Capítulo 4: A jornalista suspeita

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Gonzalez

Flávio Aguilar era o meu suspeito secundário. Não conseguia enxergar nele um maníaco que gostava de atenção como o assassino da Elina, mas não poderia tirá-lo da lista facilmente. Retornei para a delegacia, desconfortável com o calor e desejando tirar a roupa típica do agente federal.

Tudo que queria era o ar condicionado, mas quando abri a porta da delegacia, suspirei ao ver uma mulher algemada, me encarando como se eu fosse o seu inimigo numero um. Não precisei pensar muito para saber sua identidade: Melissa Castro. Só em olhar para ela, sabia sua profissão. Parecia tatuado em sua testa: sou jornalista, venha e me deixe te investigar.

— Quem é ela? — Finge, tentando adiar mais um trabalho. Olhei para o policial, o mesmo que eu tinha perturbado antes derrubado as coisas em sua mesa, e sorri.

— A jornalista que pediu para ser presa.

Até os mais inúteis eram informado naquela delegacia. Suspirei, resignado e fui até ela. Melissa Castro estava algemada próxima a porta da sala do delegado. Seu semblante repleto de raiva afirmava o quão cansativo seria o interrogatório. Pedi para que a levassem para a sala de interrogatório, a única em toda a delegacia, optei por não descansar e segui rapidamente para o trabalho. E quando abri a porta, Melissa Castro me olhou como se eu fosse seu pior inimigo. A pessoa sem coração que assassinou sua família.

— Senhorita Castro ou deveria chama-la apenas de Melissa? — Perguntei sorrindo, criando um clima agradável entre nós, pelo menos, na minha imaginação fértil porque o semblante dela apenas se tornou mais frio. Odiava jornalistas. Eles se achavam bons demais para viver entre os mortais.

— O que acha que está fazendo? Eu sou inocente! Gentilmente, avisei a policia sobre o corpo da Elina e é assim que me agradecem?

Suas palavras eram basicamente bobagens, dei de ombros ao sentar do outro lado da mesa de metal, em frente a ela e suspirei. Queria terminar tudo o quanto antes, mas nada na pequena cidade parecia sugerir isso.

— Bem, vamos começar pelos seus crimes. — Anunciei com calma. — Alteração da cena do crime, omitiu uma pista importante e obstruiu a investigação em andamento, tirou fotos de um assassinato e divulgou em um jornal. Mesmo com um excelente advogado, você ainda será presa, afinal são seus crimes, certo?

— E então?

Não vai tentar barganhar, chorar ou ser fria? As jornalistas estão cada vez mais difíceis de ameaçar. Que mundo é esse que a policia não pode intimidar as pessoas? Acabei rindo de meus pensamentos e tossi quando vi seu olhar confuso.

— Estou apenas relatando seus crimes para saber suas acusações. Agora vamos falar sobre Elina Falcon. Como a conheceu?

Melissa piscou tentando parecer confusa.

— Nunca a conheci. A primeira vez foi naquele lugar. Não tenho motivos para assassiná-la, se é isso que está insinuando. Nem sequer a conhecia. Olhe... ­— A jornalista suspirou, colocou suas mãos algemadas em cima da mesa e me encarou. — Tudo o que eu fiz foi ir atrás de uma pista. Recebi por uma mensagem indicando o local do crime. Quando cheguei encontrei a moça naquela posição estranha. Não mexi em nada, só tirei a foto e sai de lá. Eu também estava com medo do maluco aparecer.

— Então você acredita em qualquer mensagem que recebe?

Melissa semicerrou os olhos com um tipo de sorriso despretensioso no rosto.

— Pelo visto não, então me diga, por qual motivo acreditou na mensagem com destinatário desconhecido?

Ela permaneceu em silencio, enquanto eu comecei a considerar prendê-la por alguns dias. Aprendi a melhor forma para fazer jornalistas pararem de perder tempo: simplesmente coloca-los na prisão por um longo tempo.

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora