Capítulo 12.

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Olá, meus amores.

Samuel estava caçando coelhos, estava tão distraído nessa atividade que não percebeu que estava sendo observado até que um lobo de pelo escuro e estranho pulasse sobre ele, a mordida do lobo se fincou em sua perna esquerda, mantendo-se firme ali, o lobo rosnava e o agitava como um cachorrinho faria com o seu brinquedo favorito.

Samuel pegou a faca em seu cinto, tentando esfaquear o animal enlouquecido, era difícil acertá-lo com todo aquele movimento e o lobo parecia pressentir o que ele queria fazer pois se afastava com rapidez da faca, sua perna sangrava tanto, o líquido vermelho vazando profusamente e caindo no chão, o garoto estava entrando em pânico, não tinha a mínima ideia do que fazer.

Ele gritou por ajuda quando não conseguiu escapar, o lobo agora afiava as garras em seu abdômen, machucando-o, causando uma dor entorpecida e quente. Samuel gemeu de agonia quando as garras afundaram pouco á pouco em sua pele e carne, sua blusa estava esfarrada, mal o protegendo, se mexeu nervoso, tentando afastar-se do lobo enorme e tão agressivo.

Samuel conseguiu finalmente fincar a faca no lobo, mas isso mal parecia tê-lo ferido, afinal o lobo o atacou com mais força. Os dentes foram para a sua garganta, Samuel se mexeu ansiosamente, sabia que essa mordida iria matá-lo dolorosamente, com um empurrão fraco jogou o lobo alguns centímetros longe, isso foi bom o suficiente para afastá-lo do animal selvagem, ele se arrastou para longe, sua perna esquerda estava dolorida demais, ele não conseguiria andar se tentasse, sua perna parecia estar na própria carne viva, puro sangue, ele mal quase olhar o ferimento feio sem sentir o seu estômago girando enlouquecidamente.

Samuel conhecia os próprios limites, sabia o quanto aguentava, sua perna latejava, ele quase vomitou ao ver o osso e a carne, a ferida era enorme, parecia que o lobo tinha arrancado um pedaço de sua carne, seu estômago latejou em uma agonia dolorosa e intensa.

Ele não tirava os olhos da criatura, com medo de desviar o olhar e ser atacado, não era Roger, o alfa tinha os olhos vermelhos-sangue, também não era Thomas ou Nikolai, muito menos Matheus pois sabia que o seu irmão estava trancado no porão.

Então quem era aquele?

O lobo atacou-o novamente, dessa vez com mais intensidade e raiva do que antes, tentando matá-lo de vez, Samuel gritava em puro desespero e terror, seus punhos magros acertando o lobo selvagem, tentando afastá-lo de si, se sentia cada vez mais fraco por causa da perda de sangue, seus socos enfraquecidos mal causavam dor ao animal, Samuel estava exausto, deveria parar de lutar agora e se render á inconsciência.

Samuel desmaiou depois de alguns minutos quando não aguentou mais as pontadas ardentes de dores percorrendo todo o seu corpo, a inconsciência era tolerável ao contrário da dor quente.

Samuel acordou gritando em sua cama, apavorado e olhando assustado ao seu redor, ele estava suado, o coração acelerado na sua caixa torácica, colocou a mão sobre o peito, sentindo o coração bombeando rápido, tentou recuperar o ar, tão agitado e exausto.

Ele tinha sido atacado!

Alguém o atacou!

Por que?

Por que alguém o atacaria tão repentinamente? Isso era algum pesadelo? Ele tentou se consolar com isso, mas sabia que não, sabia que provavelmente era real, por que ele tremeria ou choraria daquele jeito se fosse um fruto de sua mente? Não fazia sentido.

Samuel respirou fundo novamente, olhando as próprias mãos e focando nelas, não queria entrar em pânico, recuperou o ar depois de longos minutos. Se não era um sonho, então provavelmente era uma lembrança, uma lembrança realmente dolorosa.

Ok, Samuel estava cheio de perguntas e cheio de receio de fazê-las, porque metade delas incluía algo doloroso, e só de pensar nelas sentia uma sensação amarga no estômago. Por que ninguém lhe contou sobre o ataque? Eles estavam com medo de Samuel ficasse com medo deles? Era isso? Ou eles não queriam que Samuel soubesse pois algum deles era o culpado? Será que alguém da sua família poderia tê-lo ferido assim? Por que? Ele respirou profundamente, não queria entrar em pânico agora, precisava pensar claramente.

Samuel se levantou para sair andando, precisava urgentemente de ar fresco, ele parou ao ver a porta sendo aberta, seu corpo ficando tenso pela a rapidez com que a pessoa andava, só conseguia enxergar borrões estranhos e agitados, também via vermelho, sentiu o cheiro do perfume de Nikolai, isso o acalmou um pouco, era alguém familiar.

— Você está bem? Por que gritou? O que aconteceu? — Era apenas a presença calmante de Nikolai, o ruivo se aproximou, vendo o menor tremer e se encolher á sua frente, o cheiro de pânico perceptível no ar, o homem parou de andar, observando o garoto mais novo com certo nervosismo, o que Samuel tinha? O que estava acontecendo com o mais novo?

Samuel o encarou tremulamente antes de desviar os olhos para a parede atrás de Nikolai, ele suspirou, esfregando as palmas das mãos contra os seus olhos, sua mente se enchendo de medo ao pensar que o seu irmão de consideração poderia ter o atacado assim, o humano se sentou lentamente no chão, de repente se sentia tão fraco e vulnerável.

— Ai, merda — Nikolai xingou levemente, sem saber se devia se aproximar ou sair dali, Samuel deitou a cabeça sobre os joelhos, se encolhendo em sua frente.

Resolveu pelo o que parecia melhor e mais fácil naquele momento: chamar Lian, o coreano sempre sabia como acalmar o humano, o pálido saberia o que fazer. Nikolai saiu dali, indo ao quarto ao lado, para ver que o coreano já estava vestindo um roupão, Lian parecia estar preocupado, ele se aproximou á passos rápidos do ruivo, o que Nikolai estava fazendo ali?

— Acalme o seu parceiro, Lian — Nikolai pediu educadamente, ele sabia que o rapaz faria isso, Lian era alguém muito empático, tinha um passado muito doloroso, porém nunca tinha perdido a sua gentileza e empatia, isso era o que o tornava tão bom para Samuel, Lian sabia ser cuidadoso.

O coreano entrou no quarto, tentando ajeitar os seus cabelos desarrumados, ele olhou para o menor no chão, Samuel respirava agitado e parecia estar nervoso,  Lian sentia o cheiro de lágrimas e de tristeza, de dor e raiva, muita, intensa e completa raiva.

Lian se aproximou lentamente, ajoelhando-se ao lado de seu companheiro, seus braços rodearam o corpo menor, tentando lhe passar ternura e segurança pelo o contato físico leve. Samuel relaxou contra o seu corpo, soluçando fraquinho, isso quebrava o coração de Lian, o fazia se sentir horrível, porque ele tinha falhado em proteger o seu parceiro, ele simplesmente falhou nisso e se culpava constantemente pelo o silêncio e dor do menor, era a sua culpa, como parceiro ele era um fracasso.

Viu os gestos que Samuel fazia, sabia a pergunta, a reconhecia nua e crua diante de si, em sua totalidade dolorosa e triste, mas não queria respondê-la, seu silêncio serviu de resposta ao menor pois ele soluçou mais alto, seus dedos apertando o roupão de Lian.

Lian até queria ir para o quarto do menor mais cedo, porém ele se enrolar nos lençóis e cobertas da sua cama, tinha passado cinco minutos tentando achar uma cueca e roupão decentes para poder finalmente ir ao encontro de seu companheiro. E ali estava ele, segurando Samuel em seus braços, tentando mantê-lo aquecido, firme e protegido, tentando acalmá-lo um pouco.

Lian desejava manter Samuel para sempre assim, protegido e seguro, em seus braços.

Com suavidade o apertou em seu abraço, suspirando feliz por ter Samuel ali, percebeu depois de alguns minutos que o menor tinha dormido. O que tinha feito Samuel chorar daquele jeito? O menor quase nunca chorava, raramente o via em um estado tão desesperado e solitário.

Lian estava realmente preocupado.

Cuidadosamente o pegou nos braços, depositando-o delicadamente na cama macia, ele tentou se afastar, mas a mão macia de Samuel segurou o seu pulso, como se pedisse para Lian ficar ali. O coreano sorriu fracamente, se ajoelhando e se ajeitando confortavelmente no chão, ainda segurando a mão do seu futuro parceiro.

Lian não deitaria na cama com Samuel, não sabia se o menor gostaria disso...





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Até o próximo capítulo, meus amores.

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