Capítulo 27 - Buscando Clarice

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Gonzalez

Por quanto tempo uma pessoa conseguiria guardar um segredo? Eu fiz isso por mais de trinta anos. Não ousei falar em voz alta a verdade sobre o meu nascimento. E Alisson fez com que eu quisesse compartilhar um pouco sobre mim. Um pouco sobre o verdadeiro Alessandro Gonzalez Petrovis. Um dos herdeiros ilegítimos da seita onde os Petrovis estavam envolvidos.

A verdade é que o único motivo que me fez aceitar aquela investigação, permanecer na delegacia do Dimitri e me aproximar dele foi para conhecê-lo um pouco mais. Conhecer o meu meio irmão para compreender que tipo ele era e que tipo de pessoa poderia ser por causa do meu sangue.

No fundo queria entender se o mal seria algo inerente à pessoa ou simplesmente influenciado por determinadas circunstancias. E Dimitri me mostrou que não era nenhum delas, tornando-se apenas uma escolha.

Ele tinha sido criado dentro da seita, seguido as ordens de todos do alto escalão e ainda assim manteve seu senso de moral, um tanto distorcido, porém protegeu algumas mulheres que fugiam e condenavam os culpados quando podia. Dimitri lutou do seu próprio jeito contra todos até encontrar uma saída.

Enquanto eu tinha entrado na policia para proteger a minha mãe da injustiça e acabei sendo levado para o FBI por um recrutamento e indicação do meu superior. Inesperadamente acabei me tornando um ótimo investigador, sendo levado de um lado para outro por políticos para ajuda-los a lidar com certos problemas.

A questão é que nada disso era o que eu queria.

Tudo o que eu desejava era proteger a minha mãe com um distintivo. Mas meus esforços se tornaram em vão quando ela escolheu terminar a vida daquele jeito após ter sido rejeitada incontáveis vezes pelo Senhor Petrovis.

Para a minha mãe, o amor de um homem que a usava era mais importante que o meu amor por ela ou o dela por mim. E isso se tornou uma coisa que jamais poderia entender; como uma pessoa poderia amar outra pessoa? Um amor mais profundo do que o amor sentido pelo próprio filho.

De acordo com uma psicóloga do FBI, o problema estava nela e eu não tinha culpa de nada. Mas e daí? O meu cérebro não funcionava assim. E nem queria que funcionasse.

Só queria compreender o quão bom o desgraçado poderia ser para enlouquecê-la e a fazer esperar por ele durante anos. E obviamente foi uma espera decepcionante.

Tudo envolvendo a seita foi decepcionante demais.

O Senhor Petrovis usou a minha mãe pelo tempo que desejava sem qualquer consideração ou responsabilidade afetiva. Mas o que poderia esperar de um homem que sequestrava as mulheres, aprisionando-as em uma vila no meio do nada? Ele agia como realmente era. Sem qualquer enganação ou ilusão.

Mas algumas pessoas simplesmente não enxergavam a verdade ou ignoravam os sinais. Minha mãe foi uma delas.

Foi uma sorte ela não ter sido levada para a vila. O único problema era que sua vida se tornou sua própria prisão.

Ela se aprisionou em um sonho, desejando arduamente um final feliz com um homem criminoso, mentiroso e louco.

Apesar do meu relacionamento com Alisson ter se tornado um pouco mais próximo, a investigação não andava. Olhei para os policiais ao meu redor, ignorando os olhares cheios de desprezos. Eles pareciam gostar de exagerar, ainda mais que o único focado nisso era eu.

A investigação na casa de Elina não deu muito resultado, seu financeiro não era tão estranho assim, sua família não a conhecia e não encontrei com quem tinha um relacionamento. Deveria me focar nisso.

Na maioria das vezes, o assassino conhece a vitima e sempre é o companheiro. Mas como encontrar alguém que ela queria esconder?

A única forma seria rastrear os seus passos. Comecei a digitar no computador, acessando a rede do FBI ao procurar vestígios que pudessem me ajudar. Comecei a verificar as câmeras que tinha acesso próximo a universidade e ao segundo apartamento dela, solicitando as gravações das quais não possuía. Solicitei um período de três meses anteriores a morte das duas vitimas.

Mas e se eu investigasse a segunda vitima, Clarice Gouveia? Isso poderia me ajudar.

Olhei para os policiais ao redor e quando Alisson sorriu para mim, pigarrei um tanto constrangido pela primeira vez. Sorri quando levantei e fui até ela.

— O que sabe sobre a segunda vítima? Clarice Gouveia.

— Não muito. Nunca a vi por aqui antes.

— Vou para a cidade vizinha investigar. — Comentei casualmente, tocando o seu braço e subindo em direção ao seu pescoço. Sorri ao vê-la fechar os olhos quando rocei meu dedo atrás do seu pescoço. Alisson abriu os olhos, sorrindo sedutoramente, mordiscou o seu lábio inferior e me disse para ter uma boa viagem. 

CONTINUA

Dinastia - Livro 2 de ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora