Capítulo 28: Quem é Clarisse

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Gonzalez

Sair de uma cidade pequena e ir para outra não poderia ser considerado uma viagem excitante, ainda mais por estar prestes a investir a vida de uma vitima de algum maluco. Clarice Gouveia poderia ser a chave para conseguir identificar o assassino antes que algo mais acontecesse.

A primeira coisa que fiz foi ir até o seu apartamento. A probabilidade dela ter deixado algo que pudesse ajudar para trás era um tanto alta. Ela morava em um pequeno apartamento em uma rua escura. Graças ao meu kit especial de invasão, entrei rapidamente sem deixar de notar que as luzes das escadas estavam apagadas, provavelmente queimadas. Há mais de duas semanas?

Ela poderia ter sido levada aqui. Sem câmeras e sem testemunhas. Não vi ninguém durante todo o tempo em que arrombava o seu apartamento. Isso indicava pouca interação e interesse.

Liguei a luz assim que abri a porta, me deparando com um apartamento cheio de poeira. Uma pessoa alérgica a poeira com toda a certeza acabaria morrendo aqui.

O apartamento dela era pequeno e um tanto escuro. A sala era conectada a cozinha. Para ser honesto, era simplesmente uma kit net. Uma panela fechada estava em cima da mesa, indicando que ela tinha sido levada antes do almoço ou jantar. Só precisei erguer ligeiramente a tampa para sentir o mal cheiro de comida estragada.

Ninguém tinha ido até o apartamento dela.

Ninguém sentiu sua falta? Isso era impossível, já que seu desaparecimento foi notificado. Então quem fez isso?

Quem alertou a policia o seu desaparecimento? O assassino queria que soubéssemos a sua identidade.

Clarice estava conectada a Elina Falcon. Precisava descobrir como para poder ter mais alguma pista sobre o caso.

Comecei a vasculhar o sofá de dois lugares, enfiando a mão em qualquer buraco possível, encontrando apenas sujeira. Ela parecia não ser muito adepta de limpeza ou lavagem de estofado.

Olhei embaixo do sofá, puxei o tapete para o lado e vasculhei cada centímetro da pequena sala sem resultado. Sem sinal de pistas, por menor que fosse. Não encontrei nenhum papel com rascunho, papel amassado ou qualquer coisa assim. Deveria chamar a pericia para buscar digitais, cabelos ou qualquer outra coisa.

Fui para o quarto sem deixar de olhar para os dois quadros na parede. Um deles tinha a foto dela em uma viagem e o outro era uma pintura abstrata ou algo do tipo. Entrei no quarto um tanto surpreso.

A cama estava bagunçada com o lençol jogado no chão. Uma mancha no travesseiro que poderia jurar ser sangue. Algumas peças de roupa estavam jogados no chão e nem precisei pensar muito antes de colocar as luvas.

A última coisa que queria era deixar minhas digitais em um possível local de crime. Se meu palpite estivesse correto, Clarice tinha sido levada de casa. Isso poderia indicar duas possíveis coisas: ela poderia conhecer o assassino ou ele invadiu a casa.

Invasão não parecia ser a resposta certa, já que a porta estava fechada e sem sinal de arrombamento. As coisas na cozinha e na sala foram deixadas como se ela precisasse ter saído com pressa.

Se alguém tivesse invadido haveria sinais de luta por todo o apartamento e não apenas no quarto.

— Mas qual a relação dela com os Falcon ou com Elina?

Passei a mão pelo cabelo, tentando fazer os meus neurônios funcionarem, algo que parecia estar dando certo. Uma mulher assassinada foi encontrada na cena de outro crime, residência de uma segunda mulher assassinada. A segunda era sobrinha do governador Falcon. A única forma para encontrar a ligação estava no passado de Clarisse. Precisava encontrar sua família, amigos e saber tudo sobre ela.

Além de provas, comecei a buscar documentos, fotos e qualquer coisa que pudesse me ajudar.

Curiosamente, Clarisse parecia não ser adepta de fotografias e o seu computador tinha desaparecido. Essa merda toda era como uma teia de aranha, arrastando os pequenos insetos e prendendo-os.

Mas quem seria a aranha?

Uma pessoa poderosa o bastante para esconder as pessoas ou um louco desprezado pela sociedade querendo vingança?

Após vasculhar cada canto do apartamento, encontrei um celular não tão novo. Um celular tipicamente usado por bandido.

Tirei um saco de evidencias e o coloquei dentro, fechando-o com cuidado. O meu caso poderia depender de qualquer informação dentro desse aparelho.

Enviei uma mensagem para a perícia, informando o endereço e sai do apartamento pronto para fingir ser agradável e falar com os vizinhos. Bati na primeira porta, segunda e terceira sem sucesso.

Ou minha cara estava assustando eles ou não tinha ninguém em casa, o que era um tanto improvável. Semicerrei os olhos, estalei a língua e sai do prédio assobiando uma musica feliz. Se eles não aparecessem por bem, iriam fazer por mal.

Fiquei parado em frente ao prédio, olhando ao redor buscando qualquer câmera. E logo sorri satisfeito ao andar em frente. Atravessei a pista despreocupado, caminhando com calma pela calçada até parar em frente a uma loja. A loja tinha uma câmera virada para frente do prédio.

Clarisse, como você se envolveu com Elina ou a família Falcon?

Vou descobrir e te vingar.

Essa foi a minha promessa para uma vitima de um crime tão brutal e esperava que não fosse tão sem sentido quanto imaginava. Afinal, matar alguém apenas para chamar a atenção de algumas pessoas era exageradamente doentio. Obviamente para o assassino, uma morte ou mil eram apenas partes de um plano para alcançar algo maior.

Algo que valesse a pena toda a morte e destruição.

Isso era vingança, uma mensagem ou apenas assassinatos sem relevância?

— Sou um agente Federal, Gonzalez. — Me apresentei com um sorriso, provavelmente, caloroso ao mostrar o meu distintivo para a pessoa responsável pela loja que tinha a câmera de segurança. — Estou investigando um crime e percebi que a sua câmera tem uma posição privilegiada para a cena do crime. Posso verificar as filmagens?

O homem piscou um tanto confuso antes de olhar para o meu rosto e distintivo por um tempo até concordar. Seu silencio por mais que parecesse estranho era até normal levando em consideração o fato de ser um proprietário de loja em uma cidade pequena, onde o índice de crimes graves deveria ser próximo de zero.

Em algum momento entre o balcão e a nossa curta caminhada até o fundo da loja, ele se apresentou como Adam.

— Preciso de todas as suas filmagens do mês passado até a data de uma semana atrás. — Tinha certeza que ele observou Clarisse por um longo tempo até ataca-la. E esperava que ele tivesse cometido algum erro. Erro suficiente para identifica-lo ou ter mais provas para o começo da nossa caçada. 

CONTINUA...


Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora