Capítulo 38: Nova investigação

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Gonzalez

Trabalhando durante anos, investigando inúmeros crimes e independente da quantidade de atrocidade vista sempre acreditei na bondade humana. Confiava na afirmação sobre o mundo ser responsável por corromper as pessoas e que todo mundo nascia bom, mas, sinceramente, começava a pensar em uma nova possibilidade; o fato de todos os seres humanos serem ruins e apenas alguns serem piores que os outros, afinal Edna era um exemplo perfeito.

Ela cresceu em uma boa família, com boas condições financeiras e não demorou para perseguir sua própria irmã em uma obsessão estranha, despreocupada com as leis que poderia quebrar ou o quão desconfortável deixaria as pessoas ao seu redor. Enquanto Elina poderia não ser o anjo que muitas pessoas imaginavam. Se minha teoria sobre as pessoas serem corrompidas pelo mundo e o ambiente a deixavam serem más, então os Falcon eram os culpados, porém a verdade poderia ser um pouco mais sombria.

E se elas simplesmente fossem más?

Obviamente havia uma chance disso. Uma chance particularmente grande, mas não ao ponto de me fazer acreditar cegamente em minha suposta teoria. E mesmo que fossem cruéis, tinha a obrigação de desvendar o crime, levar o culpado a justiça e ganhar os créditos pela minha prisão.

Suspirei ao segurar as folhas impressas com os nomes das vitimas de Elina no colégio. Minha surpresa foi tanto pela quantidade quanto rapidez da entrega.

— Parece que já tinha a lista pronta. — disse com um sorriso fugaz e a resposta dele foi dar de ombros. O policial Jones era estranho o bastante para me fazer prestar atenção e ficar curioso sobre seus pensamentos. — Conhecia Elina e Edna. O que acha delas? Falando como um morador da cidade e não como policial.

— Penso o mesmo que todos nessa cidade. — ele deu de ombros, desinteressado. — Elina sempre foi uma pessoa ruim. A megera tornava a vida das pessoas que ela não gostava um inferno. Soube de uma vez que ela fez um grupo de garotos baterem em uma menina que, supostamente, tava dando em cima de alguém que ela gostava. Mas, na verdade, a vítima nem sequer sabia que esse garoto existia. Elina era esse tipo de pessoa. Imprudente, sádica, vingativa e louca. Honestamente, Falcon não é uma coisa boa. E Edna, é a típica maçã podre que não cai longe da árvore. Ela curtia atormentar pessoas que eram próximas da irmã. Ninguém ali é normal, agente.

— Parece realmente odiá-las. Também foi vitima?

Questionei fingindo desinteresse, mas começando a considerar coloca-lo na minha lista de suspeitos, afinal alguém que odiava tanto outra pessoa estaria disposto há fazer muita coisa por ressentimento.

— Odeio a injustiça. Nada aconteceu por elas serem Falcon. Se fossem pessoas normais como eu, já teriam pagado pelos seus crimes. Acha isso justo, agente? O fato delas nascerem em uma família as isentou de todos os crimes cometidos, mas e suas vítimas?

Sim. E suas vítimas!

O policial Jones estava correto. As pessoas que mais odiavam elas eram suas vítimas. Olhei para a lista novamente com sensação de esperança. O assassino provavelmente estava na lista ou tinha alguma conexão com das vítimas.

— De certa forma, você está certo.

Admiti admirando a expressão perplexa do policial Jones. Desde que cheguei na delegacia, ele tinha sido discreto, mas presente durante a investigação. Em muitos casos com assassinos, especificamente os assassinos em série, eles tendiam a se envolver nas investigações tanto pelo prazer de ver sendo caçado ou para atrapalhar. Só não sabia se o policial Jones se encaixava nessa descrição, afinal sua curiosidade não poderia ser um indicativo de culpa.

— Como cresceu aqui, imagino que saiba muitas histórias, então o que pode me contar sobre as vítimas de Elina?

— Poderia perguntar a qualquer pessoa. Todo mundo por aqui sabe essas historias.

— Mas quero escutar de um policial imparcial.

Jones riu debochado.

— Não tenho como ser parcial, mas já que quer saber, vou contar. Desde que entrou no colégio, Elina chamou a atenção pela sua beleza e pelo fato de ter dinheiro. Pessoas assim deveriam ser populares em cidades pequenas, mas não demorou muito para que ela mostrasse sua verdadeira personalidade. Ela começou de forma até discreta com o bullying, sabe? Primeiro fazia piada de alguns estudantes, algo discreto e sem exagero. As pessoas não percebiam no inicio e até concordavam com ela. Talvez isso tenha a incentivado ou ela só tivesse sondando porque não demorou para as coisas piorarem.

Jones parou de falar como se tivesse relembrando toda essa merda. Que tipo de merda de lugar fodido era esse?

— A intimidação foi mudando aos poucos, passando de verbal para física. E suas vítimas começaram a ser destruídas. Você não deve saber como é se sentir isolado, inconformado, entristecido e enfurecido, mas sem qualquer poder para revidar. Eles devem ter se sentido assim.

— Fala como se tivesse sido uma das vítimas de Elina. — Semicerrei os olhos, observando-o atentamente e até curiosidade diante de sua aparência calma. O policial Jones parecia não esboçar qualquer emoção. E isso era estranho até para essa merda de lugar.

—Todo mundo nessa cidade foi vítima dela. É como um tipo de ritual de passagem.

— Mas você é mais velho que ela.

— Sim, e desde quando a idade é algum tipo de empecilho?

Pisquei um tanto chocado. Elina era realmente corajosa ao intimidar todo mundo na cidade, então qualquer pessoa poderia tê-la matado.

— Espere, está dizendo que Elina também intimidava adultos? Achei que eram apenas seus colegas no colégio.

— Na maioria eram seus colegas, sim, mas às vezes, quando algumas pessoas cruzaram o seu caminho, ela retaliava. — Pedi algum exemplo e ele nem hesitou ao começar a narrar algumas histórias. — Uma vez, uma garota brigou com Elina por algum motivo sem importância e a desgraçada retaliou ao filmar a garota e o namorado transando e depois enviou para todo mundo no colégio. Elina era exatamente esse tipo de pessoa extrema e louca.

— Mas falaram que ela mudou.

— Sim. Realmente. Não sei o motivo, só que antes dela ir pra universidade mudou.

— Algo aconteceu na família dela? Quero dizer, antes da sua mudança.

Jones negou ao afirmar que não escutou nada sobre isso.

Se ninguém sabia sobre o motivo da mudança, então algo aconteceu. Alguma coisa que a tornava vulnerável e, talvez aos seus olhos, inferior aos demais. Elina não parecia ser o tipo de pessoa insegura, só que o que quer que tivesse acontecido a influenciou a tal ponto.

Como poderia descobrir isso?

— Elina tinha alguma melhor amiga? Alguém com quem ela sempre andava.

— Havia uma pessoa assim, acho que o nome dela era Anne Matias. E antes que pergunte, não sei onde ela está. Muita gente sai dessa cidade, sabe? As pessoas não costumam gostar de cidades pequenas.

Com o sistema do FBI não seria difícil localizá-la e finalmente sentia que tudo poderia acabar mais rápido do que imaginava, mas antes que pudesse ficar feliz vi uma mensagem no meu celular.

Melissa Castro foi encontrada morta. Modus operandi semelhante a Elina Falcon e Clarice Gouveia. 

CONTINUA...

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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