Capítulo 24: Descobertas

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Gonzalez

Precisei admitir a capacidade e atenção de Alisson aos detalhes apesar de ainda achar um tanto suspeito a sua vontade em estar no caso. Após aa minha fuga do quarto de Melissa precisava encontrar um suporte emocional. Algo que não me fizesse querer escapar da cidade e me ajudasse a manter o meu foco no que importava: investigação.

E surpreendentemente estava sentado na delegacia acompanhado apenas por Alisson. Os policiais pareciam preguiçosos e despreocupados demais para sequer aparecerem na delegacia no final da tarde e desconfiava que se um crime surgisse, somente seria resolvido uma semana depois. Se realmente fosse resolvido.

— O que achou do relatório enviado? — Alisson perguntou ao me encarar com seriedade. Antes disso estávamos discutindo sobre os relatórios e ela começou a ler um sobre o segundo apartamento de Elina. O apartamento que tinha virado uma cena de crime. — É estranho o fato de não terem encontrado impressões digitais próximas ao corpo, pegadas, cabelo. Não tinha nada que pudesse identificar qualquer pessoa incluindo a moradora.

— É profissional. Sabe o que está fazendo. Não foi a primeira vez que matou. Não apresenta remorso ou empatia pela vitima. Isso é perceptível pela forma como exibe os corpos, como se quisesse chamar a atenção. As duas vitimas são mulheres e aparentam ter idades próximas. Elina desapareceu por alguns dias antes de ser encontrada morta, o que indica cárcere. Agora a questão, qual o objetivo ao prendê-la?

— Talvez não fosse apenas sobre matar. Ela pode conhecer o assassino e talvez ele quisesse algo dele. Confirmar que ninguém saberia a conexão entre eles?

Assenti. A ideia não era ruim e fazia sentido, porém a segunda vitima parecia diminuir essa probabilidade.

— Ah! A segunda vítima foi identificada. — Alisson anunciou com entusiasmo ao abrir o e-mail em seu celular. — Clarice Gouveia, tinha 23 anos, abandonou a escola no ensino médio, desaparecida há duas semanas.

— Ela era da cidade?

— Da cidade vizinha. Posso investir mais para saber a relação entre ela e Elina.

­— Faça melhor. Investigue a relação entre ela e a família Falcon. —Não gostava do rumo da situação. Por mais que fingisse não investigar, as informações que obtinha na internet pareciam cada vez mais sombrias sobre eles. Os Falcon eram discretos, só que nem toda descrição pode esconder a verdade e as maldades.

Quanto mais buscava informações sobre a família de Elina, menos encontrava sobre a situação real. Só via sobre investimentos e financiamentos realizados. A descrição era como se desejassem apagar seus rastros da internet.

— A família Falcon? Acha que eles estão envolvidos. — Ela não perguntou. Alisson acreditava firmemente nisso. Apenas dei de ombros, afinal a investigação era minha e poderia mentir o quanto quisesse para outras pessoas.

— Provavelmente.

Falei tão sério que eu mesmo acreditei em minha mentira por alguns segundos.

— Preciso falar com a Edna novamente.

— Acredita mesmo que ela vai contar algo? A reputação dela não é boa.

— Sei que vocês tem uma história sombria e tenho consciência que nem tudo pode ser levado em consideração quando alguém testemunha, mas os detalhes importam. Por exemplo, por qual motivo você deseja entrar na investigação Alisson?

A vi me encarar surpresa, quase chocada.

— Eu quero uma chance de sair dessa cidade.

— Por quê?

Alisson ficou quieta, desviou o olhar e por alguns segundos achei que ela nem tentaria mentir. Qual seria a graça?

Mas ela me surpreendeu ao falar baixo com uma segurança incomum.

— Quero escapar dessa cidade. Ir para um lugar que ninguém me conheça e onde aja justiça.

***
Alisson

Investigar com Gonzalez era muito bom!

Apesar de seus comentários sem sentido e sua aparente falta de vontade, ele conseguia entrar na mente dos assassinos. Só não entendia como a família Falcon poderia ter algum envolvimento, já que a filha deles foi uma vítima. Não imaginava um pai ou uma mãe que sacrificasse sua filha assim. De qualquer forma, fiz como ele disse e investiguei os Falcon.

Só nunca esperei encontrar algo assim.

Imprimi tudo o que consegui sentindo minhas mãos trêmulas. Não me importava por ter passado mais de oito horas fazendo a pesquisa, pois o resultado valeu muito a pena.

Os Falcon eram uns filhos da puta gananciosos, doentes e imorais.

E eles não hesitaram ao esconder os podres de suas filhas, enganando a todos.

Se Gonzalez soubesse disso a investigação poderia tomar outro rumo, mas e se os jornalistas tivessem acesso?

Precisei admitir o quão animada estava com essa possibilidade. Mas valeria a pena?

Questionei-me por um tempo curto até retornar a minha sanidade. Entregar isso aos jornalistas seria admitir que o agente federal estava correto em desconfiar de mim.

Só que não poderia deixar tudo ser tão fácil.

Os jornalistas eram abutres desesperados, então nada mais justo que uma frase fosse o bastante para leva-los a verdade. 

CONTINUA...

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora