Capítulo 17: A ponta da vida de Gonzalez

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Gonzalez

Eu soube no momento que levantei da cama que o dia seria ruim. Na verdade, péssimo!

Honestamente nunca tinha imaginado a possibilidade de alguém aparecer. Alguem que pudesse conhecer o meu passado. Não era como se eu fosse ser preso ou algo assim, só que não seria o melhor momento para uma noticia tão escandalosa surgir, ainda mais que eu estava envolvido com a destruição de tudo.

Encarei a mulher parada em minha frente tentando conectá-la com o meu passado, suspirando fortemente em seguida. Resolvi deixar parte da minha verdadeira e sombria personalidade aparecer.

Estreitei os olhos ao sorrir friamente. Sabia que meu rosto estava sem expressão assim como meu olhar.

— Alisson Scott, diga-me o que deseja. A sua forma nada sutil de se apresentar não serve apenas para chamar atenção, certo?

Continuei observando-a atentamente sem estar surpreso ao vê-la impassível. Nenhuma pessoa normal abordaria alguém do FBI do jeito que ela fez se realmente e sentir constrangimento ou medo com facilidade.

— A única pessoa que tem algo para temer é você. — Seus olhos pareciam brilhar ao dizer isso. Essa era a sua forma de começar alguma chantagem ou de me mandar parar de investigar o caso? — Não vai me perguntar o que eu sei?

— Mesmo se eu não perguntar ainda fará questão de falar. Essa é a sua única carta na manga para fazer o que quer que seja. — Dei de ombros. Se ela abrisse a boca apenas precisaria suportar a atenção triplicada dos abutres jornalísticos. Nada mais e nada menos.

Finalmente enxerguei algo nela que não fosse frieza. Alisson pareceu surpresa pelo meu comentário tão calmo.

— Não sou como a pessoa que deve imaginar. O que você quer e o que sabe sobre mim?

Ela piscou, suspirou e revirou os olhos antes de falar.

— Participar da investigação ao seu lado. Quero ter acesso as informações em primeira mão.

— Ambiciosa. E o que você tem sobre mim que poderia fazer com que eu entregasse o que tanto deseja?

— Você e Dimitri Petrovis são um tanto parecidos, sabia? — Disse, finalmente, sorrindo. Um sorriso que me fez odiá-la! Alisson Scott era uma filha da puta esperta.

— As pessoas se parecem sem significar algo.

— Realmente, mas é um tanto interessante, já que o pai dele morou em Oregon por um tempo. Período que coincide com o seu nascimento.

Porra!

Filha da puta!

Obviamente já tinham levantado teorias conspiratórias semelhantes, especialmente quando sai em diversas reportagens ao lado de Dimitri, mas foi a primeira vez que alguém tinha uma informação razoavelmente verdadeira.

Alisson tinha me investigado.

Mas com qual proposito? Levando em consideração que para saber tal informação, precisaria de uma preparação.

Semicerrei os olhos, sorrindo. A morte de Elina foi apenas uma coincidência ou apenas parte de algo maior?

****
Alisson Scott

O que uma pessoa mais precisava para acreditar em algo? Apenas o momento certo e as palavras corretas. Não necessariamente precisava ser tudo verdade, tudo que bastava era insinuar sobre algo. E foi isso o que eu fiz.

Por mais que aparentasse estar calma, na verdade, estava muito nervosa. Mentir para um agente federal poderia dar alguns anos de cadeia, ainda mais se isso influenciasse na investigação.

Tudo o que falei sobre Gonzalez era meio verdade e o restante, pura especulação, baseado em fofocas.

Na primeira vez que vi uma foto de Gonzalez e Dimitri Petrovis juntos percebi uma semelhança pitoresca. Algo pequeno até lembrar que já havia o encontrado, visto na verdade, no Oregon. Fazia mais de dez anos, só que ele não era uma pessoa fácil de esquecer.

Tinha visto Gonzalez quando ele era adolescente. Um adolescente odiado por todos na vizinhança, somente pelo fato do seu pai nunca ser visto e de sua mãe ser chamada de promiscua, prostituta, vadia... Ele não teve momentos agradáveis.

Sua infância foi cheia de ostracismo social, ausência de amor materno, ausência da presença paterna, brigas, confusões e nenhum apoio, ao menos que eu tivesse conhecimento. O fato da minha tia morar no mesmo bairro foi apenas uma coincidência, além dela ser a minha fonte.

Ela lembrou ao ver a reportagem, chocante, do caso da seita e as imagens das famílias fundadoras. E dentre eles, estava a fotografia do pai de Dimitri Petrovis. O mesmo homem que, de acordo com minha tia, havia visitado constantemente a mãe de Gonzalez durante um longo período de uns três anos.

Ele poderia ser realmente meio irmão de Dimitri Petrovis? Sim.

Mas tudo era apenas uma forma nada sutil de entrar na investigação e conseguir me sobressair para ter a chance de escapar dessa cidade pequena.

Precisava de uma oportunidade.

Apenas uma pequena chance e tudo daria certo.

Só esperava que Gonzalez não fosse tão esperto ou curioso ao ponto de tentar desvendar quanto era verdade ou mentira sobre tudo. 

CONTINUA....

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora