Gonzalez
Após uma longa espera, finalmente, tinham liberado um documento sobre tudo que havia no segundo apartamento de Elina Falcon. Devo admitir que não fiquei nada surpreso, como se realmente esperasse por algo assim. Isso era uma falta de fé na humanidade ou simplesmente em Elina?
— Agente especial, a investigação está ocorrendo bem? — Ergui a cabeça, desviando minha atenção da delegacia bagunçada para o policial parado em minha frente. O que ele queria saber? Essa cidade de merda parecia querer me foder. O nome em seu crachá ajudou a lembrar dele. Policial Jones. Se não me enganava, ele tinha um comportamento muito normal, quase entediante.
— Extremamente — Dei de ombros, encarando-o com um tanto de interesse. Jones nunca demonstrou interesse real sobre a investigação, só que o fato dele ter me questionado sobre o andamento tornava tudo diferente. — O problema é que todos daqui parecem odiar Elina. Fico me perguntando o motivo. — Semicerrei os olhos, sorrindo.
O policial Jones pareceu realmente pensativo, considerando a resposta cuidadosamente.
— É difícil dizer. As pessoas gostam e desgostam das pessoas, às vezes sem motivo.
Apenas assenti como se realmente concordasse, dando espaço para que ele continuasse e sem destruir minhas expectativas, ele fez o que eu queria.
— A família Falcon não é muito bem-vinda, sabe? O fato deles terem dinheiro soa como se fosse ofensivo para a maioria do pessoal que vive com tão pouco a vida toda. Eles acham que é injustiça. — Concordei. De fato era um pouco de injustiça, mas o capitalismo era assim. Um canibal. — Não conhecia Elina tão bem e nem a Edna. Na verdade, mal falei com algum dos Falcon durante a minha vida. Mas Elina não era uma pessoa fácil de abordar quando adolescente.
Ele afirmando que ela não era uma pessoa fácil de abordar era o mesmo que dizer o quanto Elina era problemática. Problema de comportamento? Mas qual?
Precisaria saber quantas pessoas tinham sido vitimas, se existiam.
— O que ela fazia quando era adolescente?
— Coisas idiotas que fazemos quando somos crianças. Perturbando colegas de sala, rindo de piadas ofensivas, coisas assim.
— Acredita que alguma dessas pessoas pode ter guardado rancor dela?
Basicamente estava perguntando se algum morador poderia ser o assassino. Ele negaria, com toda a certeza, afinal deve ter crescido com eles.
— Ninguém guardaria tanto rancor, só uma pessoa... Edna Falcon, a própria irmã dela.
Pisquei realmente confuso. Edna era alguma psicopata mirim?
— A irmã pareceu realmente amar Elina.
— É o que qualquer pessoa acharia se não tivesse as conhecido como toda a cidade. Desde que lembro, Elina humilhava Edna de diversas formas, e nem parecia que eram irmãs, só que Edna nunca revidava. Elas tem um tipo de relação complicada.
Queria perguntar mais coisas, só que ele se afastou ao afirmar estar atrasado para finalizar algum relatório.
Já desconfiava de Edna, mas nunca a tal ponto.
O perfil dela parecia de alguém extremamente apegada. Emocionalmente apegada, Sem qualquer compreensão de limite moral, descontrolada com tendências sérias de controle, além da clara imaturidade emocional. Mas tudo isso seria o suficiente para torna-la uma assassina?
Bem, as pessoas matam as outras por muito menos.
Semicerrei os olhos, começando a ficar cada vez mais cansado dessa merda de caso. Talvez devesse inventar alguma doença ocupacional pra ir embora. Suspirei longamente ao ver Alisson Scott entrar na delegacia e seguir em minha direção com uma confiança bizarra. Ela realmente achava que iria me controlar com uma merda assim?
— Agente, já leu o relatório? — Ela indagou entusiasmada ao ponto de me fazer querer revirar os olhos e foi o que eu fiz. Ela puxou a cadeira, sentando-se em frente a mesa que o delegado sovina tinha liberado pra mim. A mesa ficava em uma área afastada o suficiente do ar condicionado para que eu quisesse mata-lo, e nem sequer conseguia cochilar, já que qualquer pessoa poderia me olhar quando entrasse. Ele parecia ter feito de proposito! — Elina parecia ser bem diferente.
Sua insinuação só me fez revirar os olhos, apoiando os cotovelos na mesa e o queixo em minha mão.
— O que quer dizer?
— De acordo com os relatórios foram encontrado muitos brinquedos sexuais, roupas masculinas, além de imagens dela em poses sensuais. Deveria buscar na internet? Quem sabe o cara que vivesse com ela fizesse isso pra ganhar dinheiro.
— Então acredita que a sobrinha do governador seria tola a tal ponto?
— Algumas mulheres se tornam ao conhecer a pessoa errada.
Alisson disse ao fazer uma breve careta, rapidamente suprida a força. A sua vida não parecia ser como havia imaginado. Deveria investiga-la?
Neguei rapidamente, suprimento a minha curiosidade, ao me dar conta que teria mais um trabalho se fizesse uma insanidade como essa.
— Algumas mulheres, mas não Elina. Ela era a sobrinha do governador e tinha a irmã dela ao lado. Algo assim dificilmente poderia acontecer, eu acho.
Pelo menos era o que esperava pelo fato de Elina estar seguindo a sua própria irmã como uma lunática. Esse tipo de constante vigilância deveria servir para algo assim, não?
Deveria pedir um mandato para as gravações de Edna, preferencialmente as mais antigas. Elina deveria esconder algo.
Alguma coisa que a fazia ser cuidadosa e que poderia alterar o seu humor, implicando em sua calma.
— Um relacionamento. Elina estava saindo com alguém. Uma pessoa que não deveria ser vista pelos outros. — Falei me dando conta de algo tão simples. — Ou ele era casado ou ela estava trabalhando como acompanhante.
Alisson me olhou como se eu fosse louco. Ela realmente acreditava que Elina Falcon era tão superior ao ponto de não fazer algo tão sem sentido?
Homens casados amavam falar que estavam se divorciando, que seu casamento era apenas por obrigação e que logo tudo estaria terminado. Eles inventam histórias tristes, confiando em uma narrativa bem feita para enganar as mulheres.
Voltei minha atenção para o relatório, buscando alguma pista que parecesse imperceptível. Encarei as fotos no documento com muito cuidado, praticamente decorando cada pequeno detalhe.
Meus olhos pousaram uma espécie de convite, amassado próximo a cama.
— Talvez devesse descobrir mais sobre as duas irmãs. — Ergui a cabeça, encarando a policial intrometida. — Conte-me tudo o que sabe sobre Edna e Elina Falcon.
CONTINUA..
E logo o romance vai começar..
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Dinastia - Livro 2 de Império
Mystery / Thriller**** AVISOS*** A historia contém cenas desconfortáveis relacionadas a morte, tortura e feminicidio. É a história do detetive que aparece em Império, um tipo de continuação. A morte da jovem pianista, Elina Falcon, sobrinha do governador, foi o únic...