Melissa Castro
Olhei para a garrafa cara de uísque a minha frente, segurando-me para evitar gritar histericamente. Eu tinha errado, mas ele precisava escolher a bebida mais cara de toda a cidade?
Respirei fundo tentando controlar a vontade de escapar antes de pagar a conta. Eu nem sabia se poderia ter algum dinheiro extra após isso.
Valia realmente a pena?
— Essa bebida é realmente muito boa. — Gonzalez falou parecendo realmente contente ao entornar o copo cheio de uísque com gelo. Desse jeito acabaria bêbado em cinco minutos. Pisquei, mostrando o único sorriso possível naquele momento, afinal, por causa dele estava potencialmente falida.
— Pelo preço, com certeza deve ser a melhor do mundo. — Resmunguei contra a minha vontade ao fazer uma careta. Olhei para o meu copo cheio, peguei e virei de uma única vez. O gosto amargo e forte me sufocou fazendo com que eu começasse a tossir até sentir lagrimas em meus olhos. Eu bebia cerveja, vodca, vinho, mas nunca algo tão forte assim de uma única vez. Escutei o riso do detetive sentado a minha frente. — É um pouco mais forte do que estou acostumada.
Menti descaradamente ao cruzar os braços em frente ao meu corpo. Gonzalez permaneceu com um sorriso estranho no rosto ao beber calmamente. Ele não parecia muito preocupado com minha presença ou com o fato de eu pegar alguma informação enquanto estivesse bêbado.
— Deveria ter mais cuidado. Se continuar assim, algum jornalista vai acabar levando-o pra algum lugar, somente para descobrir detalhes sobre a investigação.
— Seria interessante se alguém tentasse — Ele disse dando de ombros ao beber mais um gole. — E pode ter esquecido, mas sei me defender. Sou um investigador especial e bem treinado.
Revirei os olhos ao constatar seu rosto um pouco vermelho. Quem ele estava querendo enganar? No próximo copo acabaria bêbado, falando besteira ou dormindo em cima da mesa.
— Deveria parar de beber. — Avisei como uma boa pessoa que sou, mas ele continuou ignorando meus conselhos como se eu fosse a criminosa da história. Queria me desculpar e não ser tentada a tirar alguma informação dele. Estava prestes a tirar o seu corpo da sua frente quando alguém parou ao lado da nossa mesa. Encarei a visitante, um tanto surpresa. — Posso ajudar?
A mulher tinha cabelos escuros, olhos feroz, rosto sério e se vestia de forma simples com uma calça jeans desbotada, blusa regata preta sem detalhes e uma bota. Seus cabelos estavam presos em um tipo de coque, mas percebi que seus olhos continuavam fixos em Gonzalez.
Eles se conheciam?
Gonzalez parecia ignorar tudo o que acontecia até erguer o rosto e encarar a desconhecida sem qualquer traço de ter a reconhecido.
— É realmente você. — A desconhecida murmurou baixo, só não o suficiente para que eu escutasse.
Estava no meio de alguma coisa amorosa não resolvida? Estava prestes a perguntar quando Gonzalez fez a pergunta que eu tanto queria fazer.
— Quem é você?
A desconhecida ergueu a sobrancelha em um claro sinal de aborrecimento, cruzando os braços em frente ao seu corpo. Estalou a lingua, rindo depreciativamente.
Pelo menos foi a minha impressão.
— Você é realmente um filho da puta! — Sua voz calma dava um belo contraste para o seu rosto raivoso.
E Gonzalez, ao contrário do que se esperava, sorriu muito contente ao assentir, concordando com ela.
— Sim. Meu chefe me diz a mesma coisa todos os dias. — Sorriu preguiçosamente ao dar de ombros. — Agora, o que acha de me falar quem é?
— Alisson Scott. Policial Alisson Scott.
— Então é policial da cidade? — Ela concordou. — Não lembro de ter conhecido alguém daqui antes.
— Me mudei. Costumava ser de uma cidade no Oregon. — Olhei para Gonzalez, ficando surpresa ao ver o seu olhar mudar pela primeira vez. Oregon deveria significar alguma coisa? Semicerrei os olhos e impulsivamente comecei a pensar nas possibilidades, ansiosa para descobrir a verdade por trás de tudo. A sensação de querer desvendar tudo e expor foi o que realmente me fez ser uma jornalista.
Mas preferi ficar quieta, escutando a conversa entre eles.
— Você me conhece?
Gonzalez perguntou, talvez, assustado demais. O que tinha acontecido com ele em Oregon?
Não era como se eu estivesse buscando os podres de alguém, só que era irresistível demais para evitar ser tentada.
— Não diria conhecer, mas sei quem você é. Deveria falar aqui?
— Venha comigo.
Ele disse ao se levantar e seguir a saída, enquanto fiquei sentada, observando-os se afastar.
****
Gonzalez
Quais eram as chances de encontrar alguém que conhecia o meu passado?
Aparentemente a probabilidade era maior do que ganhar na loteria. Semicerrei os olhos ao seguir para a saída, escutando os seus passos atrás de mim.
O que ele sabia?
Deveria inventar uma desculpa para prendê-la até a investigação acabar?
— Enrico Gonzalez para onde pretende me levar? — A voz desprovida de emoção dela, me forçou a estalar a língua ao me virar. Fazia um longo tempo que não escutava o nome Enrico.
Alisson Scott manteve suas mãos no bolso da calça jeans sem qualquer traço de medo no rosto.
O caso de Elina já estava fodendo minha cabeça, mas agora só iria piorar.
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Dinastia - Livro 2 de Império
Mystère / Thriller**** AVISOS*** A historia contém cenas desconfortáveis relacionadas a morte, tortura e feminicidio. É a história do detetive que aparece em Império, um tipo de continuação. A morte da jovem pianista, Elina Falcon, sobrinha do governador, foi o únic...