Capítulo 26

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"Tudo que eu sabia

Esta manhã quando acordei

É que sei de uma coisa agora

Sei de uma coisa agora que não sabia antes"

Isso só podia ser uma armação da minha mente

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Isso só podia ser uma armação da minha mente. Um delírio da minha cabeça. Eu só podia estar vendo alguém parecido com Alp e achando que era ele. Porque não poderia ser. Ou poderia? Mas eu o vi ser baleado. Lembro de quando fugi com minha mãe às pressas deixando meu pai para trás com um tiro na cabeça e meu irmão com um tiro no peito, bem perto do coração. Passei dez anos com a certeza de que eu os tinha perdido, mas agora eu estava de frente para um homem que parecia muito com ele. Quer dizer, tinha a aparência mais velha do que eu me lembrava, mas tinha se passado dez anos. Mesmo assim, eram seus traços. Eu o reconheceria em qualquer lugar. Sempre disseram que éramos um pouco parecidos, apesar de Alp ter os olhos castanhos e o cabelo mais escuro que o meu. Ele agora também não usava mais barbar, como usou desde que os primeiros pelos surgiram em seu rosto.

Só podia ser ele. Nos segundos em que eu fiquei estático, totalmente sem reação e apenas conseguindo encará-lo, mil emoções passaram por mim: incredulidade, espanto, saudades e medo. Eu revivi todas as cenas daquela fatídica noite. Lembrei do sangue saindo do corpo desfalecido do meu irmão. Lembrei do desespero da minha mãe quando eu tive que dizer para minha mãe que eles estavam mortos e como tive que forçá-la a continuar seguindo em frente, para não morrermos também. E agora ele aparecia aqui na minha frente. Como? E por que só depois de tanto tempo? O que tinha realmente acontecido? Como ele tinha sobrevivido? Era possível que meu pai também estivesse vivo? Mas eu vi seu crânio totalmente desfigurado pela bala, era impossível sobreviver aquilo.

Eu não sei quanto tempo fiquei assim meio fora de ar, não conseguindo reagir de forma alguma. E então, de algum jeito, percebi o silêncio que se estendia pela sala e pelo canto do olho vi Eda me olhando, estranhando minha reação. Vi que estavam esperando que eu me manifestasse. Abri a boca, tentando dizer algo, qualquer coisa, mas tudo o que saiu foi:

- Irmão?

Aquilo parecia surreal demais. Meu coração batia acelerado e parecia retumbar em meus ouvidos. Eu estaria sonhando? Ou era só uma peça pregada pela minha cabeça? Eu me sentia completamente perdido. Totalmente e completamente. 

Mas minha única palavra pareceu ser o suficiente para que Eda entendesse. Ela nunca conviveu muito com minha família, principalmente porque, da mesma forma que foi difícil para a família dela me aceitar, meus pais também nunca quiseram se aproximar muito de Eda. Mas ela já havia visto Alp outras vezes, e talvez agora, por trás de todas aquelas mudanças que ele teve ao longo desses anos, ela o estava finalmente reconhecendo. Ela olhou para ele e para mim, e depois para ele novamente. 

-Alp? - ela perguntou. 

E então ele finalmente reagiu. Sorriu para mim e disse:

-Oi, Serkan. É bom finalmente te reencontrar. 

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