Capítulo 8.

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Olá, meus amores.

Matheus observava com curiosidade a sua mãe, a mulher era bondosa com ele e meio cruel com o seu irmão, o menino nunca entendeu o porquê. Talvez fosse porque Samuel estava sempre doente? Bem, não era culpa dele, o seu irmão se esforçava para demonstrar estar bem.

E devia ser culpa da sua mãe.

Ela colocava plantas estranhas na comida de seu irmão, Matheus não sabia o que eram, mas algumas das folhas que ele via eram roxas ou verdes escuras, pareciam ser venenosas pelo o cheiro ruim que saia delas, sua mãe dizia que aquilo ajudaria Samuel á melhorar, mas sinceramente ele não acreditava naquela conversa, afinal após as refeições o seu irmão parecia estar fraco e muito sonolento.

Em uma noite Matheus acordou, ouvindo gritos na cama ao lado, os gritos desesperados pararam, porém ele ouviu o barulho de algo caindo no chão, um gemido sendo seguido do barulho desconfortável causado pela a queda.

Samuel estava convulsionando no chão, um líquido branco em seus lábios, Matheus se aproximou desesperado, o que ele devia fazer? Ele tentou não entrar em pânico, mas seu irmão estava convulsionando de novo e isso lhe deixava muito agitado.

Olhou para Samuel com medo, ele colocou a cabeça do mais novo no seu colo, tentando se manter calmo e firme, onde estava a sua mãe? Viu os olhos antes azuis brilhantes de seu irmão mudando para uma cor entre azul pálido, uma cor que já não parecia ser a cor normal animalesca ou vazia, Matheus entrou em pânico, isso não parecia ser um bom sinal realmente!

Matheus estava com medo do que iria acontecer, Samuel tentou vomitar, mas não conseguia e agora mal estava conseguindo respirar direito, seu rosto estava ficando muito roxo enquanto tentava respirar.

— Sam? — Matheus o chamou em uma voz baixa e preocupada, cheio de pavor, ele não queria ficar sem o seu irmão gêmeo, nunca esteve sozinho realmente.

Samuel parou de tremer e ficou pálido por alguns minutos.

Matheus tentou erguê-lo, conseguindo se pôr de pé com cansaço, seus pulmões chiando de dor. Ele ajudou o seu irmão á andar até a cama, Matheus o colocou deitado ali, Samuel o encarou trêmulo e com muito frio.

— Sam, está tudo bem, vai ficar tudo bem — Matheus prometeu, não ficou tudo bem.

Samuel assentiu fracamente, sem muita confiança nessa promessa, se sentia péssimo, seu estômago doendo sem parar.

— Acho que ela me odeia — Samuel murmurou fraquinho, sua garganta muito dolorida por conta dos gritos e do vômito.

Matheus não soube o que responder, ele tentou parar de tremer, será que sua mãe odiava o seu irmão? Isso era possível?

Matheus respirou fundo, ajudando o seu irmão á se acomodar direito na cama, o encobriu com as mantas quentes, afofou o travesseiro dele, Samuel parecia estar um pouco melhor.

Matheus andou pela a casa, procurava por sua mãe, eram sete cômodos de tamanho médio, ele franziu a testa ao perceber que estava sozinho, onde sua mãe estava? Como encontraria o remédio de seu irmão estando sozinho?

Eles estavam sozinhos em casa, onde ela estava? Ele a chamou em uma voz alta e meia ansiosa, tentando encontrá-la no quarto, Matheus ouviu gritos raivosos vindo lá de fora.

— Como os meninos estão? — Uma voz masculina perguntou, Matheus engoliu em seco, seu coração acelerando no peito, quem era esse? Será que esse homem queria machucar a sua mãe e seu irmão?

— Desde quando você se importa, Roger? — A voz de sua mãe respondeu, o nome dela era Diana, era uma mulher muito sincera e fria, Matheus estremeceu, quem era Roger? Por que ele estava ali?

— Você sabe que eu tenho o direito de saber, Diana, eles são os meus filhos — Roger argumentou pacientemente, Matheus franziu a testa, quem era os filhos de Roger?

— Pensasse nisso antes de me abandonar grávida — Diana respondeu em uma voz muito irritada agora, Matheus estava tentando descobrir se Roger estava falando dele e de Samuel? Ele os conhecia? — Você me deixou...

— Eu não fiz isso porque queria — Roger suspirou cansado, queria ter a chance de explicar as coisas, a situação também não fora fácil para ele — Você sabe como são as coisas para a minha espécie, eu não quero ferí-los, Diana, essa não é minha intenção, eu...

— Isso é só uma desculpa sua para nos abandonar — Diana rosnou irritada, cruzando os braços e mantendo uma expressão feroz e assustadora — Por que está se importando agora? Qual é o seu motivo para ter vindo aqui, hein?

Roger apenas suspirou cansado.

— Você está envenenando os meus filhos, Diana? — Roger questionou, Matheus ainda não compreendia do que eles estavam falando.

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.

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Matheus acordou em sua cama, ele respirou fundo antes de sentar ali, era uma lembrança confusa e um pouco dolorosa.

Seu irmão gêmeo provavelmente não se lembrava de ter sido envenenado durante seis anos por sua mãe, tinha a possibilidade de Samuel nem se lembrar dela, como seria se de repente Samuel se lembrasse de Diana? Ele iria chorar ou procurá-la? Esperava que não, Samuel estava bem agora, sua saúde era mais forte, melhor do que antes.

Era por causa do envenenamento que Matheus se sentia tão terrivelmente culpado, talvez ele pudesse ter impedido, feito algo para impedí-la de ferir o seu irmão, porém ele não conseguiu, ele carregava uma grande culpa por isso.

Matheus se ajeitou, olhando a noite estrelada lá fora, bonita e muito calmante, tentou contar as estrelas, isso o acalmou e o distraiu um pouco, seus pensamentos logo se voltaram ao  seu passado.

Seu irmão tinha esquecido algumas coisas de sua infância, Matheus não sabia se isso era um bloqueio para se proteger das lembranças assustadoras ou algo assim, só sabia que Samuel não lembrava de jeito nenhum.

Ele acha que nossa mãe morreu quando nascemos, ele acha que fomos criados por Roger, Thomas e  Nikolai, Matheus pensou, se ajeitando e tentando relaxar, era melhor que Samuel continuasse á pensar assim.

Era normal esquecer as coisas por causa de traumas, não é? Isso era um mecanismo de proteção, pelo menos era o que Matheus achava, era como se a própria mente tivesse criado um bloqueio ao redor da lembrança dolorosa...

Matheus respirou profundamente, enquanto Samuel estivesse feliz sem se lembrar seria melhor, era com isso que Matheus se importava.

Depois de meia hora Matheus voltou á dormir, agora estava tranquilo e calmo, seu último pensamento antes de cair no sono era que ele estava realmente contente por ter aquela família estranha e tão acolhedora, aquele lugar era o seu lar!



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O que acharam do capítulo?

Até o próximo capítulo, meus amores.

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