Capítulo 23: Melissa - sedutora ou suspeita

232 58 3
                                    


Melissa Castro

Algumas vezes na vida, tomo decisões que podem me arruinar. Eu sabia disso e tentava com todas as minhas forças evitar. Afinal, queria me tornar uma jornalista famosa. Uma pessoa de renome.

Alguém que nunca seria humilhada novamente pelas pessoas.

Mas isso era pedir muito? Pedir para ser tratada como ser humano? Para algumas pessoas era um grande problema, se tornando uma tarefa impossível de realizar. Minhas mãos tremeram ao abrir a porta do quarto, dando passagem para Gonzalez, ou melhor, Agente especial Gonzalez.

Levá-lo até o meu quarto se tornou minha única chance para permanecer atualizada sobre a investigação. Precisava disso para continuar com o meu sonho.

A minha única determinação que realmente importava e tinha alguma valia.

O encarei tentando parecer despreocupada e calma quando sentia minhas mãos estremecerem, meus lábios secos e meu coração pulsar descontroladamente.

Desviei o olhar durante alguns segundos, tempo suficiente para conseguir me controlar adequadamente.

Precisava negociar com ele, apenas isso.

— Detetive, soube que perguntou sobre Elina pela cidade. — Ele concordou parecendo relaxado demais. Sem sequer pedir, se sentou na beirada da cama cruzando as pernas e apoiando o queixo com a mão, apoiando o cotovelo em sua perna. Seus olhos eram calmos. Extremamente calmos, cheios de passividade. Como o mar antes da tempestade. — Elina não era a pessoa que você deve estar imaginando.

Respirei fundo ao continuar narrando.

— Ela estava tendo um caso com um professor casado.

Gonzalez me olhou como se realmente nunca tivesse imaginado isso ao perguntar como sabia e quem era o homem.

— Há alguns meses as pessoas falaram que viram Elina brigando com uma mulher na rua. A mulher parecia ser a esposa do professor.

— Essa informação é realmente interessante. Agora o que deseja em troca?

Ele perguntou exatamente como um agente federal faria: frio e conciso.

— Quero ser a jornalista responsável pelo caso. Não irei colocar nada que não devo nas reportagens, apenas espero estar na investigação, ser informado e poder escrever sobre isso.

Pisquei pressionando os meus dedos contra a palma da minha mão, temendo a sua resposta. Gonzalez permaneceu sem qualquer expressão extra ou comentou algo, apenas encarou-me. Comecei a ponderar que talvez não tivesse sido uma boa ideia falar algo de uma vez.

Estava prestes a tenta-lo com mais uma informação quando o vi assentir. Gonzalez tinha concordado.

Sorri sem me importar de parecer tola.

— Prometo que não irá se arrepender.

— Espero que sim. — ele disse ao desviar o olhar.

****
Gonzalez

Melissa Castro tinha algo que me fazia desconfiar dela. Talvez só estivesse com medo dela ser culpada e acabar levando-a para a investigação, mas se ela fosse, coloca-la perto de mim seria a melhor opção.

Estreitei os olhos, escutando-a enquanto fingia passividade. Apesar de quase elogiar Melissa pela sua força de vontade em ser inserida na investigação, sentia vontade de rir diante de sua "novidade". Afinal, o fato de Elina ter um caso com um homem casado já estava sendo considerado e a única coisa que faltava era o nome do meliante. Ops, adultero.

— Sua investigação identificou o sujeito?

Perguntei curioso para saber o quanto ela sabia. Desconfiava que Melissa poderia saber mais do que demonstrava.

— Ainda não.

Ela disse me olhando fixamente.

Só não tinha certeza se era verdade. Assenti fingindo acreditar em suas palavras quando dei de ombros. Melissa parecia interessada demais na investigação.

Poderia estar apenas sendo paranoico, só que assassinos tendiam a curtir entrar na investigação para se divertir diante da confusão dos policiais.

Semicerrei os olhos mantendo um sorriso antes de desviar o olhar, encarando a parede branca sem graça do quarto. Estar em um hotel não poderia ser considerado agradável devido a impessoalidade e a frieza do ambiente.

Estava prestes a ir embora quando sua mão segurou o meu pulso. Seus dedos magros e gélidos agarram com firmeza o meu pulso e ela não dava sinais de me soltar.

— Algo mais?

— Pode beber comigo?

Sua pergunta poderia soar normal, se fossemos amigos e se ele não estivesse tentando me levar para cama tão descaradamente.

Nunca imaginei que precisaria tomar cuidado com o meu próprio corpo. Se eu bebesse não duvidaria se acabaria me tornando vítima dela.

Mas passaria de agente especial para vitima. Tentador o fato de não trabalhar.

Após pensar um pouco vi que não valia a pena.

— Estou sóbrio há duas horas. Espero permanecer assim. — Disse sério ao puxar o braço e correr para longe daquele quarto.

Não queria acabar levando uma acusação de envolvimento inapropriado como uma possível suspeita e jornalista. O meu chefe poderia me odiar pelas razões certas, mas nunca pelas erradas. 

CONTINUA...

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora