Edna Falcon
Minhas mãos suavam cada vez mais como se eu estivesse desesperada ou prestes a ter um ataque de pânico e honestamente não fazia ideia do motivo em agir assim. Olhei para o agente federal a minha frente, tentando imaginar os temas ou as perguntas que me faria, mas assim que ele sorriu pedindo desculpas por me abordar, comecei a relaxar.
Agentes federais não eram assim, certo? Nos filmes sempre eram arrogantes e exagerados, mas o detetive especial Gonzalez parecia gentil. Exageradamente gentil.
Ele apareceu pouco depois que acordei e não pareceu se incomodar com o olhar desconfortável do meu pai ou com o meu rosto estar vermelho depois de ter apanhado. Minha bochecha estava roxa, mas aos olhos do detetive deveria ser algo normal, quase, natural. Ele sorria tranquilamente ao beber o café servido antes de pedir para falar a sós comigo.
Meu pai não pareceu gostar, saindo contra a sua vontade antes de me encarar, ou melhor, me fuzilar com o olhar. Parecia mais um tipo de aviso silencioso. Só não sabia sobre o que exatamente, afinal Elina era amada por eles e isso não despertava nenhum tipo de suspeita ou algo assim.
— Desculpe por ter vindo tão cedo. — O agente federal se desculpou com um sorriso gentil.
— Não tem problema. Costumo acordar cedo. — Abaixei a cabeça um pouco, preocupada se ele acabaria encarando a marca no meu rosto. Não queria inventar desculpas, as quais pareceriam ridículas diante da marca bem feita pelo punho do meu pai. — Como posso ajudar?
Ele não falou parecendo entretido demais no café. O encarei, usando o cabelo para cobrir o meu rosto e vi uma satisfação um tanto escancarada em seu rosto. O sabor do café estava tão bom assim?
— Gostaria de mais uma xicara?
Ele pareceu finalmente perceber o que fazia. Sorriu, abaixando a xicara um tanto relutante.
— Desculpe. — Pigarreou envergonhado, provavelmente, antes de tirar um bloquinho de notas e uma caneta do bolso. — Gostaria de fazer algumas perguntas, se não for incomodá-la. — Afirmei que seria um prazer colaborar para capturar o assassino da minha irmã. — Você e a Elina eram próximas?
— Sim. Somos irmãs, quero dizer, éramos. Nos apoiamos desde pequenas. Mas fazia um tempo em que estávamos um pouco mais afastadas. Não sei bem o que tinha acontecido.
— Entendi. Conhecia Flávio Aguilar?
— Ele era amigo da Elina. Estudavam juntos há um tempo e acho que namoraram, mas não tenho certeza. Eram próximos. A Elina era próxima de todos com quem estudava, na verdade, tinha um professor com quem costumava ter aulas particulares. As aulas pararam uns oito meses atrás. O nome dele é Thompson, Fausto. Fausto Thompson.
— Falarei com ele. Mas antes disso, conte-me sobre Elina. Qualquer coisa.
Não precisei pensar antes de falar a única palavra que vinha a minha mente sempre que pensava nela.
— Ela era perfeita. Elina não tinha defeitos desde pequena. Todos a amavam, a idolatravam e a viam como alguém perfeito. E ela realmente era. Isso pode soar exagerado ou até mesmo um tipo de fanatismo, mas minha irmã tinha tudo para ser amada pelas pessoas do mundo, sabia? Talentosa, gentil, carismática e encantadora. Não consigo pensar em ninguém que quisesse morta. Como poderiam odiá-la? — Aumentei minha voz sem nem perceber, apenas vendo o olhar estupefato do detetive parei. — Desculpa.
— Não precisa se desculpar. Também conheço alguém assim, perfeito e que atrai as pessoas. São pessoas especiais, não são?
Assenti com veemência. Pessoas adoradas facilmente pelas outras tinham um tipo de luz que irradiava, iluminando as outras e as afastando da escuridão.
— Elina era assim. O amor dos meus pais por ela era muito grande. — Sorri ligeiramente lembrando da minha infância e do quanto Elina era abraçada, beijada e amada por eles, especialmente após descobrirem o seu talento. Para eles, eu era um desperdício, alguém inútil que nunca traria qualquer beneficio ou fama para eles, ao contrario de Elina. Minha irmã perfeita e adorável. — Elina não tinha como ser odiada.
— Então acha que você deveria estar morta e não ela?
Arregalei os olhos, atordoada, prestes a acenar quando sorri tristemente.
— Acha que isso seria o melhor, certo? Todos devem achar o mesmo e até eu me pego pensando nisso. — Confessei inconsciente ou apenas esperava alguém com quem pudesse desabafar. — Elina nunca pareceu ter um conflito com alguém, só que no ultimo ano, ela mudou um pouco. Não conversávamos mais, alterou a fechadura de seu apartamento. Tinha a chave antes. E não sei com quem saia. O seu antigo professor, o Thompson, reclamou que ela tinha começado a se tornar mais relapsa nas aulas.
Gonzalez não falou, apenas escreveu, mantendo seus olhos no bloco de notas. Engoli em seco, sentindo minhas mãos ficarem molhadas novamente.
— Há alguma pergunta? Não sei bem o que falar. Quero dizer, poderia passar o dia falando sobre minha irmã.
Vi sua mão coçando o canto do seu olho antes de me olhar seriamente. Um tipo de olhar que deveria ser padrão em agentes federais, só não esperava existir nele.
— Agora que você se afogou em culpa ou o que quer que tenha sido isso, vamos ser honestos. Sua relação com Elina não era boa, certo?
Pisquei, nervosa, sentindo meu coração bater descontroladamente contra o meu peito. Eu queria fugir, escapar o mais rápido daquele olhar que parecia enxergar tudo, incluindo meus sombrios pensamentos.
— O seu rosto... deve ter sido o seu pai. Imagino que seu pai amava a sua irmã, mas não parece ter grandes sentimentos por você, o que pode influenciar em um tipo de sentimento deturpado seu em relação a sua irmã. De uma forma convencional, você a odiaria e de uma forma Freudiana, você a amaria distorcidamente. Qual deles é?
— Eu... Realmente não entendo. — Tentei evitar seu questionamento anormal. Se eu fugisse, apanharia depois, mas isso seria irrelevante em consideração as perguntas do agente a minha frente. Estava prestes a me levantar quando escutei sua voz. E dessa vez, não houve gentileza, apenas uma ordem seca e dura.
— Responda. Lembre-se que qualquer omissão será tratada como obstrução da justiça. E pouco me importa se você a odiava, só desejo a verdade para traçar um perfil da vitima e encontrar o seu assassino.
Nos encaramos durante alguns instantes, talvez minutos ou segundos, até abaixar a cabeça em rendição.
— Elina... era louca.
Confessei em voz alta pela primeira vez.
CONTINUA...
Desculpa pessoal, já tinha pronto, mas acabei esquecendo devido a muitas coisas acontecendo, mas relaxem que vou tentar manter uma regularidade.. Já estou terminando o 9 e vou tentar postar todo domingo!!!!
Mil bjsss
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Dinastia - Livro 2 de Império
Misterio / Suspenso**** AVISOS*** A historia contém cenas desconfortáveis relacionadas a morte, tortura e feminicidio. É a história do detetive que aparece em Império, um tipo de continuação. A morte da jovem pianista, Elina Falcon, sobrinha do governador, foi o únic...