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De volta a meu quarto, agora completamente sozinha.
Já estava quase amanhecendo e não havia motivos para tentar dormir, me pego imaginando uma vida diferente daquela. Uma com a qual jamais teria cogitado viver antes.

Uma casa no campo, com várias platinas e árvores frutíferas, longe de toda aquela agitação da cidade, longe das mortes e de tudo o que ela representava. Mesmo em todos os cenários que apareciam sem avisar em minha mente, até morar numa ilha e ter um peixinho de estimação chamado Jorge, em todos eles, a única coisa consistente era a presença do Sukuna.
A imagem dele tirando leite das vacas me era muito reconfortante, mesmo sabendo que ele logo a mataria pra fazer hambúrguer.

Parecia tudo tão perfeito que começo a ficar irritada com a realidade, bosta de vida complicada, nada é fácil, sempre tem algo para atrapalhar nossos planos.

Calma S/N, respira, vai dar tudo certo.

Vejo o brilho do sol nascendo pela pequena abertura na janela, o dia com certeza ia ser longo e entediante.
Teria que ficar em meu plano de achar o dedo, claro que teria de fazer isso sozinha, afinal, ninguém pode desconfiar que estaria atrás dos amuletos do Sukuna.

Se eu comer o dedo e não morrer, o Sukuna vai me matar por fazer isso.

Enfim, melhor pensar nisso depois, afinal eu já tinha me decidido.

Me levanto para trocar de roupa e ir para o campo, logo que saio avisto Gojo com aquele olhar de tarado que só ele conseguia fazer.

Gojo -- Boas novas S/N -- Solta alegre já escorando seu braço em meu pescoço.

S/N -- Bom dia pra você também, por que tão animado? -- Pergunto desconfiada.

Gojo -- Ué, só falta uma semana para começar os jogos, e estou animada com toda a confusão que vai rolar -- Mas antes disso, tenho uma missão para você e Nobara.

Essa poderia ser a oportunidade perfeita para conseguir encontrar o que precisava.
Porém algo ali não cheirava bem, provavelmente por que esqueci de tomar banho, mas não era só isso.

S/N -- Tá, qual a pegadinha?

Gojo -- Nenhuma, vocês só vão investigar algumas mortes suspeitas perto de uma cabana abandonada. -- Coloca seus braços atrás da cabeça em sinal de tranquilidade.

S/N -- E por que vamos só nós duas?

Gojo -- Porque os meninos irão a outra, acredito que vocês estejam chegando a um nível de que não irão mais precisar ir todos para conseguir derrotar uma simples maldiçãozinha.

Acho que ele esqueceu o que houve da última vez, o meu quase falecimento não deve o ter afetado tanto.

S/N -- Você acha mesmo isso? -- Digo relutante.

Gojo -- Não... Mas os caras lá de cima querem que vocês evoluam, ou algo assim -- Começa a fingir estar olhando para suas unhas -- Pelo menos foi o que me disseram.

S/N -- E você já falou com a Nobara?

Gojo -- Ainda não, vim falar com você por que acho que querem mandar você pra lá para que morra -- ele me olha preocupado -- Acredito que crêem no seu fracasso eminente.

S/N -- Humm, gente boa essa né -- O que mais me preocupava não era minha segurança, mas a de Nobara que estaria correndo tanto risco quanto eu -- Você tem alguma informação sobre o lugar?

Gojo -- Apenas as mortes suspeitas e uma energia estranha vinda de lá -- Para numa máquina de salgadinhos e pega uma barra de chocolate -- Não consegui investigar muito a fundo, estão me deixando de fora de certas situações.

S/N -- Chocolate logo de manhã? a glicose tá como? -- Pergunto rindo de sua cara.

Gojo -- Ei docinho -- Ele diz me encarando -- Eu estou nervoso, e esse corpinho precisa de uma dose de alegria diária.

S/N -- Se você diz.. -- Ele sempre conseguia me deixar envergonhada, de uma forma ou outra a imagem que tinha dele era de um velho tarado, um veio tarado charmoso.

Gojo -- Voltando ao assunto.. -- Ele me traz de volta a realidade -- Só quero dizer para tomar cuidado, converse com a Nobara, vocês tem uma boa relação, acredito que será mais fácil se ela estiver a par da situação.

S/N -- Certo, vou ver o que ela acha que ser jogada aos lobos -- Sorrio para ele em tom de deboche.

Ele claramente não entende o sarcasmo e caminha saltitante como uma gazela albina em direção ao quarto de Itadori.

Quando estava me virando para seguir meu caminho, ele me chama e grita.

Gojo -- Infelizmente isso também vai atrasar nosso encontro de hoje, mas não fique triste -- Solta uma piscadela -- Logo eu a levo ela sair.

S/N -- Ata.. -- Droga, eu havia me esquecido disso, e do café da manhã com minha mãe.
É vdd, eu tinha uma mãe...

....

Sentada numa arquibancada vendo meus colegas lutarem entre si, acabo voltando minha atenção a um senhor que aparece ao longe, careca com apenas uma barba branca e a cara quase derretendo de tão velho.

Pobre coitado, está fazendo hora extra na terra.

O observo caminhando ao lado de um homem alto de cabelos negros, diferente do senhor idoso, ele parecia jovem e muito bonito.
Acredito nunca ter visto no campo, certamente algum convidado que ajudaria nas preparações do jogos.

Sou tirada de meu transe por uma voz feminina que me chamava.

S/N...

Me viro e vejo Nobara se sentando ao meu lado.

S/N -- Oiê, como você está? -- Pergunto simpática.

Nobara -- Bem até, mas as segundas conseguem ser tão chatas que me dá uma leve vontade de morrer -- Fala de jogando para traz e encostando sua cabeça num dos bancos -- E você?

S/N -- Bem... -- Estava na hora de comentar sobre a aventura que teríamos de fazer -- Escuta, tenho algo pra lhe contar...

Conto para ela tudo o que Gojo havia me dito, sobre a missão e sobre estarem tentando me matar.

Nobara -- Por que você acha isso? -- Ela pergunta curiosa -- Digo... Eles estarem tentando te matar.

S/N -- É uma longa história -- Tento mudar de assunto -- Mas claro que você vai correr perigo indo comigo.

Nobara -- Tudo certo, quer dizer... A gente corre riscos o tempo todo e essa missão não vai ser diferente. -- Ela me abraça -- A gente até já se beijou, eu não vou deixar você ir sozinha.

S/N -- Obrigada.. -- Retribuo seu abraço...

Nobara -- Me agradeça depois, se a gente sair vivas dessa..

Ela gargalha, o que me faz rir junto.
A única coisa certa aquela hora, e que teríamos que estar prontas para qualquer coisa que acontecesse....

Desejos de uma Maldição (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora