Gonzalez
Como detetive especial do FBI já tinha visto muita coisa. Muita mesmo! Mas precisei admitir que foi a minha primeira vez diante de uma cena tão irreal e estranha demais para me orgulhar de presenciá-la.
Logo no meio do apartamento, em cima de um tapete, provavelmente caro demais para alguém como eu comprar em sua completa sanidade, havia um corpo amarrado.
Um corpo sem vida.
Comecei a me arrepender quando dei o primeiro passo em direção ao defunto sem qualquer traço de peso na consciência, pois aquele odor iria impregnar em minhas roupas e dificilmente sairia antes de dez lavagens.
A medida que minha aproximava, o cheiro se tornava pior dando a impressão que os outros moradores deveriam ter algum problema com seus olfatos. Como ninguém sentiu esse cheiro de morte?
Seria possível que todos estivessem sendo cumplices?
— Realmente odeio essas porras de cidade pequena. — Comecei a reclamar como se isso pudesse diminuir os meus problemas ao encontrar um segundo corpo. A minha impressão de tudo ser um grande circo para chamar a atenção se tornava mais forte, pois qual assassino se prestaria ao trabalho de criar tantas cenas sem ter um grande motivo por trás disso?
O que essas pessoas fizeram com esse assassino para que ele quisesse chamar tanta atenção afinal?
Dei de ombros sabendo que quanto mais perguntas tivesse, mais iria demorar para solucionar um caso tão fodido. O corpo da nova vitima foi colocado com o rosto virado para baixo, como se a escondesse. Seus braços estavam presos atrás das costas com um tipo de corda vermelha, e de uma forma bizarra pensei em um presente.
O desgraçado acreditava que ela era um presente para quem? Elina?
A desconhecida tinha cabelos escuros, usando apenas um vestido branco quase transparente que ia até seus tornozelos. Seus braços antes brancos estavam escuros devido o fluxo sanguíneo interrompido pela corda, pelo menos acreditava nisso. Mas o estranho era que seus pés estavam, excessivamente limpos.
Ela havia sido morta no apartamento ou foi carregada?
Se isso tivesse acontecido, alguém teria a escutado.
A pessoa por trás de tudo era excessivamente metódica, como se já adivinhasse os meus pensamentos. Poderia ser um policial?
Bufei Cansado ao pegar o celular e fazer duas ligações que iriam consumir qualquer traço de alma que ainda tivesse.
— Chefinho, o escritório está entediante sem a minha presença?
O provoquei e escutei seus gritos sem qualquer peso na consciência, ficando até feliz por ele ainda conseguir me xingar de tantas formas diferentes.
— Porra Gonzalez. Mandei você não foder com essa merda, mas que porra anda fazendo? E ainda tem a coragem de me ligar. Deve tá querendo morrer mesmo.
Segurei o riso antes de contar a novidade.
— Encontrei outro corpo. — Falei com seriedade. — Desta vez foi no outro apartamento da Elina, a primeira vitima. A outra vitima é uma mulher, aparenta ter entre vinte a vinte e seis anos. Cabelos escuros. Usa um vestido branco. Mãos amarradas nas costas lembrando a Elina quando foi encontrada, mas desta vez é diferente.
— Que desgraçado!
O meu chefe parecia ter esquecido a sua raiva por mim. O que era bom. Muito bom, na verdade. Fiquei quieto escutando seus xingamentos direcionados ao assassino até que ele começou a divagar e jogar a culpa em mim.
— Se você não tivesse fodido essa investigação desde o inicio não estaríamos nessa merda. Agora como vou contar ao governador que há mais um caso envolvendo a sobrinha dele? Os abrutes dessas merdas de jornais vão acabar dizendo que ela foi morta como algum tipo de justiça. Tenho certeza que vão acusa-la de assassinar essa pessoa. Descubra quem é e a relação com Elina Falcon.
— Sem problemas, chefinho.
Ele resmungou ao desligar em minha cara e sorri em resposta. Voltei a minha atenção para o corpo a minha frente, realmente curioso sobre a motivação do assassino, o qual começava a considerar ser um homem.
Era muita raiva envolvida para ser uma mulher, a menos que a mulher fosse uma sádica e psicopata.
Estalei a língua ao fazer uma nova ligação solicitando uma equipe para analisar a cena do crime e levar o corpo. Aproveitei o breve momento para investir tudo cuidadosamente. Coloquei a luva e comecei a vagar pela sala buscando qualquer prova ou algo que pudesse indicar algum caminho para a investigação. Porém, a sala parecia ter sido limpa devido a ausência de poeira e qualquer coisa fora do lugar.
Fui em direção ao quarto, encontrando-o com a porta fechada, a abri sem qualquer esforço. O interior parecia intocado. A cama de casal ficava no canto direito, próxima a janela, e estava coberta por um lençol azul marinho. Os dois travesseiros tinham fronhas brancas.
A aparência me lembrou um pouco um hotel. Continuei vagando, abrindo as gavetas, me deparando com os sutiãs que combinavam com as roupas intimas encontradas no outro apartamento.
Isso tinha sido feito de proposito pelo assassino ou por Elina?
Comecei a questionar tudo que tinha encontrado até aquele momento, pois se tudo aquilo representasse apenas um espetáculo para o criminoso, precisaria descobrir qual seria o seu grande final. E se a sobrinha do governador não fosse o suficiente para isso, quem poderia ser?
Não recordava de outras figuras com tanta relevância para a mídia na pequena cidade que pudesse se igualar ou ser mais atraente que a sobrinha do governador.
Continuei vasculhando entre as gavetas, encontrando uma caixa pequena de madeira. Nem sequer pensei muito para abrir a caixa e me deparar com um anel de ouro. Aparentemente, ela havia sido abandonada ou abandonou alguém.
Deixei isso de lado.
Afinal, duvidava que a culpa de tanta morte seria alguma desilusão amorosa ou vingança por abandono.
Não havia nada um tanto peculiar, além de brinquedos sexuais em uma quantidade exagerada. Vasculhei embaixo da cama, dentro do guarda roupa e não encontrei nenhuma câmera ou celular.
O que Elina tinha feito para ser tão odiada?
Deveria começar a investir os morados dessa cidade pequena.
CONTINUA...
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Dinastia - Livro 2 de Império
Mystery / Thriller**** AVISOS*** A historia contém cenas desconfortáveis relacionadas a morte, tortura e feminicidio. É a história do detetive que aparece em Império, um tipo de continuação. A morte da jovem pianista, Elina Falcon, sobrinha do governador, foi o únic...