Capítulo 10: Um prelúdio

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Gonzalez

Honestamente, toda aquela situação se tornava cada dia pior e nem sequer fazia ideia por onde começar. Mas levando em consideração o fato de Elina saber sobre Edna invadindo seu apartamento, apenas mostra que deveria haver câmeras de vigilância escondidas em algum canto. Isso ou alguém com muito tempo livre e disposta a fofocar sobre tudo o que acontecia no prédio.

Decidi seguir a primeira pista, acreditando e rezando para que desse certo.

Retornei ao apartamento de Elina, avisando a policia com antecedência para manter a segurança do lugar. Não esqueci de enviar um e-mail para o meu chefe afirmando precisar de todas as informações bancárias da Elina e os lugares frequentados nos últimos três meses através do GPS de seu celular. Ela era a sobrinha do governador, isso deveria servir de ajuda para algo.

Sabia que ele iria ignorar ou retornar com um longo e-mail com muitos xingamentos antes de enviar alguma coisa. Talvez ele curtisse sofrer e fosse um pouco masoquista.

Não conseguia imaginar em outro motivo para ainda me aturar mesmo odiando trabalhar comigo. De qualquer forma, se ele me expulsasse do departamento de casos especiais não poderia ir para algum mais calmo como do arquivo X, já que isso nem sequer existia. Talvez desaparecimentos?

Precisava buscar outro departamento mais calmo, onde pudesse tirar férias semanais e dormir no escritório.

Balancei a cabeça em um claro sinal de desespero ao olhar para o sol quente do lado de fora do carro, o calor infernal, a sede e a vontade de voltar para o escritório. Elina não poderia ser encontrada apenas no inverno?

Em uma cidade pequena sem transito é rápido chegar ao destino – o único ponto positivo de uma cidade tão estranha.

Estacionei em frente ao prédio dela, saindo rapidamente e seguindo até o seu apartamento, ficando satisfeito ao encontrar um policial sentado em frente a porta. Mesmo que ele estivesse cochilando, já era um sinal de algo.

Pressionei o seu ombro e o vi desperta confuso.

— Precisa tomar mais cuidado. O assassino ainda está à solta. — Falei satisfeito ao vê-lo empalidecer. Ele parecia ser novo demais, talvez tivesse menos de dois anos na policia.

— Sim, senhor!

Ele gritou entusiasmado demais ao se levantar rapidamente fazendo uma continência. Acenei antes de entrar. O apartamento continuava da mesma forma que tinha deixado ao sair.

Comecei a olhar com cuidado, vasculhando os cantos, lâmpadas, quadros e qualquer outra coisa que pudesse esconder alguma câmera, por menor que fosse.

E ganhando o premio, inacreditavelmente, encontrei uma câmera um pouco maior que um botão na lateral do sofá, aproveitando a cor escura para esconder o objeto. O fato de acreditar que Elina não morava no apartamento juntamente com a câmera de vigilância apenas tornava tudo ainda mais suspeito.

Ela estava sendo perseguida? Fora a irmã, é claro.

Se isso fosse verdade não havia qualquer indicio ainda. Olhei para a pequena câmera em minha mão, franzi o cenho e suspirei pela minha má sorte. O caso se tornava cada vez pior.

Uma mulher aparecendo morta.

Uma irmã que a vigiava.

Vizinhos que não a viam pelo apartamento.

Uma câmera de vigilância em casa.

Tudo parecia levar para um caso passional, mas o modus operandi do assassino era muito especifico.

Ele queria mostrar a vítima como um grande show, onde ele era o protagonista e controlava tudo. Alguém assim nunca permitiria um erro tão simples quanto uma câmera. Ele não deveria frequentar esse apartamento dela, pelo menos. Se frequentasse seria como um amigo, um conhecido.

Precisaria verificar se a câmera ainda tinha alguma filmagem armazenada e caso a resposta fosse negativa, descobrir o lugar de armazenamento. Retirei um pequeno saco plástico do bolso, guardando a minha nova pista. Decidi continuar vasculhando tudo com mais cuidado.

Toquei em cada pequeno espaço do sofá, buscando mesmo que fosse um pedaço picado de papel. E quando achei que tudo era infrutífero, encontrei uma nota amassada.

Quem anotaria um encontro em uma nota de papel? Musicos poderiam ser temperamentais, mas não ao ponto de esqueceram uma agenda no celular. Se conseguisse encontrar o celular dela, poderia ajudar a resolver o caso.

Coloquei a nota em outro saco plástico, continuando minha busca implacável pelo lugar. Desta vez, não vasculhei as gavetas levianamente. Joguei tudo no chão, olhei na parte de baixo e busquei qualquer espaço falso. Se a vida dela era tão confusa, uma gaveta com fundo falso era o mínimo a ser esperado.

Encarei a bagunça feita com confusão. As roupas intimas dela pareciam indicar algo; calcinhas rendadas, pequenas e sensuais. Não era como se eu fosse um machista, misógino, acreditando que as mulheres deveriam se vestir de forma comportada, mas algo parecia errado. Nenhum sutiã combinava com as calcinhas.

Mesmo parecendo loucura, mulheres que gostavam de coisas sensuais tendiam a combinar as peças. E não era isso a minha frente.

Os sutiãs eram brancos, quase pueris, dando uma sensação de pureza intocável. Sem apresentar qualquer renda.

— Parece que a nossa vitima tinha uma vida dupla.

Me abaixei e comecei a tatear as peças intimas temendo ser fotografado. Aquele caso tinha virado um circo ao ponto de qualquer coisa chamar a atenção da mídia. E nem me impressionei ao encontrar algo embrulhado em uma das calcinhas prestas rendadas. Segurei a pequena arma sem tocá-la diretamente.

A arma era tão pequena que parecia um isqueiro, porém tinha certeza do quão letal aquilo poderia ser se o alvo estivesse próximo demais para escapar ou desviar. A cor prateada parecia um pouco chamativa ao ser misturada com o preto.

Ela sofria ameaças de quem?

Espreguicei ao bocejar. Não importava o quão intrigante fosse um caso, jamais perderia o meu sono da beleza por isso.

Policial Jones

Os jornalistas barulhentos ainda insistiam em procurar cada policial da maldita cidade, caçando desesperadamente qualquer pista que os fizesse melhorar sua reputação, sem se importar com a morta da vez.

Bufei ao pegar a minha xicara e beber o café quente na delegacia. Meu tempo de descanso parecia diminuir cada dia mais depois que o agente federal deu o ar de sua maldita graça.

— Ei Jones, como está tudo depois de tanta merda?

Olhei para o policial visivelmente despreocupado com tudo que tinha acontecido e dei de ombros. Não tinha nada para falar, já que, para mim, essa maldita cidade sempre foi amaldiçoada então não iria demorar para algo assim acontecer.

— Soube que o tal do agente federal é louco.

— Como assim?

Perguntei mantendo minha curiosidade em um nível comum e casual.

— Ouvi falar que no ultimo caso dele quase fodeu tudo. Ele tinha um suspeito, o delegado na época, mas ele acreditou que o cara era inocente. E o filho da puta era um membro daquela seita filha da puta. — Esperei ele continuar, tentando achar algo que realmente fizesse do Gonzalez um grande imbecil, mas só escutei fofocas inúteis.

— É isso? — Nem queria fingir interesse. Estava na cara que um policial especial como Gonzalez teria sua própria forma de investigação nada convencional. — Ele é um agente federal especial. Nunca esperei que seus métodos fossem normais para começar.

O policial idiota concordou parecendo pensativo e eu fiquei com preguiça de tentar continuar o que quer que fosse aquilo.

CONTINUA  no proximo domingo!!

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora