Camila
Ele olha para o meu rosto, os olhos fervendo de desejo. Acho que concordei com a cabeça, mas estou muito instável para ter certeza. Uma febre escaldante se libera por meu corpo. Minhas pernas não vão parar de tremer enquanto todas as minhas células não gritarem de tesão, porque eu o quero agora. Eu o quero agora.
— Shawb, eu quero você, me coma! – grita uma mulher, mas ele a ignora, ignora tudo. Menos eu. Com olhos escurecidos, ele raspa os lados do meu rosto com as pontas de seus grandes polegares calejados, então espalha os dedos abertos sobre meus cabelos enquanto me beija de novo, nossas bocas quentes e úmidas ao mesmo tempo em que se misturam, sedentas e ansiosas. Aperto o cinza suave da camiseta dele em meus punhos, morrendo com as sensações. Não me importo com quem está assistindo, alheia às coisas pornográficas que estão falando. Eu não tinha percebido o quanto quero isso, preciso disso, até que esses arrepios começaram a ondular em mim, e me vejo em um fluxo sob sua boca insistente, o olhar dele que me faz sentir como se fosse a única mulher existente para ele.
— Leve ela pro seu quarto, Mendess! – grita alguém. Mas ele parece absorto só em mim, e eu nele. Segurando-me de forma protetora em seus braços fortes, ele escova meu cabelo para trás enquanto seus lábios se movem ao longo da curva nua do meu pescoço, os dedos deslizando para cima em minha nuca, e ele mais uma vez, como um mantra, fuça em meu ouvido e diz:
— Minha. Hoje à noite.
— Você também. – Seguro seu maxilar e procuro seu olhar escuro quando, subitamente, ele é agarrado por quatro homens que de modo rápido o balançam no ar mais uma vez.
— Shawn, Shawn! – eles cantam em juntos. Risos me preenchem e bolhas de felicidade explodem dentro de meu peito. Estou feliz por mim. Por ele. Por esta noite. Perto dali, Guilherme e Wallace estão assistindo à cena com rostos tão sombrios e preocupados que até parece que estão enterrando alguém.
— Divirtam-se, caras! – digo, rindo, quando me aproximo. Muito possivelmente, meu avô devia se divertir muito mais que esses dois numa festa. Mas eles apenas balançam a cabeça e continuam bem tristes.
— Ele está ficando acelerado – Guilherme murmura para que, principalmente, Wallace o ouça.
— Eu sei, cara. Merda.
— É. – Gui coça a cabeça. — Fui eu mesmo que instiguei essa festa?
— Prepare-se pra um pouso forçado – retorna Wallace, e então ele desce o corredor, jogando a cabeça de um lado e de outro. A confusão me atinge.
— O que há de errado? – pergunto a Gui.
— Nada. Ainda. – Ele olha para seu relógio, então para Shawn enquanto volta ao bar. — Mas nada deve sair de uma forma de que ele não goste, ou então estaremos em apuros. Grandes apuros.
Olhando em volta, vejo que há apenas sorrisos e gargalhadas enquanto um rock louco sai do iPod de Shawn pelos alto-falantes da suíte. De fato não sei com o que esses dois estão se preocupando. Todo mundo está se divertindo, e Shawn trabalha tão duro quanto qualquer pessoa que eu já conheci. Ele merece se soltar. Sim, ele está um pouco agitado demais, mas para mim é óbvio que é resultado da luta que ele ganhou, e a isso se adicionou a mesma coisa que fez com que nós dois, Rafael e eu, ficássemos nos contorcendo como cobras por semanas. Durante todo o dia de hoje, quando viemos colocar a nossa mala em nossa suíte, e descemos para almoçar com a equipe, e ele se preparou antes da luta, a cada instante desses momentos nossos olhos ficaram buscando um ao outro de modo selvagem, e assim que se encontravam, as faíscas saltavam entre nós em arcos tão poderosos que a necessidade de estar com ele me corta como chicotadas. Mesmo durante a luta, quando ele se virou para olhar para mim antes de começar, seus olhos marrons ferviam com um apetite feroz para me ter. Sei que ele sente a mesma fome que sinto agora, enquanto espero, febril, em antecipação por esta noite. Meu corpo se agita na excitação, e depois de uma luta incrível, sei que Shawn está zumbindo como um louco. Ele está todo excitado. animado e preparado. Sua energia é tão poderosa hoje à noite que ele realmente suga cada célula e átomo do meu corpo, me banhando na pura consciência feminina de sua masculinidade quente. Agora vejo como ele derrama algumas doses de tequila por trás do bar, e uma loira impressionante ao seu lado espreme suco de limão em seu decote e adiciona um pouco de sal, apertando em seguida um copo entre seus peitos bem espremidos. Ela puxa o pulso do Shawn para que ele venha buscá-lo, e o ciúme aperta todos os meus músculos internos, que apenas se soltam quando Shawn agarra o homem mais próximo e empurra o rosto dele em seus seios, rindo alto e viril e pegando os dois copos que ele tinha servido e começando a voltar para mim. Seus olhos prendem os meus, e ficam escuros e selvagens. Tão escuros e selvagens como a agitação nas minhas entranhas. Ele não parece querer festejar com ninguém além de mim, e esse reconhecimento me atinge nos joelhos. Entre as minhas coxas, fico mais sensível e molhada. Ele carrega um saleiro e limões em uma de suas mãos.
— Venha aqui – diz ele, áspero, mas suave, enquanto coloca os dois copos num console perto da entrada. Ele coloca a fatia de limão entre os lábios, e dobra a cabeça para passá-lo para mim. Abro a boca e o suco de limão derrama-se em mim, da boca dele, então ele joga fora o limão e enfia a língua na minha boca. Ele geme, nós dois gememos, enquanto relaxamos e nos beijamos, lambendo um ao outro, até que ele geme mais uma vez e dá um passo atrás para entregar o meu copo. Nunca fiquei bêbada com ninguém, e subitamente fico feliz por ser com ele. Uma alegria imprudente corre pelas minhas veias. Sinto-me travessa e impulsiva, fazendo tudo o que nunca fiz. Tomando o copo entre os meus dedos, bebo o líquido e sinto que ele queima em minha garganta, e quando ele me dá o limão de novo, estou absolutamente louca de excitação. Repetindo a mesma coisa que ele fez, prendo a fatia de limão na minha boca e ele se abaixa e chupa o suco de limão de mim. Um gemido escapa-me quando ele joga o limão longe e o substitui por sua língua. O tesão me rasga, e meus braços vão ao redor de seu pescoço. O copo vazio bate no chão ao mesmo tempo que ele agarra minha bunda, me leva até o console, desliza entre minhas pernas, e enfia a língua na minha boca. Ele empurra seus quadris e sua dureza contra mim, o desespero em movimento atirando relâmpagos por todo o meu corpo.
— Você cheira tão bem... – Ele roça meu ouvido. Suas mãos se apertam nas minhas coxas enquanto ele se esfrega todo duro contra mim. Sua boca sobe até minhas têmporas, depois até meu queixo, e seus lábios descem rápidos e febris sobre os meus.
— Eu quero você agora. Não posso esperar pra me livrar dessas pessoas. Como você gostaria, Camila? Forte? Rápido?
— De qualquer maneira que você quiser – murmuro, intoxicada com a sensação de seus braços, de sua boca e do roçar, através de nossas roupas, de seu sexo contra o meu sexo. Acho que as minhas palavras o fazem se lembrar da música que toquei para ele, porque geme e abaixa a cabeça para mordiscar levemente meu lábio inferior.
— Espere aqui, diabinha– ele diz, e abre caminho para o bar. Tomamos uma segunda rodada de tequila, e ele vai depois buscar uma terceira e uma quarta rodadas, e estou definitivamente tonta na quarta. Eu nunca tinha enchido a cara antes, e não acho que o meu organismo esteja equipado para lidar com isso. Minha cabeça gira quando o vejo ir buscar a quinta rodada com um sorriso tonto. Alguns dos homens mais uma vez o agarram e o atiram para o ar, gritando: “Quem é o cara? Quem é o cara?”.
– Podem apostar que sou eu, seus filhos da puta!
Eles o colocam de pé perto do bar, e então começam a gritar, empurrando um enorme copo de cerveja para ele, gritando e com os punhos batendo no granito: “SHAWN! SHAWN! SHAWN!”
— Calma aí, rapazes – diz Guilherme ao se aproximar, tentando acalmar as coisas.
— Quem diabos é esse nerd? – diz um cara barbudo, e Shawn o agarra e o empurra contra a parede tão facilmente como se ele não pesasse mais que um bebê prematuro.
— Ele é meu irmão, sapo. Mostre respeito, caralho!
— Calma, cara, eu estava apenas perguntando!
Shawn o deixa cair no chão e volta para encher nossos copos de tequila. Sei que ele vai voltar com mais doses, mas as pessoas continuam a detê-lo, e meu estômago está fazendo barulho. Não consigo sentir a minha língua, e tenho certeza de que preciso vomitar. Cobrindo minha boca, corro para o banheiro do menor porém mais próximo quarto, e ignoro o casal transando na cama. Disparo mesmo para o banheiro, bato e tranco a porta, e depois caio ao lado do vaso sanitário, seguro o meu cabelo e mal consigo levantar a tampa quando coloco minhas tripas para fora. Cinco minutos mais tarde, ainda estou nele, ofegante, quando começo a ter um surto de piedade de mim mesma. Ali mesmo no banheiro. Deus. Meu estômago. Meu pobre fígado. Pobre de mim. Estou tão feliz comigo mesma por ter feito trilhas na adolescência em vez de beber essa coisa que mata você. Não consigo acreditar que a Taylor gosta de fazer isso. Gemo miseravelmente enquanto a náusea volta à minha garganta. Penduro minha cabeça no vaso sanitário mais uma vez e em convulsão tudo sai rasgando de dentro mim. Quando acho que acabou, tudo é um borrão e eu ainda estou tonta. Lavo a boca e procuro minhas vitaminas nas coisas que tinha deixado neste banheiro caso preferisse não dividir o banheiro com o Shawn, o que parece ser um grande plano agora que eu posso passar a noite toda vomitando. Pego um complexo B de cor vermelha e um mix de vitaminas C e engulo, e penso que deveria começar a me hidratar, mas sinto preguiça de ter que ir buscar um copo de água, então em vez disso puxo a descarga uma terceira vez, fecho a tampa e deito minha cabeça nela, para o caso de ficar enjoada novamente. Pego o telefono e mando um SMS para a Taylor:
“Estou uma merda! @ bêbada que nem gambba! Mas vou ffoder o rafa se sobreviver a tequila!” Então acho que apaguei.
Quando acordo, minha cabeça pulsa e o barulho lá fora na suíte presidencial é ensurdecedor. Tenho o bom senso de lavar minha boca, acalmar os emaranhados no meu cabelo e lavar minhas mãos. Espio dentro do quarto e os amantes se foram, então vou para a sala em direção ao barulho. Não. Barulho não. Pandemônio. Pisco algumas vezes, com os olhos incrédulos, para tentar absorver a cena que está diante de mim. Não sei o que aconteceu, mas alguma coisa definitivamente aconteceu. Penas de travesseiros rasgados estão espalhadas por todos os lugares. Cacos de vidro estouram sob meus pés enquanto caminho. As pessoas estão se empurrando umas contra as outras, bêbadas e em pânico, na tentativa de salvar-se de alguma coisa. Então eu o vejo. Shawn “matador” Mendes, o homem mais sexy do mundo, está jogando longe tudo o que está em seu caminho, e berrando a plenos pulmões:
— Que porra vocês disseram a ela sobre mim? Onde caralhos ela está? – enquanto Gui, sem paletó e sem gravata, está desesperado para acalmá-lo. Shawn atira um decantador de cristal contra a parede, que estilhaça com um ruído fantástico, e as pessoas gritam de medo e riem, ao mesmo tempo que Wallace está ocupado, mandando-as para fora da suíte pelas portas abertas. Minha embriaguez instantaneamente desaparece, ou pelo menos cai cerca de cinquenta por cento, e com o choque estou quase totalmente sóbria. Entro em ação e começo a empurrar todos os corpos que entram em contato comigo porta afora.
— Fora, fora, fora! – grito como uma alma penada. Shawn ouve a minha voz, se vira e me vê. Seus olhos brilham com algo selvagem quando larga atrás de si o abajur que tem na mão, que bate no chão com uma grande explosão de vidro, e começa a caminhar na minha direção. Mas Gui o pega no caminho, puxando desesperadamente seu braço.
— Viu, cara? Ela assinou um contrato, lembra-se? Você não precisa destruir o hotel, cara.
– Quando Shawn olha nos meus olhos com uma expressão de dor pura, Gui enfia algo em seu pescoço, e as pálpebras de Shawn tremem. Sua cabeça despenca para frente, e eu congelo de horror completo. Nuvens de confusão impedem qualquer pensamento racional quando tento processar o fato de que o Gui, o suave Gui, acaba de dar uma injeção na jugular do Shawn. Wallace continua empurrando as pessoas para fora do quarto enquanto Shawn despenca para baixo e Gui se esforça para sustentá-lo contra a parede mais próxima. Quando conseguimos fazer a última pessoa sair, Wallace passa um dos braços de Shawn em torno de seu pescoço, enquanto o outro fica com Gui. Os pés de Shawn se arrastam debaixo de seu corpo quando os dois começam a puxá-lo para o quarto principal. Ao ouvir sua bela voz masculina, percebo que ele não só parece bêbado agora, mas superdrogado, seu timbre baixo e quase inteligível.
— Não deixa ela ver.
— Não vamos deixar, Shawn.
A cabeça dele pende para frente, como se ele não tivesse forças para suportá-la.
— Não deixe que ela veja.
— Sim, cara, entendi.
Um pavor gelado se espalha por minhas entranhas enquanto ando como uma sonâmbula, aturdida, e o sigo até a porta. Fico ali na entrada, dividida entre ir atrás dele e a minha confusão total sobre o que está acontecendo, mais o meu TOC, que exige que comece a limpar essa bagunça, e também as doses de tequila, que me fazem sentir como uma idiota.
— O que há de errado com ele? – pergunto ao Guilherme quando os dois saem do quarto. Wallace vai direto ao telefone.
— Ele está bem, apenas um pouco acabado. – Gui segura o trinco e fecha a porta. E de repente fico preocupada e seguro o braço do Guilherme como uma tábua de salvação.
— Não me venha com essa merda. O que ele não quer que eu veja?
Minha voz está tremendo, mas estou tão assustada e bêbada e sexualmente frustrada, que acho que se ele não me responder vou entrar lá e esmagar o que ainda sobrou intacto em Shawn. Gui hesita, e depois tira o braço das garras da morte nas quais o prendi.
— Ele não quer que você o veja.
Fico atordoada e sem palavras, mas a minha necessidade de me certificar de que Shawn está bem é avassaladora e ainda tento entrar, mas Gui rapidamente me puxa de lado.
— Veja, ele tem estado acelerado desde que você chegou, e esse tipo de coisa acontece depois dessa agitação toda. Tudo o que ele precisa é de algum tipo de contato físico pra fazê-lo se sentir bem, tirá-lo desse estado, e logo ele fica melhor. Sabíamos que estava chegando, era apenas uma questão de dias. Isso sempre começa quando ele não consegue se acabar no ringue. E o fato de que ficou se arrastando atrás de você como um cachorro no cio não ajudou, Camila.
– E quem deu o direito a você de ficar injetando essas coisas na veia dele, Gui? – exijo, cambaleando em fúria em nome do Shawn.
— Ele mesmo. E milhares de quartos de hotel destruídos, Camila. Já estou com ele há dez anos, e o Wallace também. Ele é o cara que mais dá trabalho que você vai conhecer na vida.
Wallace caminha até nós com uma expressão vazia.
— Já estão a caminho.
— São quantas? – pergunta Gui.
— Três. Novidades. Pra ver se isso vai estimular o apetite teimoso dele.
Quando percebo do que eles estão falando, imediatamente quero socar os dois.
— Três novas o quê? Putas?
Com um novo vislumbre de preocupação, Gui dá um tapinha no meu ombro como para me apaziguar.
— Este é o protocolo padrão, certo? São mulheres limpas e muito caras. Ele nem se importa quem são. A gente não deveria ter deixado ele passar tanto tempo sem transar, especialmente com você por perto. Desculpe ser tão explícito, mas temos que corrigir esse problema agora, e ele não vai conseguir lutar desse jeito amanhã. Vai ser um
milagre se ele sair da cama. Algo sombrio e doente se agitou dentro de mim, prendendo-se violentamente em meu peito.
— Eu não quero essas mulheres aqui – digo a ele, numa calma enganosa. Talvez eu não tenha uma palavra a dizer sobre o assunto, mas lembro-me do beijo de Shawn nesta noite, o toque suave de suas mãos. Suas palavras. Hoje você é minha. A imagem vívida de seu corpo entrelaçado com o de outra mulher me faz desejar voltar ao banheiro e vomitar de novo. Estou um pouco bêbada, ou então de ressaca. Não sei. Mas meu coração dói e meu estômago se agita com o simples pensamento de alguém tocando-o. E de repente preciso cobrir minha boca e correr para o banheiro novamente, para valer. Passei os dez minutos seguintes lá, depois lavei a boca de novo, limpei tudo e saí de volta para a sala no momento em que as malditas prostitutas chegavam. Wallace parecia ter descido ao saguão para buscá-las – afinal, nenhum hotel respeitável iria permitir que essas mulheres subissem sozinhas –, e quando o Guilherme abre a porta para elas, que entram com seus perfumes fedidos e bijuterias brilhantes, eu engasgo, me sinto enjoada e tonta outra vez. Elas são lindas demais, e percebo horrorizada que talvez eu seja do tipo de bêbado que começa a gritar com as pessoas e depois a chorar, porque sinto vontade de fazer as duas coisas. Estou tão furiosa que vou à frente e detenho as mulheres apenas com dois passos para dentro da sala, e as três param quando veem meu cabelo desgrenhado e meu olhar zangado.
— Nós não precisamos mais dos seus serviços, senhoras. Sinto muito por seu tempo, e aqui está pra cobrir as despesas com o táxi.
Agarrando cem dólares da carteira do Wallace, que era o mais próximo e também o idiota que teve a ousadia de chamá-las, empurro as mulheres para o corredor e bato a porta na cara delas. Então me viro, uma carranca mordendo meu rosto:
— Esta é a última vez que você chama vagabundas quando ele está assim – digo, colocando um dedo ameaçador na cara dele, meu coração batendo em pura raiva e proteção. — Sei que não estou em condições de tomar decisões aqui, mas nem ele está. Ele não quer essas mulheres! – e choro. Os homens, ambos completamente sóbrios e sempre bem arrumados em seus trajes de “guarda-costas”, de terno e gravata – exceto Gui, que perdeu a forma hoje –, ficam apenas me olhando em total confusão, fazendo-me sentir como se eu tivesse enlouquecido. Bem?Enlouqueci? Não tenho certeza. Mas meu peito dói por causa do homem no quarto principal e meus seios sobem e descem por causa de minha respiração rápida, enquanto luto para ficar de pé. Eu sei o que esses caras estão pensando. Eu sei que eles querem saber por que diabos não deixei as mulheres entrarem. Eles pensam que eu quero transar com o Shawn, e que eu penso que ele realmente me quer. Pode ser que eu pense isso. Quero desesperadamente pensar que sim. Não quero só transar com ele, mas tenho também sentimentos complicados e profundos por esse cara. Mas o pensamento de outra mulher tocando-o me dá vontade de cuspir fogo. Não interessa que ele não seja meu. O que me importa é que agora o Gui injetou alguma coisa nas veias dele, seu corpo maravilhoso está em modo de espera e seu cérebro está apagado. Se eu puder deter esse pesadelo, farei isso, e acabo de já fazer algo.
— Não estou bêbada agora – atesto para os homens porque eles continuam olhando para mim. Ambos suspiram.
– Vou pra cama, para o caso dele começar de novo quando a coisa desaparecer – diz Wallace, e vai em direção à porta.
— Não entre lá – me adverte Gui, apontando para o dormitório principal. — Durma no outro quarto. Ele provavelmente não vai se lembrar de nada do que você disser agora, e se o que demos a ele desaparecer muito cedo, ele pode ficar mais difícil do que você pode imaginar.
— Tudo bem – minto, e vou para o quarto menor para vestir o pijama, mas não posso deixar as coisas assim. Somente Shawn e eu estamos na suíte, e quando a porta se fecha atrás do Gui, sei que estamos sozinhos. Abrindo meu caminho através do campo minado de cacos de vidro, e deixando de lado a compulsão para limpar tudo, vou para o quarto principal. Minha pulsação é um tambor frenético batendo em minhas têmporas quando vejo a cena. As cortinas estão parcialmente abertas, e sinto uma onda de sentimento de posse e de proteção tomar conta do meu corpo quando vejo sua forma na cama, fracamente iluminada pelos brilhos da cidade. Digo a mim mesma que só quero ter certeza de que ele está bem. Mas estou tão ligada e preocupada que temo que vê-lo não vai ser suficiente, e vou precisar procurar a pulsação dele, ou coisa assim. Entrando silenciosamente, prendo a respiração, e com todo o cuidado para não fazer barulho, fecho a porta atrás de mim. Tiro os sapatos e me aproximo com passos leves, enquanto minha visão se ajusta às sombras. Ele está de bruços sobre a cama, e quando geme meu coração vai à loucura, de dor. Ouço o barulho do lençol e o ranger do colchão quando ele se mexe e sou tão louca por esse homem que poderia comê-lo com uma colher e fazer um monte de outras coisas que nunca quis fazer com mais ninguém. Minha barriga dói quando me lembro dele dizendo a o Gui e a o Wallace que eu não devia vê-lo assim. Será que ele se preocupa com o que penso dele? Quero mesmo contar pra ele que ele é ainda “tudo isso” para mim. Quero dizer uma porção de coisas bonitas. Como ele luta bem. Que eu o acho a coisa mais sexy que já vi. Que me faz andar nas nuvens com seu beijo. Eu sei que eu também precisava ouvir todas essas coisas quando meu mundo desabou, meu corpo quebrou e meu espírito cedeu, e a Taylor segurou minha mão e me disse que eu ainda era a número um. Quero que Shawn saiba que eu também vou segurar um pôster com orgulho dizendo que sou sua fã número um. Mas não consigo falar com essa bola de emoção na minha garganta. Estou sendo roída pela preocupação de vê-lo desse jeito. E o meu fígado não está lidando muito bem com tudo, então estou experimentando mil emoções com as quais nem sei como lidar agora. Acho que só quero acariciá-lo e abraçá-lo, mas tenho medo de que ele vá me expulsar se souber que estou aqui. Eu me inclino mais, nervosa, e coloco a mão em seu ombro. O calor de sua pele lisa escoa em mim conforme sigo para a sua orelha e beijo suavemente seu lóbulo, como ele fez comigo no avião. O cheiro de xampu e o cheiro natural que ele solta, que me deixa louca de tesão, escoa para dentro de mim e não posso evitar deslizar os dedos pelas costas, sobre a curva em volta de suas nádegas. Ele é tão bonito, meu corpo chora de vontade de conhecer o dele. Entendo esse protocolo de fazer “esgotar” essa energia extra. Os atletas competem melhor depois de fazerem sexo e isso foi comprovado em muitos casos. Estas semanas com ele têm sido intensas para mim também, e cada dia me sinto mais desesperada e desequilibrada pela dor da negação do sexo. Levemente, e cheia de arrependimento por nossa noite perdida, toco a curva de suas costas e tremo ao contato de sua pele quente, sedosa e macia, deslizando sob meus dedos. Minha intimidade se aperta com pura vontade, e uma parte egoísta de mim quer desesperadamente que ele abra os olhos, me veja e me puxe para seus braços até que os dois fiquem exaustos e sem fôlego por causa do que está se acumulando. Mas outra parte de mim teme que ele vá me mandar embora. Há uma alta probabilidade de que ele faça isso. Nem mesmo sei por que ainda estou aqui quando fui tão claramente avisada para ficar longe. Talvez eu seja mais fraca do que o Shawn. Talvez eu seja louca. Só quero estar ao lado dele hoje. Ele está sedado, enorme e indefeso agora, e eu sei que ele nunca iria me machucar. O mais silenciosamente possível, vou para a borda da cama e me deito ao lado dele. De repente, ele geme baixinho e rola para ficar de costas, e prendo a respiração quando todo seu belo corpo musculoso é exposto para mim. Minha respiração some. Sua nudez ao luar me enche de água na boca, e fico úmida no meio das pernas, pernas que parecem feitas de algodão. Posso ver cada músculo de seu corpo, ver onde cada um se liga ao outro, e como sua pele se aperta perfeitamente em cada centímetro. Poderia delinear cada músculo com um lápis. Ele é tão perfeitamente viril, estou extremamente quente e encharcada entre as minhas pernas, e desesperada para sentir seus lábios nos meus, sua língua na minha. Quero que ele acorde para eu poder dizer que o quero dentro de minha boca, dentro de mim. Quero arrancar as minhas roupas e colar cada centímetro de minha pele na dele. Quero abaixar e tocar e beijar bem ali, onde ele é tão grande e duro como o resto do corpo. Bem ali, onde ele é muito... homem. Rapidamente, permito que meus olhos o acariciem, por toda a extensão das pernas, pelos quadris estreitos, o belo pau, tão grosso e comprido e aveludado... Subindo pela sexy tatuagem de estrela que eu ainda não tinha visto, subindo pela barriga de tanquinho, o peito duro, o pescoço grosso e poderoso, e seu rosto tão bonito. Os olhos estão fechados, os cílios como duas luas escuras contra as maçãs do rosto,as
pintinhas, o queixo quadrado perfeito, como o resto. Passo um dedo pela barba crescida ali.
— Você é tão lindo, Shawn.
Ele geme e vira o rosto ao toque, e eu passo meu braço em volta de sua cintura e cubro nós dois, ouvindo sua respiração, seu enorme peito subindo e descendo enquanto aperto meu corpo contra o dele para me aquecer. Devo ter caído em sono profundo. No momento em que o despertador do telefone celular toca às cinco da manhã, nenhum de nós ouve, e já são dez horas quando Wallace vem nos acordar, batendo palmas e rindo para tirar nossas bundas preguiçosas da cama, porque o Shawn deveria ir ao ginásio hoje. Wallace demonstra estar mesmo encantado, porque parecia que eu tinha “dormido” com o Shawn. Ele provavelmente estava ansioso para que o lutador “gastasse” o que quer que fosse, fosse com aquelas prostitutas ou comigo. E ele perde por completo a visão de nós dois quando ficamos sentados, assim que ele sai do quarto. Shawn não parece nada grogue no instante em que me nota do lado oposto da cama. Acho que o meu cabelo está bagunçado e devo parecer amassada em cada centímetro do corpo, que é como me sinto, mas não posso deixar de notar seu belo corpo totalmente nu, a coisa mais incrível que já vi à luz do dia. Ficamos nos observando durante vários batimentos cardíacos. Batidas que sinto onde cada beijo que ele me deu na noite passada está gravado, na carne de meus lábios. A luz do sol jorra pelo quarto, e a cama está desfeita, e nós dois sobre ela, e nossos olhos correndo para cima e para baixo. Uma vontade desesperada de saltar para cima dele me percorre, e noto o alerta primitivo que se instala em seus olhos enquanto ele calmamente me avalia de cima para baixo, meu corpo tremendo de luxúria dentro de uma velha camiseta da Disney World que eu ganhei da Taylor. Seus olhos parecem tão escuros esta manhã, juro por Deus que não há uma mancha de marrom naquele olhar caloroso que me devora.
*****
Antes de o Shawn poder perguntar o que estive fazendo em sua cama, me levanto num pulo e vou rapidamente me trocar, insanamente consciente de que seus olhos me seguem pelo quarto. Mas ele não vem atrás de mim.
— Isso é normal. – o Gui dá de ombros no ginásio quando o Shawn não aparece depois de duas horas. — Vá fazer alguma coisa hoje, Camila. Não faz sentido perder seu tempo aqui e não tomar um solzinho.
Juro, a palavra “sol” não é muito bem-vinda depois de uma noite daquelas, mas concordo e vou andar um pouco em Miami, tentando absorver o mix cultural incrivelmente vibrante dos latinos e muito mais, mas eu simplesmente não tenho energia para isso. Nunca fiquei de ressaca na minha vida. É, em definitivo, uma experiência que não quero que se repita nunca mais. Estou seca, não importa a quantidade de água que beba, e enjoada, com a cabeça nebulosa, fraca e me sentindo mal, mal posso abrir os olhos o suficiente para ver para onde estou indo. Mas faço um esforço e decido ligar para meus pais do meu celular enquanto vou até as lojas de Midtown Miami.
— Onde você está agora? – minha mãe pergunta. — Seu pai quer saber se você vai ao restaurante ‘não-sei-como-se-chama’ aquele onde só vão estrelas de cinema.
— Mãe, estou trabalhando – respondo. — Não estou de férias. E se você me disser o nome do ‘não-sei-como-se-chama’ daí vou ter uma ideia do que estão falando.
— Oh, não se preocupe! Mas recebemos um novo postal da Nina! Ela está na Austrália e mandou beijos. Você devia ver a foto da praia, Deus! Aquilo é que é o paraíso. Será que ela viu alguns jacarés de verdade? Ou são crocodilos que vivem lá? Crocodilos ou jacarés?
— Crocodilos, mãe. E acho que têm alguns deles aqui na Flórida, também. Ei, minha bateria está acabando. Ligo no próximo final de semana, tudo bem? Só queria saber notícias de vocês. – Desligo, porque de fato não tinha sido uma boa ideia falar com meus pais hoje. Eles são ótimos e eu os amo, mas são meus pais... Meus pais são intrometidos e dão palpite em tudo, e, naturalmente, me dão nos nervos. Fico ainda mais ressentida com o fato de que os seus sonhos para o meu estrelato mundial estremeceram no dia em que meu joelho fez a mesma coisa, e sei que eles acreditam que eu nunca mais serei capaz de ter uma vida “plena”. Seria muito mais fácil lidar com eles se a Nina fizesse mais do que simplesmente enviar um cartão-postal por mês.Voltando para o hotel, vejo Diana na loja de presentes, e nós compartilhamos um almoço rápido.
— Guilherme me disse que nosso rapaz não está indo muito bem hoje – diz ela, seu tom de voz tanto questionador quanto triste. Escolho a minha salada e mantenho a hidratação com suco natural de frutas, tudo porque minha cabeça ficou pulsando o dia todo. Sei que meu fígado não está acostumado com o tipo de abuso que recebeu ontem. Eu sempre trato meu corpo gentilmente. Hoje ele está bravo comigo por causa da sobrecarga de álcool, das escolhas alimentares ruins, e do desejo insatisfeito.
— Isso acontece com frequência? – pergunto, erguendo os olhos de minha alface com vinagrete.
Ela confirma.
— Entendo – respondo fracamente, e deposito o garfo. — Será que é porque ele não lida bem com álcool ou é algum tipo de problema com raiva reprimida?
— Eu diria que é um problema de raiva, mas não sei com certeza. – Erguendo o chá gelado, Diana se inclina para trás e dá de ombros. – Sou a que sabe menos sobre isso. Tudo o que sei é que o Shawn é um cara difícil. – Ela balança a cabeça de forma significativa, e bebe do canudo. — Muito difícil. Por isso eu quero mesmo que você reconsidere antes de... Quer dizer, lógico, a menos que já... ?
— Nada aconteceu, Diana. – Esfrego a testa e peço a conta. Nós assinamos a conta e ela me convida a ir ao seu quarto para checar algumas receitas, mas prefiro ir à suíte, notando que o Gui e o Wallace mantiveram a porta trancada com o aviso de “Não perturbe” pendurado na maçaneta. Deslizo minha chave e entro para começar, calmamente, a limpar a pior das bagunças. Levo horas para deixar o quarto com uma aparência de ordem, e assim que reúno todos os cacos de vidro numa pilha perto da porta, chamo a arrumadeira e peço uma dúzia de sacos de plástico para transportar tudo. Depois, me jogo no chuveiro. Ainda vou dormir na suíte, não importa que Diana tenha oferecido para que eu dividisse o quarto com ela. É que... não posso ir a outro lugar. Eu queria dormir com Shawn, e agora que estamos dividindo um quarto pela primeira vez, não vou sair e deixá-lo sozinho aqui. Ainda mais se ele não estiver bem. Mas de noite, a suíte está tão mortalmente quieta que meu coração não se acalma, enquanto fico de olhos bem abertos na minha cama, pensando nele, em tudo o que aconteceu. Quero perguntar a o Gui e ao Wallace a respeito do que está errado e, por outro lado, quero que o Shawn me diga. Não sei quanto tempo passa, mas a porta do quarto se abre quando eu ainda estou olhando friamente para a parede. Estou tonta, mas me sento e vejo sua silhueta. Ele deve ter tomado banho. Calças de pijama estão presas em seus quadris estreitos. Seu torso
bronzeado brilha, e seu cabelo está todo molhado e nem um fio cai sobre a testa orgulhosa. Meu coração estremece. Acho que o sedativo se esgotou, já que ele está perfeitamente na vertical, com apenas uma mão apoiada de leve no batente da porta, talvez como apoio. Me endireito em meus braços.
— Você está bem? – pergunto com voz preocupada.
Sua voz é rouca e escarpada.
— Eu quero dormir com você. Apenas dormir.
Meu estômago gira. Ele espera que eu responda, mas não consigo. Quero chorar e não sei por que, mas acredito que por estar de ressaca e perigosamente perto de me apaixonar por um homemque nem conheço. Shawn vem, me levanta e me leva pelo corredor de volta ao quarto principal, para a enorme cama king size desfeita. Ele me deposita na cama, e quando desliza para baixo das cobertas e me puxa para perto, de modo que meu rosto se apoie em seu peito e seu nariz se enterre em meus cabelos, não entendo a enorme quantidade de hormônios que meu corpo libera, mas isso... e estar na cama com ele... me faz sentir muito bem. Muito segura. Muito feliz. Quero desesperadamente pedir que ele me diga o que há de errado. O que aconteceu? Ele não consegue se controlar? Por que eles reagem daquele jeito? Ele tem problemas sérios com violência e raiva reprimidas? Quem o fodeu e o magoou daquele jeito? Acho que pelo fato de ter sido expulso do boxe, e porque, quando se irritou com o tal Lobão na boate, ele ficou perigosamente perto de sabotar a carreira de novo. Mas não penso que esteja com vontade de conversar agora. Ele parece estar gentil e calmo, e o silêncio e a escuridão parecem tão sagrados que não tenho vontade de estragá-los. Em vez disso, deito ao lado dele, com todos os poros do meu corpo gritando e pedindo que a gente se conecte fisicamente. Tento não desejar isso, porque sei que não é o momento. Não sei que tipo de sedativo eles deram para ele, nem quanto tempo dura o efeito, mas sei que mais tarde ele nem vai se lembrar de que esteve comigo. Até mesmo eu posso nem me lembrar. Estou tão cansada e de ressaca que não confio em meus pensamentos neste momento.
— Só dormir, certo? – sussurro perto de sua garganta, embora jure que anseio por esse homem em algum lugar além do meu corpo, além mesmo do meu coração.
— Só dormir. – Ele me puxa para mais perto dele, e posso sentir sua ereção entre nós, ferozmente dura e pulsante, me fazendo tremer por dentro. — E isto – murmura ele. Shawn fecha a mão em meu queixo e coloca seus lábios nos meus com tanta delicadeza que todas as minhas células parecem fundir-se com as dele. Eu gemo e abro a boca, deslizando minhas mãos pelos cabelos dele, sentindo-me um pouco louca ao empurrar meus seios contra o peito dele. Subitamente, quero suas mãos em mim, quero sua língua em mim. Quando ele a esfrega, lisa e quente, contra a minha, sinto que venci o impossível. Tremendo, seguro seu rosto, beijando-o com força. Ele me acalma com a língua, os dedos entrelaçados nos meus cabelos, guiando minha cabeça para o lento ritmo de sua boca. Deus, eu quero que ele me toque em todas as partes onde possa alcançar. Em todos os lugares. Em qualquer lugar. Estou tão inchada e molhada, e sei o quanto ele me quer também. Mas dissemos apenas “dormir” e “isto”, e agora não quero que “isto” pare. Shawn me beija tão lenta e tão profundamente que fico sem respiração. Ele só destrava a minha boca para que eu possa recuperar o fôlego, e então esfrega a língua na minha, acariciando meus lábios, o céu da minha boca e meus dentes. Ele suga, volta, revira. Eu me apaixono por esse beijo bem depressa, e logo já não sei mais nem onde estão minhas mãos, onde estou deitada. Meu corpo inteiro é consumido pela forma como ele fode minha boca, até que meus lábios ficam inchados e dói beijar ele de volta, mesmo que meu corpo frenético queira mais. Quando tenho certeza de que senti um gosto de sangue, da boca dele ou da minha, ou das duas, me afasto para respirar, e noto que o corte na boca abriu de novo. Era ele que estava sangrando dos meus beijos. Gemo baixinho e lambo devagar, e ele geme com os olhos fechados. Enfia os dedos em meu cabelo e empurra meu rosto para a curva de seu pescoço, me abraçando, seu peito subindo forte e rápido debaixo do meu. Os lençóis estão em algum lugar a nossos pés, mas ele é tão quente e acolhedor que eu me aperto tão apertado a seu corpo e adormeço. Quando me agito de noite, sou acordada por aquela sensação nova e estranha de um braço poderosamente construído estar me apertando e me levando de volta para o local onde eu tinha aquecido seu corpo. Minhas extremidades formigam quando olho de relance para o rosto nas sombras e percebo que estou na cama com ele. O Shawn está dormindo, ou pelo menos é o que parece. Então, ele vira a cabeça, as pálpebras entreabertas, e quando me vê, beija meus lábios de novo, lambendo-os suavemente antes de voltar a pressionar o nariz contra meu cabelo, me apertando de volta contra seu corpo.