Capítulo 33: POV Fernando Falcon

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Fernando Falcon

Como tudo isso tinha acabado assim?

Eu não sabia dizer por mais que tentasse pensar.

Desde pequeno fui ensinado a me comportar, agir de acordo com que esperavam de mim, um Falcon. E também fui ensinado a ajudar o meu irmão.

Ajudar ao ponto de assumir a culpa por ele. Isso era o que minha família esperava de mim, uma pessoa insignificante.

E eu cumpria o meu dever até tudo isso acontecer.

Continuei cabisbaixo, tentando ignorar o detetive Gonzalez enquanto ele me encurralava contra a parede. O que eu deveria fazer?

Contar a verdade não era algo que poderia ser feito.

— Eu não sabia de nada, mesmo!

Continuei repetindo para ele e para mim mesmo. Precisava acreditar em tudo que saia da minha boca para que, ao menos, eu mesmo acreditasse em tudo. Ergui a cabeça, deparando-me com o olhar indiferente do agente federal. Ele deveria demonstrar alguma emoção, certo?

Mas não havia nada em seus olhos como se nada daquilo realmente o interessasse. Será que ele tinha descoberto algo?

Isso não era possível.

Não tinha como.

Estreitei os olhos antes de recostar-me na cadeira e cruzar os braços em frente ao meu corpo.

— Você não tem provas contra mim, correto?

Perguntei sabendo a resposta. Ele parecia agir de acordo com seus próprios pensamentos e não em evidencias.

A confiança desaparecida surgiu de repente me fazendo querer gargalhar. O sentimento de satisfação e superioridade era como uma droga viciante, me forçando a perpetuar meus erros para que, ao final, sentisse essa sensação.

Tudo o que o agente tinha era sua imaginação e eu o meu irmão, o governador. Quem em são consciência iria querer atacar um governador ainda mais trabalhando em uma área extremamente politica como o FBI?

— Tem certeza sobre tudo isso? O meu irmão é o Governador, sabe que ele pode destruir a sua carreira e sua vida, não é?

Não entendi o motivo, mas Gonzalez começou a rir despreocupadamente como se tudo fosse uma piada.

— Lembra-se do caso da seita que deixou todo o país louco, não é? Eu estava a frente do caso e acabei com a vida de muita gente importante. E olha, estou vivo e bem. Tem certeza que quer me ameaçar?

— A seita...

Murmurei sentindo calafrios percorrer o meu corpo. Não gostava de pensar sobre esse maldito caso que parou o país por não sei quanto tempo. Sempre que lembrava sentia sorte por não ter sido enquadrado por isso. Foi à primeira vez vendo um caso levando tanta gente para a ruina em tão pouco tempo. E tive sorte em escapar.

Praticamente todos os homens de sucesso estiveram envolvidos naquela maldita seita de uma forma ou de outra.

— Então, vai me contar tudo agora ou prefere que eu comece a cavar ate encontrar todas as coisas que escondeu?

— Não é como você imagina. Não totalmente. Quero dizer, Elina não era santa e Edna não é um monstro.

— O que quer dizer?

— O que sabem sobre Elina?

Ele pareceu me olhar como um louco. A maioria das pessoas pensavam em Elina como alguém que tinha decidido mudar de vida, alguém que melhorou. Mas ela não era assim. Ela nunca foi. Talvez aja algum DNA do mal em nossa sangue, vai saber.

— Elina mentia muito. — Comecei tentando não encará-lo.

— Ela mentiu sobre a própria morte? Porque fez um belo trabalho ao deixar o próprio corpo daquele jeito. Não quero saber como ela era no colegial ou qualquer merda assim. Tô de saco cheio de vocês ficarem cuidando uns dos outros. Pense na porra da sua filha morta! Que tipo de pai não iria querer levar o assassino a justiça?

Tudo o que ele falava tinha razão, mas como poderia falar alguma coisa?

Eu não poderia falar nada.

Nada sobre a morte de Elina e o envolvimento de Edna.

Continuaa... 

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora