Capítulo 26

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Camila

Minha respiração para de nervoso quando o Lobão para perto de nós, e seus olhos são verdes e maus. Isso, juntamente com o cheiro de peixe vindo do bar, me faz ficar um pouco enjoada. A tatuagem preta é tudo que se vê em seu rosto repugnante. Não entendo por que alguém iria querer esse animal na pele. É uma tatuagem 3D e o Lobo parece estar subindo em seu olho.
— Bem, se não é a vadia! – ele joga as palavras como pedras em mim, e então olha com desdém por cima de meu ombro. – Onde está seu amante? Escondido na a saia de novo?
Uma onda de raiva impotente me percorre, fazendo minha garganta enrolar firmemente em torno de minhas palavras.
— Ele tinha coisas melhores pra fazer.
Ele estreita os olhos para mim, então para Taylor e o Wallace.
— Só você – diz ele, apontando um dedo no ar em minha direção. — Pode passar.
Começo a passar, mas ele me bloqueia com um braço, e um resplendor vermelho se arrasta lentamente por ele como se estivesse em grande expectativa.
— Você tem que primeiro beijar o lobo. – Olhos brilhando mesquinhamente, ele bate com o dedo no nojento lobo negro em seu rosto, e seus dentes piscam, toda a sua boca coberta com uma grade de diamantes. Meus órgãos param em puro choque e horror com esse pedido, e cerro os lábios em resposta, olhando além de seus ombros, através do pequeno restaurante, até a mesa do canto, onde a Nina se senta. Encontro os olhos de mel dela e o desespero corre por meu corpo ao ver o vazio neles. Como posso deixá-la fazer isso com ela mesma? Não posso. Eu. Não posso. O Lobão quer a sua diversão e quer me humilhar. Ele quer mostrar para mim que hoje é ele que tem o poder. Mas ele não pode me humilhar se eu não deixá-lo ver o quanto o seu pedido me revolta. Freneticamente tentando me convencer de que isso não significa nada, dou um passo aparentemente estável para frente. Mas todo o meu corpo começa a ficar tenso com o que estou prestes a fazer, e um rubor terrível de vergonha queima rápido em toda a minha pele.
— Camila. – diz Wallace em um aviso que também soa como um apelo. Mas ou é beijar a tatuagem estúpida, ou sacrificar a Nina a este homem, ou o risco de envolver o Shawn numa confusão com esses perdedores, e eu também não posso fazer nada disso, simplesmente não posso. O olhar do homem parece uma cobra rastejando em cima de mim quando ele me olha mais perto, mas só posso me concentrar na minha irmã, na mesa atrás dele. Faço uma respiração profunda, proibindo-me de tremer. Quando vou dar o último passo, de repente o seu pedido parece tão impossível quanto me pedir para escalar o Monte Everest e cavar um buraco até o fundo. Meu estômago se revolta em protesto, e estou perigosamente perto do vômito ao ver o lobo preto de perto. Ele tem cheiro de peixe e de um idiota cruel. E eu desejo ter a coragem de tentar chutar a merda para fora dele. De repente, uma vívida lembrança de um programa a que meu pai costumava assistir, chamado “Fear Factor”, me atinge, no qual as pessoas fazem todos os tipos de coisas, como entrar em caixas com cobras vivas e escorpiões. Se as pessoas podem fazer isso por dinheiro, certamente posso fazer isso por minha irmã. Empurrando o meu orgulho de lado e aproveitando a minha determinação, forço meus lábios, que ficam tão sólidos como rochas, e a náusea sobe ao meu peito antes mesmo de eu encostar.
— Olhem para isso, a puta do Shawn está beijando o lobo. – Os capangas cospem as palavras com desprezo, a humilhação e as palavras me fazem querer correr e me esconder com uma força que eu não sentia há anos. Revoltada comigo mesma, rapidamente beijo o ar e caio de volta nos meus calcanhares.
— Pronto, está feito – minha voz treme com repugnância. Sua risada é profunda, escura e terrível quando ele se vira para seus capangas.
— Será que ela me beijou? Será que a cadela do bobão realmente beijou o lobo? Eu acho que não! – Seus redondos olhos verde-amarelados deslizam de volta para mim, e
juntamente com aquele olhar, não estou me sentindo muito poderosa no momento. — Eu não senti o seu beijo. Agora você vai ter que lamber. – Ele irradia sua grade de diamante para mim novamente. Meus olhos se arregalam em horror, e minha determinação de ver a minha irmã vacila lamentavelmente com o pensamento de lamber qualquer parte deste homem. Deus, eu quero correr daqui, minhas veias dilatadas já estão sendo bombeadas de sangue para os músculos, prontas a fugir. Fugir para o carro, de volta para meu Shawn. Wallace me agarra, seu rosto uma máscara de preocupação.
— Camila. – diz ele em advertência, e isso me traz de volta para o que estou fazendo aqui e eu me livro, mais uma vez enfrentando o Lobão. Como posso ir embora? Como vou conseguir outra forma de falar com a Nina sobre essa merda em que ela está? Apenas o pensamento dela nas mãos deste verme humano me enoja. Como é que eu posso vê-la com esse pervertido e não fazer algo para ajudá-la? Engolindo a secura dolorosa na minha garganta, ergo meu rosto de volta com bravata, desesperada para fazer qualquer coisa, exceto lamber o rosto daquele homem.
— Eu vou beijar, você tem a minha palavra.
“Fear Factor”. Você pode fazer isso pela Nina. Se você conseguia fazer cem metros em 10,52 segundos, então pode beijar o mascote desse otário! O mal se esconde em seus olhos quando ele me estuda cuidadosamente e, em seguida, fala com ironia para mim.
— Se você não vai lambê-lo, então vai ter que segurar por cinco segundos, hein? Cadela do Shawn? Vá em frente agora. Beije o lobo.
Ele dá tapinhas no desenho e meu estômago tem espasmos quando me esforço muito para manter minha expressão vazia e mostrar ao inseto humano como estou despreocupada com o seu pedido revoltante. Respirando fundo, proíbo meus joelhos de tremer quando vou à ponta dos pés, apoio meus lábios, de olhos fechados, aversão e raiva apoderando-se de minhas entranhas quando meus lábios batem na pele pintada. Segurando o contato, me sinto envenenada por dentro ao fazer isso durar cinco segundos, meu coração escurecido dentro de mim. Ferido em constrangimento completo e absoluto. Minhas pernas vacilam quando os segundos passam, e meus sistemas parecem paralisar neste purgatório em que cada milímetro do meu corpo é repelido por esta forma podre e só a força de vontade me segura na ponta dos pés. Estes são os mais longos cinco segundos da minha vida. Onde sou humilhada além da humilhação, irritada além da explicação, e me sentindo tão por baixo como quando vi o vídeo de meu acidente no YouTube.
— Pronto.
Com um sorriso nada menos do que repugnante quando caio de volta para baixo, surpresa por ter chão sob meus pés, ele estende seu braço grosso para a Nina, e mantenho minha coluna ereta quando sigo até a Nina, resistindo à vontade de ir para a cozinha e esfregar minha boca. Ela está suja, imunda. Não, não é isso. Eu me sinto suja e imunda, e o pensamento de beijar meu lindo Shawn com essa mesma boca faz meus olhos lacrimejarem e minha garganta se contrair. Já me sinto esgotada no momento em que chego à mesa da minha irmã. Em torno de nós, há mesas vazias com cadeiras de cabeça para baixo espalhadas por toda parte, exceto em nossa pequena mesa, que tem um abajur no centro e pauzinhos para quatro pessoas.
— Nina. – Minha voz é incrivelmente suave, mas por dentro eu sou uma massa de emoções conflituosas, e mesmo ressentimento em relação a minha irmã sentada aqui, me vendo ter que beijar a tatuagem de seu namorado imundo. Mas, vendo a expressão sem vida em seu rosto, sei que a garota do outro lado da mesa, esguia e frágil, pálida e infeliz, não é realmente a minha irmã. Estendo o braço para pegar a mão dela na mesa, fico triste quando ela não me deixa segurá-la e, em vez disso, a enfia debaixo da mesa, fungando. Nos nós olhamos por um momento em silêncio, e parece-me que a visão do lobo preto quase chegando no olho da minha irmã é a coisa mais perturbadora que já vi na minha vida.
— Você não deveria estar aqui, Camila. – diz ela, com os olhos nos homens e em Wallace e Taylor, que esperam em silêncio à porta. Quando nossos olhos se encontram novamente, estou chocada com a animosidade em seu olhar, atacando-me de forma aberta. Uma raiva súbita se apodera de mim também, e quase fecho meus olhos.
— Minha mãe quer saber se você gostou dos crocodilos australianos, Nina. Ela amou o cartão-postal que você enviou e não posso esperar para saber por onde mais você esteve, então? Como eram os crocodilos, irmã?
Há um mundo de amargura em sua voz quando ela responde.
— Obviamente, eu não sei. – Ela esfrega as costas da mão no nariz e olha para longe, carrancuda com a menção de mamãe.
— Nina... – abaixando a minha voz, eu aponto para o restaurante japonês vazio contendo o Scorpion e os três capangas, que nos assistem do bar. — Honestamente, é isso o que você deseja pra si mesma? Você tem a vida inteira pela frente.
— E eu quero viver do meu jeito, Camila.
Seu tom é defensivo, então tento deixar de soar agressiva.
— Mas por que aqui, Nina? Por quê? Mamãe e papai ficariam com o coração partido se soubessem as coisas em que você se envolveu.
— Pelo menos eu não os deixo saber a verdade – responde ela, e esta é a primeira centelha de vida que realmente vejo em seus olhos.
— Mas por que você faria isso com eles? Por que você iria abandonar a faculdade pra isso?
— Porque estou cheia deles me compararem com você – retruca, e então começa a fazer uma voz zombeteira que se assemelha à de nossa mãe quando ela reclama. — Por que você não faz isso como Camila? Por que você não encontra algo significativo para fazer com a sua vida como Camila? Eles só querem que eu seja como você! E eu não quero. A troco de quê? Você perdeu toda a diversão quando era jovem pra ser a grande medalhista de ouro, e agora não tem nada de medalha e nem pode competir mais!
— Posso não correr mais, mas ainda posso chutar o seu traseiro agora! – retruco furiosamente, ferida pelas palavras que ela está me dizendo.
— E daí? – ela continua. — Você foi a melhor atleta na faculdade. Ninguém conseguia parar de falar sobre o quão talentosa você era e em como você ia conseguir. Isso é tudo o que você fez e falou, e agora, olhe pra você! Não pode sequer fazer o que amava e provavelmente vai acabar como a mãe e o pai, vivendo no passado, com suas velhas medalhas de ouro ainda penduradas em seu quarto!
— Para sua informação, eu sou mais feliz agora do que já fui, Nina! Se você tivesse prestado um pouco de atenção, iria perceber que a minha vida continuou, e que eu fui a lugares que nem sequer imaginei que iria. Você quer ser independente? Tudo bem. Vá em frente! Basta ser independente por sua própria conta, e não dependendo de um homem que me faz lamber sua tatuagem para que eu possa ver a minha irmã!
— Eu gosto de que ele seja protetor – ela retruca. — Ele luta por mim.
— Lute por si mesma, Nina. Prometo que vai lhe dar toneladas a mais de satisfação.
Nina funga com raiva e limpa a mão em seu nariz, olhando para baixo, para a luz do abajur, quando um silêncio cai entre nós. Solto a minha voz mais uma vez.
— Você anda cheirando cocaína, Nina?
Minha irmã não responde, o que só serve para dobrar a minha preocupação e frustração.
— Volte pra casa, Nina. Por favor – imploro, minha voz um sussurro que somente ela pode ouvir. Ela toca o nariz com as costas de um dedo, e depois traz seu olhar para mim enquanto continua escovando o dedo em suas narinas. Fungando.
— Vou querer ir pra casa pra quê? Daí posso ser uma “quase-lá aos 22” como você?
— Antes isso do que nada. O que você está realizando agora? Você não quer terminar a faculdade?
— Não, isso é o que você queria fazer, Camila. Eu quero me divertir.
— Sério? E você está se divertindo um monte? Porque eu nem sequer vejo um sorriso no seu rosto. Tanto quanto eu, você pode não gostar do fato de que não consegui alcançar o meu sonho, mas eu já superei isso. Acontece que eu gosto de onde estou agora, Nina. Não é onde eu pretendia estar, é verdade, mas tenho tantas outras coisas. Coisas melhores. Eu tenho um bom trabalho, estou trabalhando com pessoas incríveis, e estou no primeiro relacionamento que já tive na minha vida.
— Com o Matador? – ela zomba. — Esse cara não tem relacionamentos, irmã. As mulheres lançam-se para ele onde quer que vá. Ele passa por elas como os seus adversários, e fode todas elas sem sequer perguntar seus nomes. Eu vi esse cara antes de você aparecer. Não se esqueça de que estive por aqui por mais tempo. Um dia ele vai olhar para alguém, e você ainda vai ser a sua quase-namorada também.
— E o seu precioso Lobão vai querer você por toda a eternidade também? Nina, o homem com quem você está não parece certo – sussurro, roubando uma olhada nele por sobre meu ombro. Ele sorri um sorriso satânico como se estivesse ouvindo cada palavra, e de repente me vejo consumida pelo desejo de que meu homem suba no ringue com este idiota e acabe com ele. E não tenho dúvida de que o Shawn fará isso. Derrubá-lo em um segundo. Talvez, então, Nina deseje abandonar esse otário.
— O Jorge é bom pra mim. – explica Nina com um pequeno encolher de ombros. — Ele cuida de mim. Ele me dá o que eu preciso.
— Você quer dizer coca? – ataco com pura fúria. Suas sobrancelhas franzem, e me arrependo no mesmo instante de tê-la feito entrar em modo de defesa novamente. Um silêncio tenso aumenta entre nós, e aperto minhas mãos em meu colo até que minhas unhas me machucam, enquanto tento me acalmar e raciocinar gentilmente com minha irmã.
— Por favor, Nina. Você merece muito mais.
— Acabou o tempo!
Uma salva de palmas do bar nos alerta e Nina se encolhe, o que só confirma o que eu já suspeitava. Ela não quer estar em casa, mas não queria estar aqui, também. Ela sente que não tem para onde ir, e não pode sair porque tem mais coca no nariz do que eu mesma quero pensar. Merda.
— A menos que você queira beijar o lobo de novo, diga adeus a ela agora. – Lobão está ameaçadoramente ao meu lado, com os olhos brilhando naquele verde-amarelo sinuoso que me diz o quanto ele gostaria de me humilhar mais uma vez. Nina está de pé, e o pânico me atravessa com a possibilidade de não vê-la novamente. Fico de pé, passando por uma gama de emoções desconcertantes. Quero abraçar minha irmã e dizer-lhe que vai ficar tudo bem, e ao mesmo tempo quero dar um soco nela por ser tão teimosa e estúpida. Em vez disso, vou ao redor da mesa para abraçá-la, ignorando a forma como ela endurece quando viro meus lábios em sua orelha e falo macio como algodão para ela.
— Por favor, deixe-me levá-la para o Rio de Janeiro. No final da luta em Nova York, me encontre no banheiro das mulheres e eu vou ter duas passagens pra casa. Você não tem que ficar lá, mas precisa de um tempo pra pensar nisso. Por favor. – Afastando-me, olho para baixo de forma significativa, bem para o seu rosto. A sombra de alarme toca sua expressão, ela assente, funga, e se vira para sair, e vê-la recuar indo para a saída dos fundos me faz sentir como se eu tivesse acabado de perder algo muito querido para mim. Minhas entranhas estão fundas, sinto os olhos verdes de Lobão em mim quando vou embora com o Wallace e a Taylor e não posso afastar a sensação de sujeira completa e absoluta em mim.
— Alguém tem algo pra fazer bochecho? Acho que vou ter uma erupção na boca – peço, enquanto Wallace nos leva de volta. Taylor franze a testa, pensativa.
— Não entendo por que o que você fez lhe pareceu tão doentiamente errado, quando não era lá grande coisa. Quer dizer, já beijei homens grosseiros em partes mais grosseiras de sua anatomia, sabe? O que você fez não era grande coisa.
— Claro que foi grande coisa, caralho! – Wallace fala com raiva atrás do volante. — Camila, é péssimo pra mim dizer isso pra você, mas o Shawn vai descobrir o que houve e vai ficar enormemente, gigantescamente NEGRO!
Meu estômago aperta, e balanço a cabeça enquanto me esforço para manter a calma. Eu beijando a tatuagem imunda é algo que sinceramente nunca mais quero lembrar. Nunca. Novamente.
— Ele não vai saber se você não contar, Wallace. Vamos todos relaxar, certo?
— Do que ele está falando? – Taylor pergunta, genuinamente perplexa. — O que vai ficar negro?
— Esses homens vão garantir que ele saiba, Camila. E vão fazer isso da forma mais dolorosa – insiste ele. Minha testa franze enquanto me pergunto se isso é o que eles tinham a intenção de fazer quando cheguei. Foi tudo planejado para fazer o Shawn descobrir? Balançando a cabeça, olho para os acusatórios olhos claros de Wallace através do espelho retrovisor.
— O que você esperava que eu fizesse, Wallace? Eu não tenho os punhos, como aquele bastardo tem, e preciso usar de outros meios pra conseguir o que quero, e o que eu quero é que a minha pobre irmã saia dessa vida de merda dela!
— Jesus, eu peço a Deus que ela valha a pena.
— Vale, Wallace. Ela vale. A Nina vai aparecer após a luta final em Nova York. Ela é minha irmã. Eu beijaria a calçada e lamberia um vaso sanitário pra me certificar de que ela esteja bem, você tem que entender!
— Isso é tão nojento, Camila – grita Taylor, rindo.
— O Shawn é como um irmão para mim, Camila. Isso vai... – Wallace balança a cabeça e parece jogar toda a sua raiva em seu cabelo, esfregando com os dedos. — Vamos torcer para ele não descobrir que você... – Ele balança a cabeça novamente, puxando outro punhado de cabelo. — Ele fez toneladas de coisas por mim. Para a minha família, quando meus pais ficaram doentes. O Shawn é um puta cara bom. Ele não merece...
— Wallace, eu o amo – as palavras simplesmente são arrancadas de mim, da minha dor e frustração de ter beijado o inimigo dele. — Você acredita que deliberadamente eu iria machucá-lo? Eu não quero que ele se envolva nisso porque eu o amo. Você não pode ver? Eu não quero que ele vá ficar negro por minha causa. Meu Deus!
Wallace para em um semáforo, em seguida, procura os meus olhos no espelho retrovisor de novo, franzindo os lábios enquanto acena com a cabeça.
— Eu entendo, Camila.
Sinto-me instantaneamente vulnerável e revelada, e me contorço no meu lugar.
— Por favor, não diga a ele. Não apenas sobre o desastre de hoje. Sobre a outra parte.
Ele balança a cabeça em silêncio, e quando estamos todos caminhando para o nosso quarto, acrescento:
— Wallace, obrigada por nos levar. – Ele assente com a cabeça, e quando vai embora, ignorando a Taylor, ela dispara toneladas de facas invisíveis em sua direção com os olhos.
— Esse cara me dá nos nervos.
— Acho que você faz isso com ele também.
— Você acha? – Ela fecha a cara para mim, então seus olhos se arregalam em descrença pura. — Quer dizer que ele não gosta de mim?
Suspirando por causa de sua obtusidade, eu a empurro na direção dele.
— Tay, vai pegar o cara.
— Eu nem gosto dele – argumenta ela, mas já voltei para entrar no elevador até a cobertura, e deslizo a chave do nosso quarto com uma antecipação selvagem de vê-lo. Ele está sentado à mesa, com seu notebook aberto e com a sua música nos ouvidos. Levanta a cabeça quando me aproximo, e quando seu rosto corajosamente bonito, com aqueles olhos devastadores, me olha, minhas entranhas estremecem de um jeito incontrolável. Seus cabelos castanho soltos brilham na luz suave do quarto de hotel, e nas confortáveis calças de moletom e uma camiseta apertada, ele exala masculinidade pura. A visão da plenitude de sua boca abre uma fome voraz em mim, e eu apenas me dobro com a dor física de querer essa boca. Seus braços em mim. Sua voz, me dizendo que tudo vai ficar bem. Porque cada segundo que passa, eu me odeio mais e mais pelo que fiz. Mas o Shawn tem me protegido de seus fãs, e eu gostaria de protegê-lo disso também. De tudo. Especialmente do Lobão. Vou protegê-lo para que a única vez em que ele terá que enfrentá-lo seja sobre o ringue, onde terei prazer em vê-lo fazer aquele bastardo desejar já estar morto. Perto de explodir com todas as minhas emoções, pulo em seu colo, em seguida tiro os fones de ouvido e os coloco brevemente sobre a minha cabeça, para que possa ouvir o que ele estava ouvindo. Um rock maluco explode em meus ouvidos e enrugo a testa em confusão. Ele me olha com olhos marrons escuros entreabertos quando se inclina para beijar o meu nariz, segurando meu queixo enquanto seu polegar corre sensualmente em minha boca. Meu estômago dói, e tenho medo que o Shawn possa realmente ver o medo e o nojo que estou guardando dentro de mim. Soltando seus fones de ouvido em cima da mesa, fico de pé e corro para o banheiro, sentindo-me tão violada que escovo os dentes e faço bochechos até minha boca ficar inchada. Mal dou um passo para sair quando de repente preciso voltar e fazer tudo de novo. Pela terrível sensação na minha pele, juro que poderia ter um escorpião vivo rastejando sobre minha bochecha, e a sensação me devora viva. Finalmente volto ao quarto. Minha boca está com sabor de menta e até meus lábios parecem dormentes com a limpeza. Shawn colocou seus fones de ouvido de lado. Toda a sua atenção está sobre mim, suas sobrancelhas escuras criando um vinco enquanto acompanha meu retorno. Ele parece confuso e um pouco desconfiado. A visão dele me deixa emocionada, e tenho medo de desabar a qualquer momento. É horrível sentir que não o mereço mais, mesmo quando tudo o que eu queria era mantê-lo a salvo e sem envolvimento. Nunca quis cuidar de alguém na minha vida como quero amar e cuidar dele. Um nódulo doloroso se constrói dentro da minha garganta.
— Shawn. – minha voz sai grossa, meu coração está batendo forte, porque não sei como vou lidar se ele me questionar sobre esta noite. — Você poderia me abraçar um pouco?
Quero desesperadamente meu lugar especial em seus braços, o lugar em que me encaixo como em nenhum outro. Ele faz com que seja o recanto perfeito para mim, me abrigando como um ninho e mais quente do que qualquer coisa. Eu o quero tanto, meu coração dói no meu peito. Eu espero, tremendo um pouco, e acho que ele percebe e cede.
— Venha aqui – diz ele em voz baixa, empurrando sua cadeira para trás enquanto estende o braço, ansiosamente me aconchegando em seu abraço masculino. Ele ri quando me contorço para chegar mais perto, e estou agindo de um modo tão carente que suas covinhas dão uma olhada, o que parece agradá-lo.
— Saudades de mim? – Seus olhos dançam quando fecha a mão em concha no meu rosto e sinto todos os seus calos no meu queixo e em minhas bochechas, e esse sentimento reconfortante que só o Shawn pode despertar em mim.
— Sim. – suspiro. Ele me traz para mais perto e me segura em seu peito enquanto desce os lábios para os meus. Nossas bocas se encontram com suavidade, depois se conectam e ele me abre, com uma respiração leve que reclama a minha boca, sua língua enviando arrepios de desejo por mim. Seus dedos delineiam as curvas dos meus seios enquanto ele arrasta sua boca ao longo do meu maxilar e afunda o nariz na parte de trás da minha orelha, me inspirando, gemendo baixinho de prazer, e o sangue bombeia em meu cérebro, pulando animadamente do meu coração.
— Shawn... – imploro, agarrando sua camiseta e empurrando-a até seus ombros. Ele pega a camiseta na mão e com um puxão a joga por sobre a sua cabeça, e eu rapidamente corro minhas mãos sobre o peito, beijando cada parte que alcanço.
— Senti tanto sua falta – desejo com emoção, beijando sua clavícula, seu maxilar, agarrando seu cabelo e pressionando meu rosto em seu pescoço, qualquer coisa para chegar perto desse homem. Ele me engole em um grande abraço e acaricia minhas costas, então segura meu rosto enquanto fala baixinho:
— Eu também senti sua falta. – E dá um beijo em meus lábios, em seguida um na ponta do meu nariz, e outro na minha testa. Tremo com a sua confissão.
— Mas senti falta de sua voz. De suas mãos. Sua boca... De estar com você... Te observando... Te tocando... Cheirando você... – Eu paro. Ele cheira tão bem, limpo e viril. Pego os lábios dele com mais desespero. Ele corresponde ao meu beijo, devagar no início, depois com mais intensidade, desabotoando a camisa e rapidamente me deixando nua, as mãos agoniadas. Sei que ele não consegue se expressar em palavras como eu, mas posso sentir a sua urgência fervente quando agarra meus quadris e me puxa de volta para o seu colo, como se precisasse estar dentro de mim tão ferozmente quanto preciso dele para me preencher. Estou nua e ele ainda está usando sua calça de moletom, mas estou morrendo de amor e da necessidade de me expressar fisicamente a ele. Todo o meu corpo se aperta quando sua ereção se instala quente e pulsando entre as minhas coxas, e há uma enorme necessidade de dar a ele algo que eu nunca tinha dado a qualquer homem antes. Tremendo sem controle, deslizo entre suas coxas poderosas ao mesmo tempo que ele puxa para baixo suas calças e as empurra parcialmente para baixo de seus quadris. Vejo um vislumbre de sua tatuagem de estrela e, depois, seu pênis ereto aparece livre, e no instante em que meus joelhos batem no tapete, meus dedos e mãos estão envolvendo todo o seu calor, a sua dureza, os testículos pesados, tudo completo e preparado para mim.
— Quero te beijar aqui... – minha voz ondula de desejo quando olho para o rosto dele apertado de luxúria através dos olhos que mal posso manter abertos pelo desejo. — Quero me afogar em você, Shawn. Quero o seu gosto... em mim...
Um som de um homem faminto que está sendo completamente satisfeito de prazer borbulha até sua garganta quando levo o pau à minha boca, e ele agarra meu cabelo com todos os seus dedos enquanto balança os quadris lentamente até a minha boca, com gentileza me dando o que eu pedi e recebendo o que eu quero desesperadamente dar. Meu sexo queima molhado com cada gota de sêmen que provo, e estou tão intoxicada com este homem que não posso parar de apreciar o olhar rude no rosto dele, enquanto corro a minha língua ao longo de sua enorme extensão rígida. Ele está tão sem controle quanto eu quando adiciono os dentes, chupo sua ponta, e depois o levo até a minha garganta até que eu tenha de suprimir o meu reflexo de vômito, e ainda estou morrendo por mais, nunca vou ter o suficiente deste homem, e quando ele está bombeando fora de controle em minha boca, e seus dedos revolvendo meu cabelo, e seus músculos estão se apertando para o orgasmo, de repente percebo que seus olhos estão um pouco menos marrons quando me observa.

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