f i f t y t w o

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No capítulo anterior...

"— Fui afastado da empresa por tempo indeterminado e meu pai perdeu qualquer poder de tomar decisão."

Agora...

— O quê?! — questionei e, muito provavelmente, Jay tenha sentido meu corpo tremer, porque se afastou para me olhar imediatamente.

— Não se preocupe, nós vamos dar um jeito. A empresa não pode intervir no seu tratamento porque sou eu que estou pagando... — antes que ele pudesse continuar, o interrompi.

— Você acha mesmo que a minha preocupação agora sou eu? Jay a empresa da sua família está em risco!

— Eu sei! Mas, no momento, eu preciso garantir que você fique bem.

Deixei que meu tronco voltasse a repousar contra o travesseiro e suspirei, notando Jay se sentar. Passou as mãos por seus cabelos negros e suspirou pesadamente.

— Se algo acontecer com você, eu não vou me perdoar, então teremos de fazer algo...  — começou calmo e com a voz baixa. — Você termina o tempo que precisa ficar no hospital e vai para sua cidade, passar um tempo com Dan, lá vai ser melhor para você.

— Eu tenho algo a ver? O que foi? — questionei perdida e ele negou.

— Não é nada com você, é a empresa Li... É muita coisa para lidar.

— E o que tem Jay?! Somos casados! Por isso quero te apoiar e te ajudar quando precisar.

— Mas nesse momento, você vai me apoiar muito mais se fizer o que estou pedindo! — exclamou alto enquanto se levantava e eu me calei. — Li... — chamou arrependido quando percebeu e eu suspirei.

— Sem problemas. Eu vou amanhã. — afirmei e ele se aproximou rápido.

— Amanhã é muito cedo, o médico nem ao menos te deu alta! — alertou enquanto pegava em minha mão e eu concordei com a cabeça.

— Mas Dan também é médica, então isso é apenas uma transferência. — afirmei e estiquei o braço para pegar meu celular na mesinha de cabeceira. — Não se preocupe com despesas médicas, vou pedir para ser tratada em casa.

— Li, não fala as... — começou, mas parou ao ver que eu já esperava Dan atender a ligação.

"— Oi Dan. Precisamos conversar... Posso passar uns dias na sua casa? Só até eu encontrar alguma renda?
— Claro, Li! Mas o que aconteceu?
— Te conto quando chegar aí. Vou tentar pegar o ônibus da rodoviária amanhã de m..."

Não tive tempo de terminar, Jay pegou o celular de minha mão e encerrou a ligação enquanto me olhava com raiva.

— Amanhã não dá! Por acaso você consegue ficar de pé? — exclamou nervoso e eu estendi a mão, pedindo pelo celular.

— Consigo!

— Para de ser imatura!

— Você me mandou ir! — exclamei de volta e senti o puxão no local da cirurgia.

Rapidamente levei a mão ao local e pressionei os olhos por conta da dor. Jay correu até mim e, enquanto tentava me tocar, o afastei.

— Sai. — disse firme e abaixei a cabeça.

Jay obedeceu. Parou a uns três passos de mim e ficou ali, sem reação. Eu, por outro lado, nem sequer o olhei quando ele saiu em um impulso. Com o tempo, aquela dor cessou e se transformou num mínimo incômodo e, já tarde da noite, quando não conseguia dormir, fiquei deitada, de costas para a porta, olhando o céu noturno que me presenteava com sua beleza através da janela.

Passos me fizeram ficar alerta, mas não me movi... Percebi ser Jay quando estava perto o suficiente para reconhecer seu perfume marcante. Fechei os olhos na intenção de fazê-lo acreditar que eu estava dormindo e, por sorte, funcionou.

— Me desculpa te afastar quando você precisa de mim. — sussurrou depois de se deitar comigo. — se ficar, vai ser pior para você, e, se te machucarem, eu não vou conseguir resolver nada. Me perdoa. — pediu acariciando meu cabelo e eu me virei para ele. — Eu te acordei?

— Eu nem dormi. — dei de ombros e ele suspirou me puxando para ele.

— Desculpa não poder te explicar muita coisa agora, é que eu também não sei direito o que está acontecendo e nem o que vai acontecer. — continuou sussurrando.

— Então por que eu tenho que ir? 

— Porque eu não quero que essa crise te afete.

— O que é uma crise para quem nunca teve certeza se teria para onde ir no fim do dia, Jay? — questionei e o senti me apertar contra ele.

— Eu sei, me desculpa.

— Eu não te culpo porque sei que você ainda não entendeu a situação, mas, se eu for, vai ser difícil voltar. — alertei e ele se afastou rápido e me olhou.

— Por quê? Lá deveria ser seguro.

— Nunca foi. — dei de ombros. — além de que, colocar os pés naquela cidade novamente, automaticamente me obriga encontrar um emprego para me sustentar... Não vou ficar dependendo da Dan, ela já tem muito para lidar.

— Eu posso mandar dinheiro, isso não é problema, Li. — respondeu rápido e eu neguei.

— Sabe o quanto eu detesto estar aqui, dependendo que as pessoas fiquem comigo, me ajudem a caminhar, tomar banho, pentear o cabelo... Estar longe, dependendo da ajuda de Dan e do dinheiro dela, só vai piorar tudo. — exclamei e ele suspirou.

— Li... — o interrompi.

— Jay, eu não posso me dar o luxo de viver como você quer que eu viva. Não quero depender do seu dinheiro, do seus cuidados.... Nada.

— A partir do momento que eu te entreguei meu coração, tudo o que é meu se tornou seu. — sua voz saiu simples, mas carregada de certeza e meu corpo reagiu àquilo com um arrepio... Mas não aqueles arrepios que até dão frio na barriga, foi um arrepio triste.

— Desculpa. — sussurrei e me virei para dormir.

Passei a noite acordada e, não tenho certeza, mas acho que Jay também. No dia seguinte, o doutor veio cedo, com o pedido para novos exames. Claro, aceitei fazer todos porque Jay já havia confirmado que eu faria, por mim, naquele momento eu estaria voltando para minha cidade. Fiz a mesma bateria de exames de ontem, por Jay ser tão influente, felizmente os resultados chegariam em duas horas e eu poderia ser liberada conforme fosse o resultado.

— Quando os resultados chegarem e pudermos ir para casa, eu vou... — Jay começou, mas eu o interrompi.

— Vai me deixar na rodoviária, por favor. — pedi e ele me olhou triste.

Contract :: Jay ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora