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Sinto uma gota de suor percorrer minha espinha, não era muito boa em esconder meu nervosismo. Na verdade, eu só tinha que tentar distrai-lo para que Nobara conseguisse fugir sem ser pega.

S/N -- Por que você quer isso? -- Pergunto apertando com ainda mais força a caixinha em minha mão.

Mahito -- Você parece uma boa garota e tudo mais -- Passa a mão sobre seu cabelo como se estivesse entediado -- Mas isso é assunto meu com seu namorado.

S/N -- E como você sabe que estaria aqui? -- Pergunto para ganhar tempo, já que a resposta era bem óbvia.

Mahito -- Tenho minhas fontes, mas não é algo que lhe diz respeito -- Caminha até uma mesinha de trabalho a seu lado e alcança um martelo que estava sobre ela --  Você é uma mortal, não é, S/N ?

S/N -- De certa forma -- Dou um sorriso falhado -- Afinal, até vampiros morrem com uma estaca no coração -- Digo convicta.

Mahito -- Mas qualquer ser humano morre com uma estaca no coração -- Vira sua atenção para mim.

Vish, fiquei até sem argumento...
Espera...

S/N -- Mas você não.. -- Afinal ele era uma maldição.

Mahito -- Tem razão! -- Ele chega mais perto e toca uma mecha de meu cabelo -- Eu não morro tão facilmente.

Havia ficado paralisada com aquela ação, não sabia se corria ou dava um tapão na fuça dele.
Só havia uma escapatória.. chantagem!

S/N -- Eu  não acho que o Sukuna vá querer te ajudar se você fizer algo comigo. -- Estava tremendo, mas tentei soar o mais persuasiva possível.

Mahito -- Hum.. bem lembrado -- Ele se afasta até a mesinha novamente -- Mas ele não vai ter muita escolha sobre isso.

S/N -- Acha que consegue derrota-lo?

Mahito -- Não! -- Responde entristecido -- Mas você está colocando sua fé numa maldição de mil anos que mata por prazer.

Suas palavras soam como espinhas perfurando meu peito, eu realmente tinha esquecido desse pequeno detalhe. Mas.. mesmo que ele tenha sido um monstro no passado, não há motivos para não confiar nele agora.

S/N -- Eu confio nele... -- Digo para o homem.

Mahito -- Certo, e uma escolha sua ser burra -- Ele sorri de canto -- Mas vamos ver o que ele vai fazer quando conseguir recuperar todos os seus receptáculos. -- Seu olhar estava emanando um ódio que jamais senti antes.

Minha boca havia ficado seca, estava ficando sem tempo, precisava escapar dali.

Tudo bem....

S/N -- Então.. eu adorei nosso papo mas... Qualquer outra hora a gente conversa de novo sobre esse assunto... -- Dou um sorriso besta e antes que ele consiga agir eu saio correndo.

Sim..
Eu saio correndo...

Claro que o plano não seria esse, apenas precisa tira-lo de perto da cabana.

Consigo o ouvir bufando de desprezo atrás de mim. Sinto uma pancada e caio no chão batendo minha cabeça na grama molhada. O homem de cabelos cinzas delicadamente se senta em minha barriga me fazendo ficar sem fôlego.

Mahito -- To começando a pensar que talvez você tenha algum tipo de distúrbio -- Começa a rir da minha cara -- Achou mesmo que iria conseguir fugir?

S/N -- Eu não sei.. -- Digo com dificuldade -- Tinha que tentar pelo menos.

O homem bruscamente arranca a caixinha que estava em minha mão e a coloca numa bolsa que carregava em seu ombro.

Mahito -- E você acredita que ainda tem gente que não gosta de usar ecobags? -- Dou uma olhada em sua bolsa de tecido na qual estava escrito " Salve o mundo".

S/N -- Você já pegou o que queria.. -- Tento me debater para sair debaixo dele.

Mahito -- Sim, e você foi muito corajosa em! -- Da uma batidinha em minha cabeça como se eu fosse um cachorro -- E por isso eu não vou mata-lá.

Não? Mas ele acabou de dizer que eu tinha distúrbio..

Mahito -- Mas eu vou ter que te dar uma lição para que não fuja da próxima vez -- Ele toca delicadamente meu rosto e sou jogada a um sono profundo cheio de pesadelos...

.....

S/N!....
S/N!....
Acorda....

Sinto ser sacudida por uma voz feminina me chamando e  acordo ainda sem fôlego.

Nobara -- Aí, ainda bem que acordou -- Ela me abraça com força. -- Quem era aquele homem? O que ele queria?

Olho a meu redor e ainda estávamos na mata, já havia escurecido e nem sinal de que alguém tinha vindo nos procurar.

S/N -- É uma longa história -- Digo tentando me levantar -- Como você está?

Nobara -- Bem, de certa forma -- Ela me ajuda, mas minha pernas estavam formigando muito e caio de joelhos -- Calma, vem.. -- Ela me ajuda a chegar até a cabana e me senta numa cadeira velha.

Espera...
Tinha algo que precisava pegar no depósito.

S/N -- Preciso de um favor -- Ela me olha confusa -- Preciso que vá até o depósito e pegue um pano que deixei ao lado de uma pilha de ossos.

Ela não me faz nenhuma pergunta, apenas sai em direção ao lugar.
Começo a sentir o formigamento passando e uma dor alucinante toma conta de mim.

Que merda é essa...

Olho para minhas pernas que estavam ficando avermelhadas, as veias de minhas coxas estavam começando a inflar.
Caio no chão novamente, e começo a me contorcer.

Nobara ouve meu grito de desespero e corre até mim.

Nobara -- O que houve? -- Ela aproxima tocando minhas pernas -- Fique aqui, eu vou chamar ajuda.

Não consigo contraria-la, e ela sai novamente, mas volta rapidamente para me entregar o pano.

Nobara -- Eu não sei o que é, mas deve ser importante...

Sou deixada ali, não sabia o que poderia acontecer naquele momento. Mas tinha algo a fazer.

Logo que ela sai, desembrulho o pacotinho  e lá estava, um dos receptáculos de Sukuna.

Confesso que parecia menos nojento do que eu imagina, mas ainda era um dedo, um dedo podre...

Eca..
Meu estômago não vai gostar muito disso.

Havia o embrulhado com o celo de minha nuca para que Mahito não pudesse sentir sua energia. Não acreditava que ele havia caído nessa, mas não tinha tempo a perder, Nobara poderia voltar a qualquer hora.

Respiro fundo e o engulo de uma vez...

Desejos de uma Maldição (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora