela... Elina nunca foi uma boa pessoa. Deus sabe o quanto tentei torna-la melhor. Eu realmente tentei, mas nada do que eu fazia ajudava. A sua arrogância, sua forma de achar que era superior a todos apenas a tornou pior.
Escutei em silencio. Já sabia que Elina escondia algo, ou melhor, as pessoas evitavam contar algo sobre ela, mas nunca imaginei o quão sombrio poderia ser.
— Na escola, Elina demonstrou uma tendência à violência que desconhecíamos. Começou com provocações com alguns alunos, mas foi aumentando. Chegou a um ponto sem retorno. Elina atacou algumas pessoas no colégio e quase foi expulsa. Foram um tempos difíceis para a família.
— O que ela fazia com essas pessoas?
— No inicio apenas humilhava elas, gritava e discutia, mas, aos poucos, ela se tornou mais sem limite. Uma vez, trancou uma garota no banheiro. Ela fez questão de amarrá-la para que não pudesse escapar sem se importar por ter batido na garota, deixa-la sangrando e com o chuveiro ligado. A menina ficou nessa situação por horas até alguém encontra-la. Também houve o caso de um casal que teve um vídeo intimo espalhado entre os alunos. A Elina comentou que fez isso porque o garoto a provocou um dia. Ela gostava de se vingar da pior forma possível por qualquer coisa que fizessem contra ela.
— Então todo mundo a odiava.
— Sim. Não tenho como negar isso. Metade da cidade a odeia e há motivos, é claro.
— Todos são suspeitos, mas omitiram informações pertinentes a investigação. Isso é crime.
— Eu sei. — Ele suspirou pesadamente. — Mas não podíamos falar sem afetar o governador, o meu irmão.
— Nada disso adiantou. O seu irmão já tem muitos problemas para resolver por si mesmo. Agora me conte como Elina e Edna estavam envolvidas com esse clube privativo.
— Elina?
Ele gaguejou como se não soubesse nada. Suspirei antes de estreitar os olhos. Então tudo tinha sido culpa de Edna?
— Como Edna se envolveu?
— Edna...? Como ela poderia?
Seus múrmuros começavam a me deixar confuso. Imaginei que Fernando Falcon poderia estar envolvido em relação ao clube e até na morte e desaparecimento de suas filhas, mas ele não parecia estar mentindo.
— Conte tudo sobre Edna.
— A minha filha mais nova desde pequena foi apegada a Elina. Para nós, essa aproximação era algo bom, afinal eram irmãs e qualquer pai iria querer ver as duas filhas se dando bem. Mas Edna exagerou. Quanto mais Elina se afastava, mais Edna queria se aproximar dela recorrendo a meios extremos como vigiá-la com câmeras. Edna não fazia por mal, só não sabia como se aproximar da irmã.
— Por isso que ela se tornou o que é hoje. Por você ter encontrado tantas desculpas. Agora, onde Edna está?
A expressão horrorizada dele o denunciou. Fernando Falcon sabia de alguma coisa.
CONTINUA..
Vou tentar postar o proximo no proximo domingo. Aproveitem!!
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Dinastia - Livro 2 de Império
Misteri / Thriller**** AVISOS*** A historia contém cenas desconfortáveis relacionadas a morte, tortura e feminicidio. É a história do detetive que aparece em Império, um tipo de continuação. A morte da jovem pianista, Elina Falcon, sobrinha do governador, foi o únic...